sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Limites e restos

No dia de uma grande acção de massas do movimento ecologista, recupero uma sugestiva formulação de George Monbiot: “Não é inteiramente verdade que por detrás de uma grande fortuna esteja um grande crime (…) mas parece ser universalmente verdadeiro que à frente de uma grande fortuna está um grande crime”. Isto é assim, dado que “a riqueza imensa se traduz automaticamente em impactos ambientais imensos, independentemente das intenções dos seus possuidores”.

A evidência empírica de que “os mais ricos estão a cometer ecocídio” acumula-se tão ou mais rapidamente do que a concentração de riqueza. Monbiot faz um bom trabalho a sistematizá-la. Realmente, não é possível começar a resolver a questão ambiental sem limitar o rendimento e a riqueza que é possível acumular: do consumo conspícuo ao bloqueio de soluções cooperativas. Quando pensamos em limites, pensamos pelo menos para lá do capitalismo neoliberal.

A questão social e a questão ambiental estão profundamente articuladas, como também nos indica o Papa Francisco. Os neoliberais sabem que cada vez mais verão as coisas por este prisma e daí o seu ódio de morte aos mensageiros da catástrofe ambiental iminente. A crónica vil de João Miguel Tavares sobre Greta Thumberg é só um exemplo do estado a que chegou o neoliberalismo realmente existente. Um jornal que publica coisas destas pode ser tudo menos referência para o que quer que seja de civilizado. No Público é aliás assim: Manuel Carvalho diz matem e João Miguel Tavares diz esfolem os aprendizes de Lenine. Não resta mais nada aos autointitulados liberais.

13 comentários:

Geringonço disse...

Pois é, o Papa Francisco, o CEO da multinacional mais genocida de todos os tempos, a ICAR.

ICAR, a organização que arranjou a desculpa para o "empreendedorismo" evangelizador esclavagista em África, Américas, etc.

ICAR, a da Santa Inquisição.

ICAR, a perseguidora de minorias.

ICAR, organização que fomenta ignorância nos povos mais empobrecidos ao combater os métodos contraceptivos.

ICAR, um antro de pedófilos.

ICAR, a organização da caridadezinha que não resolve os problemas dos pobres (nem sequer é essa a intenção).

ICAR, detentora de um império imobiliário (criado com ajuda de Mussolini) que não para de crescer.

https://expresso.pt/internacional/vaticano-comprou-em-segredo-predios-de-luxo-em-londres=f781455


Francisco diz umas coisas acertadas mas se fosse coerente nunca teria aderido à ICAR...

Manuel disse...

Acompanho os seus textos com prazer e não imaginei que também ia cair nesta farsa.
O registo geológico da Terra conta uma história impossível de apagar.
O CO2 é essencial à vida.
Não há relação entre o co2 e a temperatura.
O Sol, que regula o clima na Terra está a entrar em um mínimo de actividade solar, um dos seus ciclos, logo o Planeta está a arrefecer e vai arrefecer nas proximas décadas.

Toda a propaganda (green) acerca do aquecimento tresanda a Imperialismo, a Capitalismo.

Quando as premissas de uma teoria estão erradas, toda a teoria está mal.
Não é aquecimento, é arrefecimento.

Começa a tornar-se difícil separar a ciência da política.

Jaime Santos disse...

Até parece pelo seu discurso, João Rodrigues, que Greta Thumberg tem alguma coisa que ver com Lenine. Sucede que para atingir um objectivo não conta só este mas também os meios. Ora, de Lenine e de Trotsky cabe lembrar que não se coibiram de recorrer ao terror em larga escala.

A URSS foi tudo menos a imagem de uma transição pacífica para uma sociedade de socialismo cooperativo, era antes a imagem no espelho de um capitalismo do qual só copiava o que este tinha de pior, o monopólio...

Enquanto andar a cantar loas a Ulyanov e à URSS, onde o socialismo real exauriu a terra, não vale a pena tentar convencer-nos da bondade das suas teses, porque a máscara cai sempre. Por detrás está o mesmo socialismo estatista e autoritário de sempre. E desse não resta, felizmente, mesmo nada...

Ah, e chamar liberal a João Miguel Tavares é um insulto aos valores liberais, já agora. Basta ver o que ele propõe para a Justiça para se perceber isso... Mas dá jeito, não dá?

Jose disse...

Eis uma tentativa bastante tosca vinda da área que não pára de defender:
rendimento/ consumo/ crescimento/ rendimento…

Ecologia e consumo de massas é que são incompatibilidades.
Para que os políticos democráticos pudessem limitar o consumo se se apropriassem das fortunas acumuladas, haveriam de deixar de sê-lo, nos termos em que se entende a democracia.

