sexta-feira, 8 de junho de 2018

O "Tudo" que não vale nada

Em declarações recentes, o presidente do PSD, em visita a uma feira, acusou o Governo de ser responsável pelo baixo crescimento económico em Portugal.

Rui Rio disse que Portugal apenas está a crescer por arrasto da Europa, porque não fez as reformas necessárias, e por isso quando a Europa abranda, Portugal abranda e cresce menos que o conjunto da Europa. Disse assim:
"O que está a acontecer, vai continuar a acontecer. Não tenho dúvida nenhuma. Porquê? Porque no momento certo em que deveríamos ter feito as reformas e os ajustamentos necessários, não fizémos nada. Ao não fazer nada, é evidente que vamos crescer menos que a União Europeia e a UE a crescer menos, Portugal crescerá ainda menos que a UE. Mas isso nós temos avisado há muito tempo, não é?"
Ora, tudo isto é um conjunto de ideias vazias.

Primeira, é verdade que Portugal cresce por arrasto, mas tem sido assim há décadas e sê-lo-á desde que "decidimos" - ninguém votou isso - acertar o passo pelos mecanismos monetários europeus. A partir daí, o nosso "coração" começou a bater ao ritmo do "coração" europeu e, por isso, o nosso esforço de convergência abrandou.  Também foi assim de 2013 a 2015, com a direita no poder.   

Segundo, nessa altura - e ainda agora no Parlamento, em qualquer discussão sobre o passado - o PSD vangloria-se que esse crescimento verificado desde 2013 se deveu - não ao arrasto - mas às alterações na legislação laboral de 2012, que, aliás, ainda estão em vigor. E que vão continuar em vigor graças ao recente acordo de concertação social que o PS - mais uma vez - mostrou não querer pôr em causa. E aliás resta analisar - lá teremos de voltar ao tema mais tarde - se não prejudicou ainda mais a situação. Tudo para agradar - à la Tsipras - a UE.  

Terceiro, se essas "reformas" ainda estão em vigor e se a economia cresce menos que a UE então é porque têm um efeito quase nulo no crescimento económico. E isso desde que foram aprovadas. Ou então há aquele argumento espertalhão que é dizer: "Se não tivessem sido feitas, estaríamos ainda pior...."

Quarto, se assim é, é porque as reformas introduzidas pelo PSD/CDS não foram as devidas ou as que Portugal precisava para crescer mais do que a UE. E foram feitas à custa de muito sacrifício - desta vez não das empresas, dos empresários - mas de quem lá trabalha. Um sacrifício inútil. Ou melhor: útil na medida em que ajudam as empresas a desendividar-se. Mas não parece muito justo que sejam sempre os mesmos a pagar a factura de algo de que não foram responsáveis.  

Quinto, Rui Rio continua sem dizer que reformas eram - na realidade - as devidas e necessárias,  essas que o PS não fez e que o PSD faria. Aliás, como todo o PSD, deputados inclusivé, desde que o PS conseguiu o apoio dos partidos à esquerda, nunca souberam dizer ao que vêm. Criticam a austeridade, mas querem mais austeridade. Criticam a ausência de reformas, mas nunca dizem quais são. E não há um jornalista que lhe pergunte o que defende...

O PSD é presentemente um grande vazio e aquela que deveria ter sido a tábua de salvação - a legislação laboral - afinal redundou em nada. Mas, não se enganem, isso ainda vai justiticar novos apertos laborais, porque estes... não resultaram!
   

16 comentários:

Mário Reis disse...

Ouvi as declarações e pensei cá para mim: mas o que é que o homem disse?
Vazio mesmo.

Paulo Marques disse...

Vira o disco, toda o mesmo, corta-se nos salários, pensões e facilita-se o despedimento. Ah, e uma descidazinha da TSU e do IRC, acompanhada de uma justíssima ajuda à natalidade a quem não a nota.

É isso, Rio? Ah, claro que não, ainda faltam umas privatizações para os amigos terem onde comer bem e uns estudos de qualquer coisinha para manter a trupe de militantes advogados bem alimentados, coitadinhos. Bem, e por aí fora, o programa de governo escreve-se sozinho.

