Sobre a economia política da greve Daniel Oliveira diz o essencial: «As empresas têm formas de pressionar os governos quando qualquer política prejudica os seus legítimos interesses. Usam o seu poder económico e político, imensamente superior ao do comum dos cidadãos. Os trabalhadores, que mais não têm que o poder do seu voto, têm, para reforçar o seu poder negocial junto do empregador ou para defender os seus não menos legítimos interesses junto do poder político, um outro instrumento: a greve. Legal em muitos países europeus há mais de um século, é a forma institucionalizada dos trabalhadores fazerem sentir ao poder político e ao poder económico o seu próprio poder: o de não produzirem».
A Greve Geral é uma das formas de acção colectiva que pode sinalizar a capacidade de uma parte das classes trabalhadoras de intervir como sujeito político organizado, exprimindo a necessidade socioeconómica, política e moral de se reverter a orientação das políticas públicas que afectam o conjunto do país. A Greve Geral é um instrumento de luta política, ou seja, de intervenção nas questões que fazem a comunidade. E pode, se bem sucedida, ajudar a alterar correlações de forças e assim contribuir para instituir novas regras do jogo que bloqueiem certas liberdades dos grupos que controlam os activos da economia e assim aumentem as liberdades dos que para viver não podem deixar de se levantar todas os dias da semana à mesma hora de sempre.
terça-feira, 29 de maio de 2007
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3 comentários:
O que me dá alguma dúvida é o facto de estas greves em Portugal serem quase sempre inconsequentes.
Ou seja, não se vê claramente um plano organizado de luta por parte da CGTP. O plano conhecido é cumprir o diazinho de greve e pronto.
A meu ver, partir para uma greve geral é iniciar um braço de ferro com o governo. Tem que haver um plano, uma quadro muito claro de exigências e propostas de negociação. O governo não vai aparecer amanhã às 20h nas tvs a recuar, sejamos realistas.
Os sindicatos têm que saber o que querem em termos muito específicos, fazer exigências,e saber que têm que estar preparados para manter a pressão até ser necessário.
Nesta altura já deveríamos conhecer pelo menos a data da próxima reunião da CGTP e dos restantes organizadores para discutir os passos seguintes e contra-reagir ao que o governo disser amanhã.
Sem isso, não me parece que alguma vez se obtenham resultados.
Penso que a Helena Romão tem razão no que diz, mas penso também que o tempo da greve geral já foi ultrapassado; deveria ter sido há mais tempo.
Mas também penso, que uma greve geral não se convoca por solidariedade. Aqui, nitidamente, pelo menos para mim, a luta é da Função Pública.
Carvaljo da Silva, se calhar já deveria ter cedido o passo a outros.
O discurso, pelo menos das empresas privadas, já se actualizou. O dos sindicatos ainda está na fase do 25 de Abril, e embora as lutas possam ser as mesmas, já se não compadecem com o mesmo discurso.
Cada vez há menos trabalhadores sindicalizados, o que é uma pena e uma perda significativa do poder dos sindicatos.
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