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Desde há muito que há quem insista em não confundir rigor analítico com simplificação insustentável da realidade. Neil Fligstein é um dos nomes de referência da sociologia económica contemporânea, de onde têm vindo importantes contributos nesse sentido. Nos seus trabalhos, este professor de Berkeley parte da permissa de que, sendo o funcionamento das economias caracterizado pela incerteza, o objectivo de quem conduz as empresas é o de, antes de mais, procurar controlar essa incerteza. Nesse sentido, cada empresa (ou quem as dirige) estabelece padrões de relações com vários dos actores económicos que a rodeiam - clientes, fornecedores, concorrentes, poderes públicos, entre outros - num processo negocial e eminentemente político, o qual molda os termos em que as transacções económicas têm lugar (incluindo a influência das dinâmicas de oferta e de procura sobre as decisões económicas relevantes) e que, como a generalidades das instituições, tende a persistir no tempo não obstante a sua potencial ineficiência em cada momento.
O que nos surge é já não um mundo matemático e plano, mas a noção de 'mercado' enquanto campo de relações sociais complexas, cuja evolução e resultados dependem (pelo menos) tanto das redes sociais, das regras que se foram construindo ao longo do tempo e do poder relativo dos vários agentes para transformar essas regras e utilizá-las a seu favor, quanto das dinâmicas de 'oferta' e de 'procura' reificadas nos manuais de economia.
Neil Fligstein dará hoje um seminário no ISEG, às 18h00, sobre a «Sociologia dos Mercados».
1 comentário:
Gostei do que li, parabens
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