sábado, 30 de maio de 2009

Uma aula que ainda não acabou

«Se não servir para mais nada, serve para isto: o caso BPN tem sido uma longa aula prática de Sociologia de Portugal, para quem andasse distraído. A lição fundamental é esta: a desigualdade, em Portugal, não acaba nos rendimentos. Nunca acaba, aliás. Ela começa pelos rendimentos mas depois alastra para o resto, do debate público à forma de tratamento. Aí é que está a fruta mais doce: a da ‘consideração’. Quem dela prova adquire poderes sobre-humanos». Não percam o resto do artigo de Rui Tavares.

A desigualdade de rendimentos transforma o dinheiro na base do reconhecimento. Os custos sociais são enormes. A insolência que o dinheiro ganha quando está concentrado está, entre outras coisas, na base da corrupção, concebida de forma ampla. Isto é uma consequência da expansão das forças de mercado. Esta expansão requer uma aturada engenharia política. A mistura da economia com a política não é uma perversão evitável, mas sim a essência de qualquer transformação institucional. A questão é saber quais as formas que esta mistura assume. A prática neoliberal de transformação institucional tende a gerar misturas perversas com impactos negativos nos valores prevalecentes. O resto é história. Em Portugal, esta é a história, ainda por fazer, da economia política e moral do cavaquismo. A história do abissal crescimento das desigualdades, fruto dos mesmos arranjos que geraram todos os Dias Loureiros desta vida. Uma história que nenhum governo subsequente tentou reverter.

4 comentários:

croky disse...

"A desigualdade de rendimentos transforma o dinheiro na base do reconhecimento."

Gostava de falar antes do conhecimento em vez do reconhecimento.

Sendo o conhecimento a base de igualdade de rendimentos. Para que precisaríamos de dinheiro ?

Se existir igualdade de rendimentos só precisamos de distribuir recursos. O dinheiro torna-se obsoleto ou só, e meramente, num meio de troca.

Luís disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís disse...

Temos q reconhcer neste Rodrigues um tipo bem intencionado; está bem. Afirmações como a supra-citada até parece que a sua grande inspiração são os Manuscritos Económico-Filosóficos de Marx e não uma mescla qualquer de teoria moderna, teoria antiga, e ideologia.

Eu q gostaria de citar agora um estruturo-marxista q foi em tempos Prado Coelho, diria que a verdade está na prática; e por isso a lição que se dane, vamos mas é fazer a revolução. Cavacoo sofre, cavaco está em agonia, Cavaco está moralmente debilitado. E os reflexos?

É patente; a base de acumulação em Portugal está-se a estreitar. A via estreita para o desenvolvimento vai ser substituída por outra coisa chamada a via estreita para manter a legitimidade do regime; Sócrates, Loureiro, Cavaco vão no mesmo barco. Q n passe despercebida a declaração do homem PS do Açores q quer tornar obrigatório o voto em Portugal. Eles sabem q a via se estreita; a coação vai subir de nível. E não só nos rendimentos, mas tb no fisco, nas liberdades de expressão. Um Estado q amedronta quer-se formar para gerir hoje a acumulação - Sócrates é o seu timoneiro - mas os recursos vão faltar, ai se vão faltar! Para o resto da camarilha q está alienada da cadeira do poder viu neste capitalismo financeiro uma via para o enriquecimento, pq era fácil, era só arranjar funding, uns contactos, umas negociatas coisa e tal; uma população em crescimento nas áreas sub-urbanas, muitos fogos para construir, e depois as vias motorizados, até eles próprios os motores.. racers, do IC-19, da Via Norte, da Vasco da Gama; da 25 de Abril: LUSOPONTE: uma empresa q só tem dívida comprada à CGD e sustenta meia dúzia de administradores; a super-estrutura à portuguesa.

Mas as desigualdades, esse Gini, essa curva de Lorenz, esse cabeçudo do Farinha Rodrigues, que podemos nós dizer? É a estrutura, é a política, são as instituições. É o modelo. É o endividamento. É o acesso ao crédito por um lado, ao RSI por outro. Um derrame. A cúpula garantiu o seu pecúlio; certa classe média conseguirá saltar a barreira o mesmo, se conseguir aumentar a velocidade de amortização da dívida do imobiliário.. quanto ao resto; a retoma é sempre senhora de si. E por isso, noutro dia o Min. Pinho jantava descansada e calmamente num tasco de Campo de Ourique; ALL-garve diria ele para a loira, alta, inglesa. Aqui tb é ALL-garve. West Coast - não temos ouro, mas temos um Nöbel da Literatura, e outro que é um eterno candidato e acho eu, inda o vai ganhar (Lobo Antunes).

Tamos à espera de quê? Q nos confisquem os bens? Embora para terreiro; conquistar o espaço, venham homens e mulheres; e vão ser precisos muitos braços; afinal a tecnologia laser inda tá toda na Alemanha! Sprechen Sie Deutsch? Möchten Sie kaufen? Wir frabrieren alles! Und Sie? Praia e mar; apenas praia e mar. Havia até aqui um lugar em Palmela... como é q foi aquilo? Uma noite; e as máquinas tinham desaparecido! Ficou o sol. e o mar.
Acima de tudo o Português sabe viver bem; vamos agora é ver se a carga fiscal não vem aí para foder tudo! Com este Sócrates é de esperar tudo. E do Costa a mesma coisa!

Miguel Fabiana disse...

Bom Dia!

Confesso que agora é que vou perceber qual a ambição, audácia e capacidade de intervenção política REAL de quem protesta e critica a "má política".
Este caso do BPN tem pano para mangas e um alcance REAL do tamanho da ... da disponibilidade da Esquerda activa para MOSTRAR que é capaz de ser diferente, não só pelas palavras mas também pelos actos!

Suspeito que temos entre mãos um "Boliqueimegate" !... quem é que tem unhas para tocar esta viola?!?

Será que ainda vamos ouvir os "políticos" dizerem que é apenas um acaso jornalístico ou um caso de polícia?!? ... quem é que tem unhas para dedilhar este cavaquinho?!?

Quem?

MF