quinta-feira, 21 de maio de 2009
Um copo de água não se recusa a ninguém
Um copo de água, diz-se em Portugal, não se recusa a ninguém. E de facto nem nos cafés e restaurantes se vende água a copo. No entanto, dar um copo de água envolve um custo: o trabalho de encher o copo e o custo da própria água. Tudo isto é negligenciável num só copo de água, mas ao fim de um mês podem ser muitos copos de água.
Curiosamente, mesmo assim, os copos de água continuam a não ser vendidos. No lugar do comércio o que recentemente surgiu foi uma nova instituição: o jarro e os copos no canto do balcão de que todos nos podemos servir livremente sem recorrer ao trabalho de mais ninguém. Uma nova instituição concilia valores conflituais: permite poupar pelo menos o trabalho de servir os copos de água e salvaguarda o acesso livre à água.
A que decisão teriam chegado os donos de cafés e restaurantes se tivessem recorrido à análise custo-benefício para resolver o problema?
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19 comentários:
Acho que se isso tivesse acontecido, poderiamos ter nas tascas um mercado para azulejos decorativos com um zé povinho a dizer, com um manguito:
"Queres água? Toma!"
ou
"Tens sede?
Vai lamber a rua quando chover"
e outras manifestações de racionalidade económica do género.
Qual Problema ?
Caros amigos.,
Devemos é começar a pagar aos Clientes, cada copo de água que estes bebam do jarro no canto do balcão.
Senão vejamos :
-Existe movimento na loja
-não pagamos imposto pela transação de dar ( por enquanto )
-Pomos a conversa em dia sobre o Futebol por falta de informação na "TV,Rádio,Jornais e afins ".
Valha - nos o ..... " Shaolin "
"A que decisão teriam chegado os donos de cafés e restaurantes se tivessem recorrido à análise custo-benefício para resolver o problema"Porquê, acha que eles não fizeram essa análise, ainda que informalmente, para terem tomado a decisão de oferecer a água?
Acho simplesmente que podem ter aceitado a norma e procurado respeita-la com o menor custo para eles. Mas também podem ter feito uma análise custo-benefício...
Mas será que não há regras cuja aceitação não depende de uma análise custo benefício? Ou será que só não fazemos certas coisas e fazemos outras porque temos medo das consequencias de o fazer ou deixar de fazer?
Um caso
Frequentava um café que optou por essa prática, o caricato da questão é que vêm trazer a bica à mesa mas se pedir um copo de água tenho que me levantar ir ao balcão e servir-me, que lógica é que isto tem?
resultado, deixei de frequentar o referido café.
Será que o proprietário fez a referida análise? creio que não.
Creio que a análise custo benefício existe sempre. A questão para mim é que nessa análise incluímos factores que normalmente (que eu saiba) ficam de fora do que normalmente se considera o estrito ambito de aplicação da economia.
Isto assumindo que aquilo a que não se pode atribuir um preço, não existe, para efeitos de uma análise económica de custo benefício.
O sentimento de culpa é um custo, não é? Mas quanto vale?
Mas a análise custo-benefício pressupõe a redução de todos os valores à mesma escala... Normalmente, mas não necessáriamente, dinheiro.
E além disso não é consebivel fazer o que se deve por outra razão que não seja poupar em "sentimento de culpa"?
minha nossa!...é por estas e por outras do género que deixei de beber água com a bica: Macieira 4EVER !!!
Como é que sabemos, intuitivamente, que dar água a quem tem sede é o "que se deve"?
Porque sentimos certas emoções, positivas ou negativas, associadas à escolha da conduta que tomamos.
O que está certo, pode estar certo "fora de nós" mas se, por exemplo tivermos tido um acidente que nos lesou a parte do cérebro responsável pela empatia, estamo-nos a borrifar para a sede dos outros. Podem ir morrer perto ou longe, tanto faz.
