Acho absolutamente incompreensível esta atitude antidemocrática do Climáximo. Como ecossocialista, sei bem que os partidos não são todos iguais. Repito o que escrevi na última crónica do setenta e quatro:
Quem tem a generosidade (e a paciência) de ler as crónicas que tenho publicado no Setenta e Quatro, já saberá pelo menos duas coisas sobre mim: que só escrevo sobre clima e energia nas suas múltiplas declinações e que sou de esquerda – ecossocialista, para ser mais precisa. Revejo-me, portanto, numa síntese radical resultante do cruzamento dos princípios fundamentais da ecologia e da crítica marxista da economia política. Rejeito o capitalismo fóssil – o motor da crise climática – e o capitalismo verde – a ofensiva que visa a reconversão e reprodução deste sistema no contexto da crise climática. Defendo uma transição sistémica ancorada no planeamento democrático ecológico à escala nacional e na coordenação internacional.
Não hesito, por isso, em declarar que quem anseia por uma ação climática célere e socialmente justa só pode votar à esquerda. Deste modo, nas vésperas das eleições legislativas de 10 de março, devemos não só desmascarar e combater o negacionismo climático das iniciativas liberais até dizer chega, como também denunciar e rejeitar o neoliberalismo verde do centrão, assente em falsas soluções de mercado e em ilusões tecnológicas: da fiscalidade verde ao comércio de licenças de emissão de dióxido de carbono, da mineração de lítio à produção de hidrogénio verde. De caminho, é crucial identificar os partidos e os programas eleitorais que, no quadro das suas propostas ambientais, expõem a farsa do capitalismo verde, condenam a mercadorização da natureza, pugnam pelo reforço dos serviços públicos e lutam pelo pleno emprego – condições imprescindíveis para que o fardo da inevitável transição energética não recaia desproporcionalmente sobre a classe trabalhadora.
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