quarta-feira, 24 de maio de 2017
Para acabar com os bancos portugueses?
Em entrevista anteontem ao Negócios, João Salgueiro, dirigente da poderosa Associação Portuguesa de Bancos entre 1994 e 2009, afirmou: “A União Europeia gostava de acabar com todos os bancos portugueses, penso eu, quanto muito ficava a Caixa. E tudo o que é aparente mostra isso. Já no Banif foi assim.”
É caso para dizer, em bom português, tarde piaste e de forma contraditória: a União Bancária está inscrita na lógica do Euro, naturalmente defendido por Salgueiro. De qualquer forma, e como eu e o Nuno Teles já detalhámos no Le Monde diplomatique - edição portuguesa, no Banif tinha realmente ficado visível a lógica da europeia, que, como Salgueiro também bem reconhece, “dificulta a vida” à banca nacional que resta, a CGD, enquanto a facilita a vida ao capital estrangeiro, do Santander à Lone Star.
Voltaremos à carga no próximo número de Junho deste jornal mensal com a pergunta que se impõe também no que à banca, em geral, e ao Novo Banco, em particular, diz respeito: nacionalizar ou internacionalizar?
Entretanto, e como também não deixaremos de sublinhar, passou relativamente despercebida a estreia de Paulo Macedo na apresentação de resultados trimestrais, uma das grandes taras de grandes empresas privadas sujeitas à ditadura do curto prazo por accionistas que açambarcam uma fatia crescente do valor. Isto é apenas a tradução simbólica de uma série de imposições europeias, que obrigam a CGD a comportar-se como se fosse um banco privado. Entre as imposições está um plano de reestruturação que implica o encerramento de balcões nas zonas mais vulneráveis do interior do país, junto de populações que deles necessitam para a sua vida. A banca deve ser um serviço público e esta ideia está no fundo subjacente aos protestos populares.
Isto anda tudo ligado. Portugal é, no campo da moeda-crédito, o equivalente a uma colónia, sendo que não se pode esquecer que qualquer economia que se preze é uma economia monetária de produção. É claro que se pode fazer política como se estas questões não interessassem lá muito, mas creio que não é a mesma coisa, embora no curto prazo da política que imita os mercados até possa parecer que é.
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10 comentários:
Mais uma vez a clareza e o chamar o nome aos bois.
Isto anda tudo ligado mesmo
O que a CE sabe é que não só os nacionais têm pouco capital como não estão dispostos a investi-lo em instituições tão 'acarinhadas e respeitadas' como os bancos.
Sabem também que o respeitinho pelo estrangeiro garante a paz aos bancos estrangeiros, a sua maior salvaguarda à colonização política rotativa e à servidão à dívida e políticas públicas.
Assim, o que diz o Salgueiro não só aparenta ser verdade como traduz um saber de experiência feita.
"Saber de experiência feito?
Não. Herr jose ainda não tinha ainda introduzido o tema naqueles seus poemas aos banqueiros que fazia aqui há uns tempos.
Aqueles verdaderios "terratenentes" e outras tretas do género
O "estrangeiro e a paz"
Antes Angola era nossa". Agora endeusa o "estrangeiro".
Já percebemos. É a taxa de lucro sempre, não é mesmo? Mais a servidão aos Kommandantur da ordem. Vulgo "respeitinho" na linguagem do dia
Não é mesmo herr jose?
As economias que se prezam são de produção diversificada (não como a Venezuela que se sustenta só na extração de um único produto com as consequências que se conhecem) e baseadas em artigos de alto valor acrescentado que incorporam ID em alto grau (assim mais como a Dinamarca, que há muito tem orçamentos equilibrados). Não são economias industriais baseadas em industrias obsoletas que só existem para garantir o 'pleno emprego'. Essas, João Rodrigues, já faliram todas...
Cuco, é o que tu quiseres!
Acabei de montar a cavalo e o meu desempenho deixou-me de bom humor.
E se ao invés de dinheiro, trocarmos favores, serviços e produtos? Não seria uma forma de contornar a agiotagem selvagem, nivelando solidariedades, sermos amigo do nosso amigo? Dinheiro para quê ? É tudo digital, inventam-no a partir do nada e depois "montam-se" no dinheiro verdadeiro suado do trabalho árduo de cada um...Chega de pirataria e de banqueiros, que roubam os próprios bancos. Haja vergonha...
Eu até ouvi a entrevista, porque foi "obrigado"!
Estava mais interessado em ouvir o Professor País Mamede...
Aquele senhor que falou o tal (CE) foi ou é do PSD, e ministro ou secretário de estado do PSD, creio que continua a ser, e agora com alguns tique bem definidos, quando era mais novo tinha outra postura, o dinheiro que ganhou estes anos todos, às custas dos contribuintes subi-lhe à cabeça...
E não digo mais nada porque posso ser multado ou preso!!!
Ó Jaime Santos e o sucesso das economias de sucesso, que é sempre montado sobre economias de insucesso (ao contrário do que é sugerido pelo seu maniqueísmo simplificador e desonesto) de que modo foi lá parar? Terá sido por magia? E porque é que (segundo aspecto) há sempre indivíduos com sucesso (poucos e cada vez menos) mesmo nas economias de insucesso e indivíduos mal sucedidos (muitos e cada vez mais) mesmo nas economias de sucesso? Será tudo o fruto de umas aptidões genéticas? E os produtos com alto grau de ID incorporado, são destinados a quais e a quem dos bem e mal sucedidos (países e sujeitos)? É que o Jaime na pressa de nos ajudar com a sua clarividência, acaba sempre por deixar uns detalhes ao acaso.
A narrativa já está no cavalo de herr Jose e no desempenho de herr Jose e na satisfação de herr Jose.
Ha algo de irremediavelmente
mediocre na forma como herr jose tenta fugir agora àquele miseravel choradinho em torno do que é estrangeiro. Ou como tenta tapar o orelhame ao confronto com os seus poemas heróicos em honra dos banqueiros.
Foge com o cavalo e com o desempenho que ele tem con o dito cujo.
Há aqui algo de impotência também argumentativa que remete para um certo constrangimento atendendo ao escalão etário do proprio herr jose .
Que alardeie desta forma o seu desempenho contribui para alguma comiseração?
Pobre cavalo
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