Calma L. Rodrigues, é melhor não ir tão longe. A mensagem que se deve levar para casa é simples: há factores que influenciam uma decisão que não se podem quantificar. Num sentido estrito, nenhuma análise custo-benefício poderá resolver este problema. Mas as ciências oferecem técnicas que nos permitem aproximar mais das decisões correctas. Agora, acho que não devemos perder em tentar isolar aquilo que nos permite ou não tomar determinadas decisões. Se é empatia, sentimento de culpa, simpatia, altruísmo, educação ou outra coisa qualquer não está ao alcance de nenhum cientista dizer. Compete-lhe apenas reconhecer a complexidade quando a vê e não adoptar as simplificações a que os economistas clássicos nos habituaram.
Resumindo, as ferramentas que nos permitem atribuir valor a determinados factores que influenciam a decisão não são as mesmas da análise custo-benefício. Desse modo, o modelo aditivo que é o isolar as alavancas de decisão e quantificá-las não é o caminho.
Qual custo benefício qual carapuça.
Sentimento de culpa ( uma fava).,
Têm que se dar àgua , senão perde-se a clientela.
E há ? que o fazer com o menor trabalho possivel.
Querem agua ? sirvam-se e não chateiem. ( filosofia a PORTUGA )
Caro Ze Miguel.
Na verdade sintetizaria os meus comentários na sua sintese.
Usei o sentimento de culpa apenas como um exemplo.
Discordo um pouco que seja perdermos-nos tentar perceber o que nos faz tomar decisões. Não caberá à economia, talvez (embora haja importantes contributos na economia comportamental para a desmistificação do "Homo economicus").
Há um desconforto da esquerda com a psicologia evolutiva que tenho dificuldade em aceitar.
"Têm que se dar àgua , senão perde-se a clientela. "
Que clientela é que o dono do café está a perder quando dá um copo de água a um miudo esfarrapado, que nem sequer pediu por favor?
Que clientela é que o dono do café está a perder ?
Nenhum.
A agua sempre lá esteve disponivel. Para esfarrapados ou não , Para bem educados ou não.
Mas vão-se servir.
Da mesma forma como deixo servir dos "WC" .
É o serviço púlico dos "Cafés", dar de beber e aliviar aflitos, mas vão-se ..., servir.
...por falar nisso: já bebia qualquer coisa? alguém é servido?
Atenção: As discotecas "avariam" as torneiras de água nas casas de banho para os clientes terem que comprar garrafas de água a 3 e 4 Euros. Quanto às casas de banho, a lei obriga os cafés a permitirem acesso a quem precisa, independenetemente de consumirem ou não. Por isso é que acabou aquela cena da casa de banho "avariada" que há uns anos começava a generalizar-se.Quanto ao copo de água, parece-me o resultado da interacção entre a cultura da caridade cristã (inscrita nos clientes e nos donos do café)e a necessidade de manter o cliente. Estão a ver?- "Obrigaram-me a pagar um copo de água??? Nunca mais lá ponho os pés!"
Na Grécia nem é necessário pedir eles trazem logo um jarro com água. Se não me trazem a água à mesa vou a outro lado. ou servem tudo ou não servem nada. Se querem cobrar cobrem. É curioso que a ASAE ainda não tenha acabado com essa história dos jarros mal lavados o dia todo no balcão.
A questão dos "Jarros e depósitos" de água a meu ver levanta problemas maiores que os muito acima referidos "custo vá benefício". Estamos perante uma questão higio-sanitária, os "Jarros e depósitos" estão acessíveis a qualquer pessoal, pelo que qualquer um pode colocar dentro do "Jarro/depósito" o que bem lhe apetecer, na sua maioria apresentar-se sujos no seu interior com deposição de partículas que irão desenvolver uma diversidade microbiológica.
Os "tabuleiros" onde encontramos os copos por norma tem valores e uma falta de higiene elevada.
A questão dos "Jarros e depósitos" de água a meu ver levanta problemas maiores que os muito acima referidos "custo vá benefício". Estamos perante uma questão higio-sanitária, os "Jarros e depósitos" estão acessíveis a qualquer pessoal, pelo que qualquer um pode colocar dentro do "Jarro/depósito" o que bem lhe apetecer, na sua maioria apresentar-se sujos no seu interior com deposição de partículas que irão desenvolver uma diversidade microbiológica.
Os "tabuleiros" onde encontramos os copos por norma tem valores e uma falta de higiene elevada.
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