Anónimo disse...

Esta esquerda "economicamente letrada" não tem vergonha!

Agora queres ver que o crescimento de Portugal "bate" em função do Euro?

Até poderíamos não pertencer à UE! É óbvio que o crescimento económico de um país depende sempre da envolvente geográfica e do contexto económico internacional!

A esquerda não tem vergonha!
A esquerda é revisionista!
A esquerda é falaciosa!
E por isso, li apenas o primeiro ponto, dada a patente falta de honestidade intelectual.

Jose disse...

1 - «o nosso "coração" começou a bater ao ritmo do "coração" europeu» uma verdade muito verdadeira: o coração resolveu adoptar o modelo de bem-estar da Europa; entretanto o braço e a cabeça resolveram aproximar-se do modelo sibarita.
2 e 3- O populismo sempre leva a que se evoque a legislação laboral – essa bandeira maior da política dos coitadinhos; sempre ignoram a acção de toda a treta esquerdalha contra o capital e a propriedade, numa constante ameaça de saque com que consolam a sua sanha rapace.
4 – O mantra da irresponsabilidade é a mais evidente prova de irresponsabilidade. Clamam serem dirigentes, proclamam dezenas de lutas vencedoras e no final tudo que acontece não lhes diz respeito!
5 – E só esperam que lhes falem em promover investimento para desatarem aos gritos de que estão a favorecer o grande capital, os monopólios, os oligopólios, o capital financeiro, o Totta …

Quando só têm por legítima a acumulação de capital na mão do Estado e o querem sempre deficitário por distribuir mais do que recebe, só merecem que tudo corra mal.
Quando sempre invectivam a acumulação de capital na mão de privados, só merecem que o capital emigre.
Quando mais do que um projecto para o país só desenvolvem projectos de competição entre capelas de uma mesma Igreja, não merecem que os respeitem.

Anónimo disse...

Ó joão pimentel ferreira, nós sabemos que não dá para mais. Por isso só leu o primeiro ponto.

Como de resto já o comprovou bastas vezes. O não dar para mais repete-se nas palavras de ordem de comicieiro um pouco destrambelhado. E confirma-se na sua incapacidade de ler mais do que umas linhas de forma continuada.

Já sabíamos pimentel vitor cunha ferreira, já sabíamos. Não era preciso tal estendal em cassete pimba

Anónimo disse...

Creio que o anónimo de 8 de junho de 2018 às 14:11 não quer levantar as palas, ou então está só a gozar…

Leia com calma que é mais fácil de compreender.

S.T. disse...

Que cromo!

Mas também o que é que o homem há-de dizer? Que as "reformas" que gostaria de fazer prejudicariam a larga maioria dos portugueses? Não pode! LOL

Mas há que reconhecer o esforço de construir um discurso vazio de significado mas bonito de ouvir. Um berdadeiro artista!
S.T.

Anónimo disse...

Umas aulas ( quaisquer que sejam, mas isto aprendia-se na primária) para o tipo que fala no coração, no braço e na cabeça.

Tanto disparate ignorante só para esconder uma verdade irrefutável: o falhanço da governação dos seus rapazes de turno.

E ainda por cima em tom de missa beata...

Paulo Marques disse...

Crescimento? Que crescimento? Ainda mal voltamos a 2007 e as infraestruturas continuam a cair de podres.
Pérolas a porcos avençados.

Anónimo disse...

Como?

"O populismo sempre leva a que se evoque a legislação laboral – essa bandeira maior da política dos coitadinhos; sempre ignoram a acção de toda a treta esquerdalha contra o capital e a propriedade, numa constante ameaça de saque com que consolam a sua sanha rapace"

Mais outro que não leu o texto ou que finge que não percebeu o que lá se diz. Ou quem sabe, leu e não entendeu.

