terça-feira, 12 de junho de 2018

"A Juventude não está com..."

Não resisti a apresentar algumas linhas de um discurso que Mário Soares, então com 21 anos, jovem comunista, fez numa sessão pública do Movimento de Unidade Democrática, na sala da colectidade Voz do Operário, a 30 de Novembro de 1946.

Uma sessão que se realizou, poucos dias depois de uma conferência da União Nacional, partido único do regime fascista, em que diversos oradores suscitaram a questão de que o regime estava a perder a juventude. "Onde está a juventude adolescente que não a encontro nos quadros da União Nacional?" Ou: "Estamos a perder gerações, por falta de orientações e organização que amanhã nos farão falta e perder a Universidade é perder o futuro". 

Pegando neste facto, Soares desenvolveu o tema A Juventude não está com o Estado Novo Dizia então Mário Soares:

"Em primeiro lugar, um reparo. A Juventude não é a Universidade. Poderíamos até dizer que, com a selecção material a que se procede, a Universidade é muito pouco expressiva da Juventude portuguesa. As propinas quintuplicaram, o que quer dizer que aos filhos das classes médias e sobretudo aos filhos das mais vastas camadas da população portuguesa está vedado o acesso ao ensino superior. Os estudantes universitários, na sua maioria, são os favorecidos da fortuna - jovens que têm uma situação de privilégio em relação aos outros jovens. Na Conferência da União Nacional teme-se perder a Universidade: que dizer então dos outros sectores da Juventude?

Para ter uma ideia exacta das precárias condições de vida da juventude portuguesa é necessário integrarmo-nos em toda a política económica do Governo (...) e saber do nível de vida do nosso povo em geral. Mas a situação no que respeita à Juventude agrava-se: dado que a mão-de-obra juvenil, como aliás a feminina, é utilizada a baixos preços - como forma de concorrência e de novas explorações. A fórmula a trabalho igual, salário igual não tem sentido entre nós. Os sindicatos e as casas do povo não reconhecem aos jovens com menos de 18 anos direito de admissão - não beneficiam, portanto das caixas sindicais ou de previdência. Contratos colectivos estabelecem salários mínimos a partir de 4 escudos. Nestas condições - e conhecido o índice de analfabetismo do nosso país - como pode a Juventude trabalhadora estar com o Estado Novo?

Nenhum dos seus problemas centrais foi resolvido ou equacionado. Decorrente do baixo nível de vida está a falta de preparação técnica e cultural, a inexistência de orientação profissional segundo as capacidades e não segundo o dinheiro, a impossibilidade de fundação dum lar. Não há possibilidade de protecção à família, sem mistificações, enquanto aos jovens não for dado fundarem o seu próprio lar. Não há possibilidade duma educação cívica séria - de arrancar os jovens à taberna e ao vício - enquanto a instrução não for obrigatória e facilitada para todos, enquanto existir um divórcio entre a escola e a vida, e o ensino não for concretizado e ligado ao moderno desenvolvimento técnico.

(...). É este o triste quadro em que se move a grande maioria da nossa Juventude.

21 comentários:

Jose disse...

Pelo menos, nesse tempo, para quem tivesse instrução, não faltava emprego e sem uma caterva de direitos e garantias havia a certeza de que se podia viver decentemente do trabalho.
E a economia não crescia poucochinho...

Anónimo disse...

Ah, esse elogio sentido, entusiasta , de cúmplice e conivente com o regime do estado novo. Um elogio tao sentido que se esquece agora dos seus berros em prol da Alemanha e dos fundos europeus

Um elogio tao saudoso que esconde a guerra colonial em que os fdp mandavam matar e morrer

Um elogio tao lacrimoso que se esquece a miséria de Portugal e as condições de vida dos portugueses.

E em que o capital e os gordos e néscios grandes capitalistas singravam à custa da protecção das bestas da pide e da proteção do estado fascista

Grandes tempos esses para os vampiros que chupavam o sangue à manada

E com os crimes da ordem praticados pelos chulos do regime e pelos canalhas que o sustentavam

Anónimo disse...

Não é verdade. Conheço cá um licenciado meu familiar que nunca teve casa, automóvel, contavam os tostões para tudo.

Mais... o congelamento na progressão da sua carreira pública demorou vinte anos... isto é, só abriram concursos para subir de escalão profissional já ia nos 60 anos, nos anos 80, aliás. Escusado dizer que nunca chegou ao topo da carreira, e esteve menos de 5 anos num 2º escalão, antes de se reformar. Enfim...

