quinta-feira, 7 de junho de 2018

Nuestros hermanos


¿Cómo nos vamos a extrañar de que cuando planificadamente se está deconstruyendo a los Estados europeos realmente existentes, renazcan o se revitalicen nacionalismos nuevos o viejos? ¿Cómo no entender que cuando la democracia como autogobierno de la ciudadanía pierde peso e influencia ante poderes económicos oligárquicos, o no democráticos como las instituciones europeas, renazcan demandas de soberanía, de identidad, de protección? ¿Cómo no comprender la desafección ante instituciones y partidos políticos tradicionales cuando se han ido rompiendo las reglas de un pacto implícito que ligaba capitalismo regulado con democracia política y derechos sociales? (…) Los que empleamos el término populista o populismo de izquierdas lo hacemos conscientemente. Usar la provocación como un puñetazo encima de la mesa para desvelar una realidad que se quiere negar con la descalificación de populista. Formenti lo dice claramente: el populismo es la forma de la lucha de clases hoy, aquí y ahora. Dicha la provocación y cargada de sentido, empezamos a discutir en serio de los problemas de nuestra sociedad desde el punto de vista de las clases trabajadoras. 

Excertos do prefácio de Manuel Monereo, um deputado e ideólogo do Unidos Podemos (a renovada coligação eleitoral entre o Podemos, a Esquerda Unida e outras formações), à edição em castelhano do livro do italiano Carlo Formenti La variante populista – Lucha de clases en el neoliberalismo. Por uma vez, não sigo a regra do blogue e deixo a citação numa língua estrangeira que creio ser acessível a todos. Quando tiver acabado de ler, talvez teça por aqui ou por ali algumas considerações sobre o livro propriamente dito.

Entretanto, devo dizer que sou céptico em relação à ideia da portabilidade das soluções políticas, dado que estas nascem necessariamente de situações nacionais, ou plurinacionais no caso da Espanha, concretas e variadas, mas creio que as esquerdas que não desistem deste lado podem aprender alguma coisa com o Unidos Podemos, tal como esta aliança pode aprender alguma coisa com a limitada solução governativa deste lado da fronteira.

O que é que se pode então aprender? Deste lado, a colocar o desafio da unidade das esquerdas que não desistem de mudar a relação de forças face a uma social-democracia que, apesar de algumas aparências, continua sendo esvaziada pelo euro-liberalismo e face uma comunicação social que não desiste de acentuar o narcisismo das pequenas diferenças. Do outro lado, a possibilidade de encontrar articulações que pelo menos travem ou desacelerem a marcha do comboio rumo ao abismo, sem desistir de mudar a direcção, sabendo não só que o governo do PSOE é de pura aposta eleitoral, mas também que a viragem à esquerda é manifestamente exagerada: cá como lá, quem ocupa as pastas económico-financeiras manda; cá como lá, o consenso de Bruexlas-Frankfurt manda. Generalidades, portanto.

Buena suerte, hermanos.

21 comentários:

Jose disse...

A esquerda já não os tem para declarar sã e honestamente que quer a Revolução Socialista e o poder económico para o Estado.

Declara o primado do populismo e espera que a confusão e o nacionalismo (com suas moedas e fronteiras) lhe mostre como lá chegar.

Em verdade escolhe o caminho de sempre - o caos e a guerra.

claudio disse...

nao percebo nada, nem tenho que ler espanhol..... porra parece que gostamos mesmo de ser pequenos e sucumbir a outras linguas!! faz favor de traduzir.....

Anónimo disse...

Não os tem?

Herr José quem não os tem é vossemecê

Anda distraído e deixou de esganiçar - se inquieto a pedir mais desemprego a quem andou a dar cabo do país.

A ileteracia é tramada. O caos e a guerra é?
Para quem não os teve a 25 de Abril é uma piada de excelente recorte.

Paulo Marques disse...

Ó Joseph, e se isso fosse verdade, porque é que a direita insiste sempre abrir a porta a que "a confusão e o nacionalismo", ou "o caos e a guerra" apareçam? Onde estão os amanhãs que cantam da globalização?
Você é consistente a não ser consequente com a asneirada que diz.

Paulo Marques disse...