Mas não nos livrámos do seu choradinho em torno do "populismo", da "bandeira maior", da "politica dos coitadinhos", da "treta", da "esquerdalha", do "contra", da "sanha", do rapace". E da lágrima fácil pelo "capital e pela propriedade", considerando os offshores como fazendo parte desta, claro.
E tudo isto envolto naquele estilo oratório a lembrar os discursos lúcidos e claros do outro

Só faltam aqui mesmo as "mamas" com que adorna, dia sim dia não, esses seus comentários, à cata de aprovação do João

Anónimo disse...

Há todavia mais.

A frase do João: "Mas não parece muito justo que sejam sempre os mesmos a pagar a factura de algo de que não foram responsáveis", leva a que o mesmo sujeito invente o seguinte:
"O mantra da irresponsabilidade é a mais evidente prova de irresponsabilidade, blá-blá-blá.

Talvez seja a altura de explicar ao sujeito em causa, que "não ser responsável por", não quer dizer o mesmo que "ser irresponsável"

BOOOOMMM...lá se foi o mantra do mantra da irresponsabilidade mais o blá-blá-blá associado

S.T. disse...

Não sei se já repararam mas à medida que todos os argumentos do complexo aónio-pimentel-cunhal-cunha vão sendo rebatidos o homem repete-os até à exaustão mas cada vez de forma menos elaborada.

Temo que se continuarmos a contrariá-lo passe só à frase slogan e daí ao grunhido politico.
S.T.

Anónimo disse...

Sem o querer, há aí um em cima que revela o verdadeiro programa daquele génio de nome passos coelho:

" favorecer o grande capital, os monopólios, os oligopólios, o capital financeiro, o Totta … "


Percebe-se que faltam aí alguns bancos mais...E outros que tais

Talvez para a próxima apareçam mais uns quantos a completar o ramalhete

Anónimo disse...

"Quando só têm por legítima"?
A legítima, legitima Merkel?
Uma espécie de sonho húmido?

"a acumulação de capital... "
Antes a acumulação era sempre bem vinda por parte deste. Nos bolsos certos e citando ipsis verbis "o grande capital, os monopólios, os oligopólios, o capital financeiro, o Totta …"

"...do estado e o querem sempre deficitário por distribuir mais do que recebe"
A grande incógnita é porque este melro defende os paraísos fiscais, vulgo offshores ou bordéis tributários. E fá-lo duma forma tão entusiasta que chega a aplaudir com ambas as mãos um secretário de estado nomeado para bem olear o tráfego do capital, em surdina e em segredo.
Quanto à dita distribuição...dizem os números que cada vez se acumula mais nos de cima em prejuízo de todos os outros que estão em baixo. E quando os números são assim, que fazer que não seja fazer estes números de pantomina e afirmar que não há mais para os demais?

"Quando sempre invectivam a acumulação de capital na mão de privados"
Isso é uma outra espécie de missa dos coitadinhos. Como podem invectivar? Invectivar,vejam bem...Em vez de os medalhar em cerimónia pública no Dia de Portugal, ao som de um bom fadinho do género "lá vamos cantando e rindo" e com um discurso luzidio e cheio de brio de alguém a elogiar os terratenentes e os que sabem "gerir contactos"

"Quando mais do que um projecto para o país só desenvolvem projectos de competição entre capelas de uma mesma Igreja"
Há algo de verdadeiramente estranho nesta frase elíptica, mas ao mesmo tempo profundamente religiosa. Capelas e igreja em termos de projectos? E a competição, antes tão elogiada pelo empreendedores ao estilo do batedor de punho dos tempos de Passos?
Mistérios estes de quem dá o dito pelo não dito. Ou isto não passa de zanga entre comadres, perdão igrejas?

Anónimo disse...

"só merecem que tudo corra mal."
"só merecem que o capital emigre."
"não merecem que os respeitem."

Confirma-se. Trata-se duma cerimónia qualquer, religiosa e mística, terminando num esconjuro.

Enfim, um Torquemada em rodagem

Anónimo disse...

O que o PSD quer não são reformas quer contra reformas. Não está contente com a situação actual de estagnação economica , quer ainda pior que isso .