Outra conversa fiada é a do crescimento económico... confundem os 10% de crescimento económico com o crescimento do pib per capita, que é o que mede o real crescimento.

Numa economia de take-off, mudança de sistema primário para secundário, quem mete uma fábrica é claro que aumenta a produção. Se partir do 0, ao fim do ano tem 10. O problema é que a economia inicial é muito reduzida.

vejamos alguns exemplos:
- Em 1965 Portugal cresceu na taxa real do Pib a 9,4% a que correspondeu ao crescimento do pib per capita de 422 milhões; por comparação, Portugal cresceu "apenas" 3,5% em 1996 a que correspondeu ao crescimento do pib/pc de 423 milhões.
- Portugal com uma taxa de crescimento real anual do Pib de 5,8% nos anos 1960 correspondeu a um crescimento anual de 273 milhões do pib/pc. Nos anos 1970, com taxa negativa em 1975 e média anual de 4,9%, correspondeu praticamente a taxa de crescimento do pib/pc da década anterior (269 milhões/ano).
- Nos anos 1980, a crescer anualmente em média a 3,6%, Portugal teve o maior aumento do pib/per capita entre 1960-1980 - 353 milhões.
- Nos anos 1990, a crescer a 3%, Portugal aumentou em média o pib/pc em 376 milhões/ano. O maior crescimento da riqueza comparando 1960-2000.

Concluindo:
- O ano do século XX em que Portugal mais cresceu no pib/pc foi em 1990, aumento brutal de mais de 930 milhões de euros - bastante mais do que se combinarmos os anos de 1961-1964 ou ligeiramente inferior ao crescimento real do pib/pc entre 1966-1969.
- Portugal cresceu em mais de 400 milhões de euros no total no quadriénio 1977-1980 do que entre 1965-68. E no mesmo período em mais de 700 milhões do que entre 1961-1964.
- Os quadriénios em que Portugal mais cresceu no pib/pc entre 1960-2000 foram entre 1989-1992 e 1997-2000.
-Compare-se que Portugal desde que entrou na CEE\UE até ao final do século (14 anos) sempre teve um crescimento anual acima dos 400 milhões de euros do pib/pc excepto entre 1993 e 1995. (11 em 14 anos) Neste século, Portugal NUNCA atingiu essa cifra. Melhor estatística não existe.
- Compare-se ainda que nos últimos 14 anos do Estado Novo, Portugal só ultrapassou esse mesmo nível de crescimento anual do pib/pc em 4 ocasiões. 4 em 14 anos.
- Em suma, a taxa de crescimento real do pib sob Salazar nos anos 1960 teve como consequência um crescimento do pib/pc bastante reduzido, só por 1 vez ultrapassando a fasquia dos 300 milhões entre 1963 e 1969 e só por duas vezes na década entre 1961 e 1969. Por comparação, em 2007 Portugal cresceu quase 385 milhões, em 2010 308 milhões, em 2015 364 milhões. Tudo pib/pc a preços constantes.
- É assim que se formam os mitos: crescer a 10% não quer dizer absolutamente nada se a riqueza por cabeça é muito poucochinha.



Jose disse...

Quando o Cuco dá em economista a coisa fica preta!
Por falar em coisa preta, este tarolo nunca deve ter cantado o Hino Nacional ou não sabe o que lá diz e a que propósito se diz.

Talvez venha a lançar um - nem sei bem o nome, mas abaixo-assinado serve - em que se exija a cada deputado que cantem o Hino à capela na tomada de posse; fico à espera que a esquerdalhada renuncie ao cargo, se é que não teríamos como nova e patética fracturante um Hino de Flagelação Nacional.

Jose disse...

Esqueci de me solidarizar com o dramático facto de « o congelamento na progressão da sua carreira pública demorou vinte anos».
Pois então não o deixaram saltar para o lugar do chefe nem acompanharam o envelhecimento numa mesma função com o aumento do seu nível de vida? Dramático.
E nem me admirava que uma tão execrável ditadura o tenha impedido de se 'fazer à vida'.