Já agora, falando em consistência, no Pinochet e recentes compinchas fascistas do capital já não lhe irrita o caos e a guerra?

S.T. disse...

Eu aconselharia os nuestros hermanos e também os PS/bloquistas a adoptarem uma plataforma organizativa informática que agilizasse a circulação da informação politica relevante e a circulação de propostas e reflexões internas.

O M5S tem uma dessas plataformas com sistema de votação interna e embora as circunstâncias sejam outras parece que tem dado bons resultados em Itália.
O Podemos usa o Redit, mas não é a mesma coisa.
S.T.

S.T. disse...

@claudio

O espamhol é muito fácil de entender, mas para quem tenha dificuldades, há sempre a possibilidade de usar o GoogleTranslate ou um dos inúmeros add-ons de tradução do Firefox

https://translate.google.com/
S.T.

S.T. disse...

@claudio

Sou um dos culpados por fazer extensas citações em linguas estrangeiras, mas devo dizer em minha defesa que não é possível traduzir tanto material interessante que aparece em inglês, francês ou até italiano ou espanhol.

Há duas soluções: A individual é o europeísmo linguistico que é a minha abordagem pessoal. A colectiva seria a criação de um espaço quiçá cooperativo que traduzisse artigos criteriosamente escolhidos segundo o modelo do "Les Crises" ou do VOCCI DALL'ESTERO.

Se há gente interessada, organizem-se!
S.T.

jvcosta disse...

Tenho escrito bastante (artigos no meu site com referência na minha página de facebook João Vasconcelos-Costa) sobre a vantagem de uma plataforma de esquerda consequente (partidos mais movimentos sociais), ainda que sem prejuízo de eventual colaboração com o PS, mas não obrigatoriamente como a atual. No entanto, parece-me, até pela falta de comentários, que esta tese, que me parece aproximada da de João Rodrigues, não tem grande aceitação. Confiemos no tempo.

Jose disse...

Quanto ao caos e a guerra, sou mais pela guerra desde que se saiba o que está em confronto.
No PREC sabia-se quem se confrontava e a propósito de quê; a guerra foi limitada e soube-se quem ganhou e quem perdeu.
Agora esta treta do euro, da malvadez da UE, tudo sem se saber o que se seguiria, como se o caos fosse uma possibilidade despicienda, como se uma qualquer acracia pudesse ter lugar e tivesse virtudes regeneradoras… é muito, nem sei bem como classificar. Foleiro?

Aí é que entram os ditos. Digam ao que vêm; comecem, por exemplo, por explicar o que acontece sem os Fundos Europeus que agora estão em discussão.

Anónimo disse...

Mais pelo caos e pela guerra ou mais pela guerra e pelo caos?

Quem falou nestas idiotices sobre o caos e a guerra foi este jose. Quem agora se bandeia para um dos lados foi o mesmo jose.

Não há qualquer interesse nesse versejar sobre o assunto. Talvez osobjectivos sejam outros, mas enfim

Mas a que propósito este exemplo de guerra nomeando o denominado PREC?

O PREC? Ó herr jose,o prec foi uma brincadeira de crianças. Deixe-se dessas tretas e assuma uma guerra, a guerra colonial. Assuma a guerra daquele traste miserável que mandou matar e morrer.

Sabia-se quem se confrontava e a propósito de quê; a guerra foi limitada e soube-se quem ganhou e quem perdeu.


Anónimo disse...

Parece que o euro ( segundo o vocabulário típico de jose) não é treta. E a UE não é malvada

Por momentos ficamos ofuscados com esta espécie de lamúria sobre o euro e sobre a UE. Depois percebemos que o que se pretende é que lhe perdoemos as tretas (ao euro) e a malvadez ( à UE). (Confessemos que este vocabulário é demasiado pobre para servir de base a qualquer argumento).

Mas é notório que todo este paleio vem como instinto de sobrevivência do que é caduco e está podre. É de quem se agarra como uma lapa aos seus manás de classe e à trampa a que chegámos


E é com uma franca gargalhada que adivinhamos o seu estilo incomodado e enjoadinho:

"nem sei bem como classificar. Foleiro?"

E o dedo mindinho a alevantar-se como se duma personagem de Eça se tratasse, a beber uma chávena de chá

Anónimo disse...

