segunda-feira, 5 de março de 2012

Não é defeito, é feitio

O Negócios chama hoje a atenção para a “nacionalização” do Europarque, ou seja, das suas dívidas à banca, no valor de pelo menos 35 milhões de euros. Isto significa que o Negócios acaba por chamar a atenção para o modo de operar da facção organizada e dominante da burguesia, aquela que está habituada a usar o Estado para os seus negócios e projectos individuais e colectivos. Não percam as declarações ao Negócios do Presidente da Associação Empresarial de Portugal, que ainda controla e gere de forma tão eficiente este complexo, José António Barros. É um hino à informalidade, à irresponsabilidade, à desfaçatez:

“A partir do momento em que dou conhecimento aos bancos e ao Estado [avalista dos empréstimos, que foi informado por conversas assumidamente informais, já que nem uma obrigatória comunicação por escrito se enviou ao Tesouro] de que não vou pagar [dívida do Europarque], o problema deixou de ser meu.”

Da próxima vez que ouvirem alguém da Associação Empresarial de Portugal defender que o Estado tem de deixar de “obstaculizar” a “iniciativa privada” e deixar o “mercado” agir, lembrem-se que tais formulações são outras tantas manipulações, formas de dizerem “queremos o Estado e os seus recursos só para nós”. Trata-se sempre, mas sempre, de fixar “regras”, e suas excepções já agora, que permitam gerar e transferir custos sociais para a comunidade e apropriar privadamente benefícios também sociais. O Estado, um certo Estado reconfigurado, o tal que só pode ser fraco com os fortes e forte com os fracos, é sempre indispensável.

2 comentários:

Mário disse...

É preciso fazer mais 4 mil milhões de sacrifícios

O Orçamento Rectificativo que será apresentado pelo Governo no final deste mês deverá trazer mais de quatro mil milhões de euros de despesas que não estavam previstas

(...)

Para isso, será preciso mobilizar poupanças, ou aumentar de receitas


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Como é mais fácil mobilizar receitas....estamos ....conversados

....
continuem assim que a gente gosta!

http://economico.sapo.pt/noticias/rectificativo-agrava-despesas-em-mais-de-quatro-mil-milhoes_139640.html

António Carlos disse...

"Trata-se sempre, mas sempre, de fixar “regras”, e suas excepções já agora, ..."
É necessário ter isto bem presente quando se ouve clamar por "incentivos ao investimento" ou para "salvar" empresas (mascarado de "salvar empregos").