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,

Deixe-me mais uma vez dar apontamentos da intervenção de Bento de Jesus Caraça nessa mesma sessão, sobre “aspectos do problema cultural português”:

• A extinção em 1937 das escolas oficiais infantis tornou “um privilégio de classe só acessível àqueles que podem arcar com as respectivas despesas”; o encerramento de 1936 a 1942 das escolas normais encarregues da formação de professores; tudo isso fez que Portugal fosse “o país da Europa com o mais baixo esquema de instrução pública”. “Por toda a parte, o ensino para todos, começando aos 6 ou 7 anos vai até aos 13 ou 14 e nalguns países mais adiante, ainda para além desta idade” – era o caso da Suiça, Rússia (15 anos), inglaterra (estava a introduzir-se até aos 16 anos), Rússia (a ser introduzido até aos 18 anos).

• A taxa de analfabetismo era de 52,5%. Mas, dizia Caraça: “A situação é muito mais grave, se pensarmos em que bom número daquelas que a estatística nos diz que sabem ler, são pessoas cujo grau rudimentar de instrução” e “não oferecem garantias de não serem ou virem a ser analfabetos”.

• Entre os portugueses com mais de 7 anos, apenas 19,5% tinham instrução primária. Pior: dos 4,5 milhões com mais de 20 anos, apenas 14% tinham esse tipo de educação, “o que nos leva a uma taxa de iletrados reais para a casa dos 86%”. E já nessa altura se falava que esse mal vinha do passado, mas que Salazar pouco tinha feito em 20 anos...

• As despesas com educação representavam 9,3% das despesas totais do Estado em 1926 – “percentagem baixa, vergonhasamente baixa” – passando para 8% “antes da guerra e, passado ela, se ficou na casa dos 7%”. Veja-se o que se passa hoje em dia...

• O censo de 1940 mostrava que apenas 2,2% da população com mais de 7 anos possuía ou frequentava o sensino secundário. E o sistema de bolsas de estudo era exíguo, revelando “o medo de poder vir a dar-se o caso de os filhos do povo irromperem em massa entre os senhores doutores”.

Estamos conversados sobre o carácter benigno do regime e dos empregos que se conseguiam, com este nível de educação... e, portanto, de salário.

Jose disse...

Caro João,
Um regime que durou 48 anos (1926-1974), que herdou um país miserável e na miséria, que desde 1929 e por uma década conheceu a Grande Depressão Americana, a que se seguiram seis anos de uma Grande Guerra (1939-1945) precedidos de uma guerra civil em Espanha (1936-1939); a Espanha, aqui ao lado, devastada, só em 1954 ultrapassou o rendimento per capita que tinha em 1935; recuso-me a definir esse regime em algumas das suas políticas por um largo período, do qual a recente troika dá uma pálida, caricatural ideia.
No caso do ensino, conheço a frase do Salazar em que diz algo como – para a maioria dos portugueses saber ler, escrever e contar bastará. Mas conheço bem mais que isso para saber que não era por menosprezar o ensino que merece censura. E digo mais, se a maioria dos portugueses de hoje, bem soubessem ler-escrever-contar, não seríamos um país tão pobre quanto somos.

Anónimo disse...

Era o que mais faltava termos um salazarento personagem a vir impingir a sua ideologia travestida em coro afinado a trautear o hino nacional
Com este choramingo hipocrita , rastejante e falso sobre a pesada herança herdada pelo fascismo

Anónimo disse...

Continua um tal José a ter sonhos com um tal cuco

As generalizações são tramadas

Tal como é tramada a fuga do coitado para os braços da idiotia dum hino,

E os silêncios forçados, apagados, via e tristes sobre a realidade que lhe pespegam perante o nariz

Mais uma vez a impotência ( neste caso argumentativa) sai- lhe pelos poros. Aos factos e dados diz nada. E encavalita-se desta forma tão reveladora nos deputados e na letra de um hino

É a isto que está confinada a tropa fadanga daquele regime caduco e criminoso? Uma fuga cobarde e colorida, montado quiçá numa pileca, a propagandear o cheiro a trampa de um regime criminoso?

Anónimo disse...

O hino à capela de José faz lembrar aquela procissão de capela em que a fina flor do entulho do fascismo foi prestar juramento de fidelidade a Marcelo.

Uma cena triste e avacalhante.

Talvez um abaixo-assinado do José fosse mais útil para substituir o fardamento desta cambada, molhado quando o 25 de Abril saiu à rua

Este José sabe do que se fala

Jose disse...

Leram?
Leram mas não para conhecer e eventualmente contestar factos e ideias mas para pretextar emitir os seus mantras e invocar os factos que acreditam que os sustentam.
Escreveram?
Escreveram mas não transmitiram uma ideia...vómitos de ignorantes que fazem da raiva razão.
Contaram?
Não, que contas são desnecessárias para quem do alheio faz público, isto é, também seu.

