Um dos muitos legados tóxicos de Marcelo Rebelo de Sousa para a cultura política nacional é esta mania de haver uma chusma de comentadores armada em avaliadora de duelos políticos na televisão: debates políticos curtos, comentários ideológicos longos. O enviesamento para a direita é natural nestes preparos, bem como a misoginia, já agora. Foi o “professor Marcelo” que começou a dar notas no fim da história, ali pelos anos 1990, na TSF. Graças a um espaço de comentário semanal, “o Marcelo” foi vendido pela televisão à Presidência da República.
Não podia ser de outra forma, dadas as relações de propriedade subjacentes aos aparelhos ideológicos televisivos. Afinal de contas, hoje, a Chega News Network (CNN) é controlada por um “escroque”, para seguir a legal fórmula de Ana Gomes, e a Sociedade Indigente de Comunicação (SICN) é controlada por um Balsemão, que encarna o capitalismo de herdeiros sem qualquer mérito. Estes imitaram o grupo Cofina (CMTV-Sábado), desta feita na promoção descarada do novo rosto luso do fascismo.
Em canal aberto, a situação é ainda pior: mamonistas, como Paulo Portas e Marques Mendes, fazem política de direita durante horas, com total ausência de pluralismo ideológico. Imitam “o Marcelo” na sua convicção de que na televisão para milhões vigora uma versão da chamada Lei de Say, inaplicável ao resto da economia: a oferta política cria aí a sua própria procura política, através do condicionamento ideológico. Podem ter razão, em parte.
O resto da crónica pode ser lida no Setenta e Quatro.
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