Vamos então aos ditos?

É que os ditos já foram muitas vezes ditos. E já se disse ao que se vinha.E já se desmontou os mitos dos fundos europeus. E já se denunciou quem deu cabo do nosso tecido produtivo, vendendo-se por um prato de lentilhas a nossa agricultura, pescas, indústria. Em que um traste como Cavaco teve um papel de relevo. Mas não só

Dizemos ao que vimos e de caras e de frente. Não queremos esta UE. Nem queremos fdp dizerem que andámos a viver acima das nossas possibilidades. Primeiro a Grécia, depois Portugal, agora a Itália...A conversa ronceira e podre repete-se, ad nauseam. Até quando teremos que aturar estes tipos a insultarem os povos e as pessoas e agora a tentarem comprar-nos, oferecendo mais fundos, que no fundo são a moeda de troca para este nosso vegetar

Este pensará que está num bordel tributário

E quem não os tem no sítio para não assumir

Jose disse...

Qual ditos qual nada!
Treta e mais treta.
A agricultura está melhor que nunca onde há cultivo.
E o muito ao abandono é o resultado de os velhos terem deixado de trabalhar e de os novos já não vergarem a mola a troco de pouco, como era de uso.
Quanto ao tecido produtivo, está bem e recomenda-se que cada vez use mais capital e menos trabalho, que só os retardados mentais não percebem que o mundo tem de mudar para acomodar os direitos e garantias com que os treteiros enchem a boca e despovoam as fábricas.
A ausência dos ditos nota-se no silêncio acerca do papel do Estado na produção, numa 'ditadura do proletariado' posta em banho-maria, num anticapitalismo sem definir uma alternativa.
Porque treteiros sem vergonha, repudiam 'terceiras vias', não produzem uma cooperativa, menos ainda uma co-gestão, e gritam a toda a hora a sua vocação de parasitas do capitalismo, num coral de inanidades em que competem uma miríade de capelas de uma mesma igreja cujo artigo de fé é: 'como tudo seria diferente se tudo fosse diferente'

Paulo Marques disse...

Melhor do que nunca é 20% de desemprego e apostar que a CAD se mantenha sem investimento, isso é que é productividade! A infrastructura cai aos pedaços por falta de dinheiro? Não faz mal, os estrangeiros são burros e hão-de continuar a vir comer sardinhas enquanto as há, depois, olha, comem algas! Enfim...

Quanto aos fundos, pá, dinheiro não falta, como diz o nosso vice-presidente,

"L’ipotesi di attivare il meccanismo di scudo anti-spread della BCE sull’Italia richiederebbe l’accettazione, da parte dell’Italia, di un programma di aggiustamento dei conti pubblici”. Per tutti quelli che “la BCE non può controllare lo spread”.

traduzindo, o dinheiro cria o banco central quando quer. Que choque!

Anónimo disse...

De como um aficionado salazarento se torna de repente um apologista de terceiras vias é um mistério.

Ou talvez não. No fundo diz bem do aficionado. E das terceiras vias

S.T. disse...

Aproveito a dica de Paulo Marques para introduzir um elemento de reflexão que me parece importante no seguimento da sua frase "traduzindo, o dinheiro cria o banco central quando quer. Que choque!":

A compreensão dos "regimes económicos" tal como explicados neste video por Mark Blyth é central para se perceber como os grandes ciclos económicos modelam os fluxos de concentração ou redistribuição de riqueza. Esta análise oferece uma camada de abstracção acima da mera discussão ideológica; fica para lá do nível polítitco em que se pode discutir formas de regular a propriedade e a tributação para favorecer a concentração de riqueza ou a sua redistribuição.

Implícito nesta análise de Mark Blyth está a percepção de como a actividade dos bancos centrais pode induzir fluxos financeiros de longo ciclo e de como esse importante instrumento é apropriado pelas elites financeiras e colocado fora do alcance do escrutínio e controlo democrático das sociedades. Levando um pouco mais longe o esclarecimento percebe-se o interesse para as elites plutocráticas de controlarem um banco central como o ECB, que é invulnerável às decisões políticas de governos democráticamente eleitos e, pelo contrário, exerce sobre esses mesmos governos a sua tirania monetária.

https://www.youtube.com/watch?v=oXK0Z-9ntEQ

Nota adicional: Mark Blyth no video explica claramente por que é que a inflação inibe mais o movimento de concentração do dinheiro "de baixo para cima" e por que é que os neoliberais se esforçam tanto em convencer a populaça de que a inflação "lhes come os salários", esquecendo muito convenientemente que "a inflação come acima de tudo as dívidas". Depois basta reparar quem é que são os devedores e os credores a nível micro e macroeconómico.