Anónimo disse...

As perguntas sucedem-se com algum ritmo, perturbando a tentativa de diálogo deste jose:

Diz jose:
"este tarolo nunca deve ter cantado o Hino Nacional"

Quem será o "tarolo" a que este se refere? Alguma auto-referência familiar?

E que hino nacional é este assim considerado? O republicano ou o que foi proibido pela monarquia?
O que foi cantado na gesta de 25 de Abril ou o que acompanhava a pata estendida de Salazar na sua saudação fascista? O que é cantado a mobilizar as gentes para a luta ou o que era escutado entre a matilha colonialista do regime?

Hinos, tal como o próprio Camões, têm sido utilizados para os fins mais diferentes.

Agora vir-se de novo ao tema cheira a podre. Talvez uma justificação para a acusação de vende-pátrias vulgar atirado agora a quem bebe as águas dos credores e dos agiotas e que anda à trela dos alemães?

Anónimo disse...

A questão do hino é profundamente reveladora duma forma de escamotear o que se discute e de fugir para a treta pura.

Para o paleio.

Para o nimbo das coisas vazias e idiotas.

Para o mundo, repete-se, da treta que jose tão rotineiramente invoca.

Mas revela outra coisa. Revela o espírito da coisa. Revela as saudades pelos tempos em que os func. públicos eram obrigados àquele juramento sobre a fidelidade ao regime e o arrenego à democracia.

Que saudades desses tempos, hein?

E ai de quem não passar no coral apertado do jose,admirador corajoso da mui nobre arte da censura.

Pois que renunciem ao cargo.

( e que se chame a pide, não é mesmo ?)

Anónimo disse...

Jose faz o que pode para defender o inqualificável

Mas o que sobra é mais uma vez a impotência pura e dura.

O seu programa ( de salazar e dele)resume-se ao "ler, escrever,contar"

E depois temos direito a uma fuga ( mais uma vez) em torno de variações sobre o que jose entende por tal primarismo educativo

Tretas. Tretas vazias e ocas. Versalhada pobre e inútil para esconder a boçalidade de quem defende tal programa:

("mantras", "vómitos", "raiva"

Está raivoso o jose. A defesa da idiotice salazarenta tem destes custos. Torna-se insustentável para qualquer ser pensante)

Jose disse...

Tarolo treteiro sempre de roda, sem coragem, sem brio, sem...

Anónimo disse...

Há uma coisa muito grave que não pode passar.

É o elogio mais ou menos encapotado a um regime bárbaro e sem perdão

Repare-se. Aos dados avançados por Bento de Jesus Caraça e transmitidos aqui pelo JRA o que responde um tal jose?

Defendendo o regime político-ideológico que permitiu tal retrocesso. Com base num incrível (e inqualificável) justificativo do que basta - ler-escrever-contar- de acordo com os manuais dos bárbaros que nos governaram.

Mas também com base numa coisa muito mais horrível e arrepiante. Com base na defesa ideológica do fascismo. Que coitado, teve por escolhos a Grande Depressão Americana, mais a Grande Guerra (1939-1945) precedidos de uma guerra civil em Espanha (1936-1939).

A justificação do crime e dos criminosos?

Mas vejamos, a grande depressão foi e foi por aí fora. E o ouro roubado por Salazar na segunda grande guerra foi-lhe de muita utilidade. Tal como o volfrâmio. E o que dizer dos contributos do verdugo salazar para o triunfo da besta do franquismo? Contribuindo com dinheiro, homens, armas, sangue e morte para Franco e os seus carniceiros?E que dizer dos arranjinhos de salazar, tipo chás de caridade, para garantir o apoio económico aos fascistas espanhóis por parte da trupe empresarial portuguesa?

E que pensar da entrega de prisioneiros aos "românticos" que cantavam os viva la muerte? Prisioneiros que eram imediatamente abatidos ou torturados?

E depois, os outros povos não padeceram os horrores do fascismo e das guerras?

E depois as tretas, os mitos,as aldrabices, sobre a sabedoria económica de Salazar?

Que tão acagaçado ( é o termo usado por historiadores) estava sobre a evolução económica do pais que teve que pedir ajuda aos states no final da década de 40.

(E que depois dá origem a episódios rocambolescos do bas fond dos saudosistas do regime

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/02/paralelismos-noutra-dimensao.html

Anónimo disse...