Sendo assim, deixem-se de ser tímidos e começam por anunciar as benesses que as 'democracias avançadas' trariam para a economia com as suas dachas ecologicamente planeadas.

Anónimo disse...

Um muito excelente comentário

As coisas estão indissoluvelmente ligadas, as questões sociais com as ambientais.

Em ambos os casos é um ódio de morte o que a tralha neoliberal traz no bojo, perante quem denuncia as catástrofes sociais e as ambientais

Para além de tudo o mais, sobram estas patéticas, medíocres, vis e abjectas expressões da tralha neoliberal. Que seja por intermédio de um jornal como “ o publico” diz muito do que é este jornal e diz outro tanto do que é a tralha neoliberal

JE disse...

Na sua pressa de anticomunista primário , jaime santos apressa-se a fazer a fita do costume

Começando assim todo mimoso:
"Até parece pelo seu discurso, João Rodrigues, que Greta Thumberg tem alguma coisa que ver com Lenine"

O coitado nem sequer se apercebeu que quem começou este discurso comparativo foi o liberal do "Publico", o Manuel Carvalho, assim deste jeitinho trauliteiro. Dizia este no seu "jornal":

"A sua ( de Greta Thunberg ) pose e a sua insolência não ficam muito longe do estilo de qualquer aprendiz de Lenine do século passado."

Se lesse a aprendesse mais, jaime santos poupava-nos a nós o ter que ler pela enésima vez os seus repetitivos e cansativos discursos de opereta e poupava-se a si próprio estas figuras de urso a raiar a cabotinice

JE disse...

Depois temos o terror em larga escala

Refere-se ao terror que a primeira grande guerra despoletou, guerra essa em que as ambições imperialistas se confrontaram com o tal saldo pavoroso de mortos?

Os amanhãs que cantam que jaime santos trauteia, repousam nos liberais que o mesmo JS canta?

"Andrew Jackson era o presidente do Estados Unidos no momento em que Tocqueville fez a viagem que levou à publicação da "Democracia na América". É verdade que este presidente liquida em grande parte a discriminação censitária dos direitos políticos. Mas, paralelamente, encontramo-nos com um proprietário de escravos que, igualmente, ordena a deportação dos Peles Vermelhas (os cherokees). Foram homens, mulheres, velhos, crianças: um quarto morreu durante a viagem. Deveríamos considerar que Jackson é um democrata? Os autores da Declaração da Independência e da Constituição de 1787 são igualmente proprietários de escravos, logo, durante 32 dos primeiros 36 anos de existência dos Estados Unidos, a função de presidente é ocupada por proprietários de escravos, muitas vezes implicados na expropriação e deportação dos Peles Vermelhas".

JE disse...

Podemos seguir mais o percurso dos liberais ?

"Em geral, afastam-se estas questões através do recurso a um historicismo vulgar: as sociedades liberais teriam herdado práticas e relações sociais universalmente difundidas. Mas os fatos são inteiramente diferentes. Tocqueville publica o primeiro livro da "Democracia na América" em 1835. Nesta data, a escravidão havia desaparecido em grande parte do continente. Na esteira da Revolução Francesa, a revolução dos escravos negros em São Domingos dá o impulso do processo de emancipação. Depois a revolução da América Latina explode a dominação espanhola: ela também se conclui com a abolição da escravatura. A revolução dos colonos ingleses que conduziu à fundação dos Estados Unidos é a única do continente americano a manter e mesmo reforçar e estender a instituição da escravatura: depois de ter arrancado o Texas ao México, a república norte-americana ali reintroduz a escravatura anteriormente abolida. Mais uma vez coloca-se a questão: os Estados Unidos daquela época eram uma democracia?

Linchamento em 1919 nos EUA. É mais adequado falar de Herrenvolk democracy, ou seja, de democracia que vale somente para o "povo dos senhores". Quando este regime acabou nos Estados Unidos? Com o fim da Guerra de Secessão e a abolição da escravatura que se seguiu? Na realidade, um dos capítulos mais trágicos da história dos afro-americanos foi escrito entre o fim do século XIX e princípios do século XX. O linchamento era um horrível espetáculo de massa. Quero citar aqui um historiador americano:

"As notícias de linchamento eram publicadas nas folhas locais e vagões suplementares eram acrescentados aos comboios para [transportar] os espectadores, por vez milhares, vindos de localidades situadas a quilômetros de distância. Para assistir ao linchamento, as crianças das escolas podiam ter um dia de liberdade. O espetáculo podia incluir a castração, o esfolamento, a assadura, o enforcamento, os tiros. As recordações para os compradores podiam incluir os dedos das mãos e dos pés, os ossos e mesmo os órgãos genitais da vitimas, assim como cartões postais ilustrados do acontecimento".