Bom visionamento!

S.T.

S.T. disse...

Outro video de Mark Blyth que desenvolve as mesmas ideias:

https://www.youtube.com/watch?v=vSS4GCA__As

S.T.

Anónimo disse...

Vamos a factos, desmontando as tretas de quem passa a vida com as tretas na boca:

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes às importações de bens e serviços, entre 1995 e 2014, designadamente produtos da agricultura, silvicultura e pesca, minérios, produtos alimentares ou têxteis, entre outros, comprovam-no. Neste intervalo de tempo, o valor das importações portuguesas aumentou cerca de 38 000 milhões. Desta forma, o saldo da balança comercial apresenta défices incomportáveis, com grande parte dos 10 mil milhões anuais a serem justificados pelo sector primário e secundário.

"A agricultura está melhor que nunca onde há cultivo" é daquelas coisas que não diz nada. É um slogan vazio e inútil.
"E o muito ao abandono é o resultado de os velhos terem deixado de trabalhar e de os novos já não vergarem a mola a troco de pouco, como era de uso" é apenas propaganda vazia e idiota que não diz nada das transformações experimentadas pelo nosso país. E das consequências da venda ao desbarato da nossa soberania.

Anónimo disse...

As tretas vêm encavalitadas nas tretas de quem passa a vida a falar das tretas. Que também tenham suporte ilustrativo em expressões como "retardados mentais" é a triste sina de quem não tem mais nada a dizer do que isto.

Percebe-se que haja algum descontrolo na forma como se tenta vender o presente ridente em que vivemos. Por isso a agricultura nunca esteve melhor ( "onde há cultivo"), por isso a produção está bem e outras tretas adjacentes...

Basta ir procurar aos arquivos para se ver quão modificada está a vulgata. Por isso também as invectivas tontas contra o Estado , mais a ditadura do proletariado junto com o "anticapitalismo".

Uma mixórdia completa. Uma miríade de tretas transformadas em capelinhas duma mesma igreja para que tudo se mantenha como está. Com a imensa maioria a sustentar uma pequeníssima minoria que vive da exploração dos demais.

A coisa chega ao ridículo de se tentarem dar indicações sobre o modo de comportamento de quem diz nNo a este estado de coisas: são as terceiras vias, a cooperativa ( como se estas vivessem fora do contexto económico-social da sociedade), a co-gestão ( à moda da auto-europa,lolol). Querem continuar a explorar os outros, querem continuar a viver das rendas, querem continuar a exportar os fundos para os seus bordéis tributários, querem continuar a acumular riqueza...e ainda por cima se arrogam ao desplante de dizerem como querem que (não) lhes façam frente.

Mas sem o querer acabam por revelar o que são: "verdadeiros parasitas do capitalismo". Ou seguindo as palavras um pouco idiotas de alguém, como "tudo o que é igual , se deve manter igual"

Anónimo disse...

Portugal passou a produzir menos riqueza comparativamente ao período da entrada da moeda única. Entre 2001 e 2011, a produção industrial teve uma redução acumulada de 16%, estando os valores de 2011 ao nível de 1994.

Contrariamente à mensagem que suportou a campanha de adesão à comunidade económica, Portugal – obrigado a produzir menos e a comprar mais ao exterior – não só não chegou ao tal pelotão da frente como recuou vários anos, tendo chegado a uma crise sem precedentes.

Crise económica e social onde a lenga-lenga de que «vivemos acima das nossas possibilidades» foi sendo veiculada por uma boa parte dos governantes. Uma afirmação muitas vezes repetida com o objectivo de escamotear a realidade: produzimos abaixo das nossas necessidades. A continuar assim, os pratos da balança jamais ficarão equilibrados, com a agravante de muito poucos ficarem com boa parte da riqueza.