"Fernando Rosas mostra-nos que o salazarismo foi, no essencial, um projecto análogo às outras ditaduras fascistas da época. Faz-se a este respeito uma distinção entre o fascismo enquanto movimento e o fascismo enquanto regime. O primeiro, representado em Portugal pelo MNS e integralismo, seria apenas um dos esteios em que assentou o segundo. Ocasionalmente, inclusive, esse fascismo enquanto movimento entrará em conflito com o Estado Novo feito regime. A detenção e posterior exílio na Espanha do líder integralista Rolão Preto será um exemplo dessa dissidência pela direita.

Quanto ao fascismo feito regime, ele só se pode compreender como uma aliança das diversas direitas em volta de um programa totalitário que visava aumentar as margens de lucro da classe dominante – esmagando, consequentemente, o movimento operário de classe, como já foi referido. Do ponto de vista ideológico, o corporativismo salazarista procurará a sua legitimidade numa reaçcão contra os valores herdados da Revolução Francesa:
Era o programa do novo regime: a recusa do demo-liberalismo, a constatação da falência universal do parlamentarismo, a apologia do nacionalismo orgânico e corporativismo, do Estado Forte, o intervencionismo dirigista na economia, do imperialismo colonial"

( e os preceitos educativos que o acompanharam)

'Salazar e o poder' de Fernando Rosas - Joseph Ghanime

Anónimo disse...

"Como é que a direita portuguesa de Salazar e a espanhola de Franco se tornaram fascistas?

Fernando Rosas na apresentação da obra de Manuel Loff " O nosso século é fascista" salientou o «processo ideológico de fascistização das direita portuguesa, espanhola e italiana». «Como é que se dá esse fenómeno em que honrados católicos, republicanos, conservadores respeitáveis, se transformam em apoiantes do nazismo e fascismo, como é que as direitas se rendem à necessidade de liquidar o estado liberal, de reprimir o movimento operário, de acabar com o parlamentarismo do demo-liberalismo, como é que esse processo de reconversão ideológico se dá num quadro da hegemonia das ideias da nova ordem, que se tornam as ideias de um vasto sector da direita unificada»

É ler o livro de Loff e Fernando Rosas. Mas também estar atento aos sinais emanados dos agora escondidos apoiantes do fascismo e do nazismo de outrora, convertidos no presente em entusiastas europeístas a cacarejar em alemão e a saudar a Troika como antes saudavam as tropas do eixo

Jose disse...

Não se o copista acima leu o livro do Rosas sobre o Salazar.
Sendo iletrado e faccioso, provavelmente só lá foi buscar munições para "mantras", "vómitos" e "raiva" ou não diria as alarvidades costumeiras.

Anónimo disse...

Pode José deixar de se ataviar com estas choraminguices em torno do Salazar

Tanta pieguice pelo dito contrasta com o ódio sentido pelos que trabalham e que vivem apenas da venda da sua força de trabalho

Mas deixemo- nos de conversa para boi dormir

Anónimo disse...

Repete-se, para que fique claro:

"Há uma coisa muito grave que não pode passar.

É o elogio mais ou menos encapotado a um regime bárbaro e sem perdão"

Para não maçar quem nos lê,não se repete a transcrição das palavras acima, retiradas daqui:
http://www.pglingua.org/sites-associados/imperdivel/5426-salazar-e-o-poder-de-fernando-rosas

E daqui:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/fascismo/a-natureza-fascista-do-salazarismo
(onde se transcrevem as palavras do próprio historiador, falando da obra de Manuel Loff)

Mais claro do que isto é difícil.

Por motivos éticos e ideológicos, tentativas de branquear o fascismo não passam.

Tentativas de censurar o que os outros disseram também não, tendo aqui em conta o respeito que os outros nos merecem.

Pelo que as afirmações sobre o "iletrado e faccioso, mais as "munições para "mantras", "vómitos" e "raiva" e as alarvidades costumeiras" são a confirmação duma enorme impotência desonesta, a negar a realidade concreta e comprovável.

Acrescente-se então mais um excerto :

"Fernando Rosas põe em questão o cliché segundo o qual a ditadura salazarista foi mais branda do que outras. A violência preventiva e punitiva fizeram parte do regime desde o início. Se a repressão não atingiu as dimensões do franquismo, tal não foi devido à alegada “brandura” do regime luso, mas a uma estratégia de enraizamento e durabilidade no contexto específico da sociedade portuguesa da altura".