Outro historiador americano (George M. Fredrickson) observa que "os esforços para manter a "pureza da raça" no Sul dos Estados Unidos antecipam certos aspectos da perseguição lançada pelo regime nazi contra os judeus nos anos 1930". Nos Estados Unidos, o Estado racial sobreviverá algum tempo após o afundamento do Terceiro Reich: em 1952, uma trintena de estados da União ainda proibiam o casamento e as relações sexuais inter-raciais, por vezes consideradas como delitos graves."

JE disse...

"Eis uma tentativa bastante tosca"...
...começa assim um "comentário" de jose

Perfeita definição dessa sua tentativa de comentário


"Ecologia e consumo de massas é que são incompatibilidades."

Pois claro. O consumo das elites já não é incompatível. A pegada ecológica desastrosa dos porno-ricos já é compatível

Por isso a histeria de jose ao defender os proventos pornográficos dos CEO aí num texto ao lado

JE disse...

Jose mostra-se tímido

Mostra-se duplamente tímido:
Sempre que fala em "democracia" devemos olhá-lo de lado. Este foi o sujeito que defendeu ( e defende) salazar e o seu regime. Mais a metralha de Barrientos sobre mulheres,grávidas e crianças porque, segundo ele, era um despautério a afronta ao fascismo na Bolívia

E timidamente jose sacode o assunto para o lado, falando "nos termos em que se entende a democracia"


Mas jose mostra-se tímido com outra coisa. Com a sua, agora oculta, admiração e concordância com a concentração do capital.

Quando a Oxfam descobriu que apenas 80 indivíduos possuíam tanta riqueza quanto a metade da população mais pobre da terra, ou seja, 3,6 mil milhões da população mundial, jose tentou justificar ( e defender) a "coisa"

Timidamente o consumo destes 80 é remetido para debaixo da dacha do jose, com piscina, árvores de fruto e cavalgadura acoplada( note-se que é esta a descrição do "quintal" de jose, feita pelo próprio)

JE disse...

Vale a pena recordar, a propósito da acumulação da riqueza e da democracia, um parágrafo de um texto de Richard Smith:

When, in the midst of the Great Depression, that great “People’s Lawyer” Supreme Court Justice Louis Brandeis said, “We can either have democracy in this country or we can have great wealth concentrated in the hands of a few, but we can’t have both,” he was more right than he knew. We have to recognize that genuine democracy requires a society that approximates socio-economic equality. Today we have by far the greatest concentration of wealth in history. Not just the 1 percent. Worldwide, Oxfam found that just 80 individuals own as much wealth as the bottom half, 3.6 billion, of the world’s population. So it’s hardly surprising that today we have the weakest and most corrupt democracies since the Gilded Age.


Por isso jose timidamente tem o seu perdão atribuído aos corruptores. No seu dizer imemorial, "se há corruptores é porque há corruptos, e pelo que sei são os corruptos que promovem a corrupção e não o contrário."

"Esquece-se" sempre dos porno-ricos. Tanto do ecocídio destes, como no seu papel na grande corrupção

Lowlander disse...

Manuel (ou sera JRodrigues?), presta bem atencao: larga o vinho

Gonçalo disse...

Tanta ignorânciancia num texto tão pequeno.

A Santa Inquisição era um tribunal que funcionou centos de anos, em Portugal e possessões ultramarinas matou menos de 2000 pessoas em Espanha e nas suas colonias 3000 pessoas. Num único ano da revolução da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e dos "Direitos humanos" morreram muitos mais milhares de católicos.

Foi a Igreja que protegeu os indígenas vá à América Espanhola e Portuguesa e verá milhares de índios e mestiços. No Canadá e EUA de colonização protestante não encontra ninguem com vestígios de sangue indio.

Os métodos contraceptivos não são mais que o controlo populacional, ou seja genocídio, dos "povos empobrecidos".

Foi o Mussolini quando assinou o Tratado de Latrão com a Santa Sé que oficializou a maior roubo de património na história bimilenar da Igreja.Antes o a Papa era soberano dos Estados Pontifícios a seguir à assinatura do Tratado a soberania temporal do Papa e portanto da Igreja ficou reduzida a um microestado chamado Vaticano.