quarta-feira, 14 de março de 2012

Considerando...

Considerando a necessidade de concretizar uma política económica antimonopolista que sirva as classes trabalhadoras e as camadas mais desfavorecidas da população portuguesa, no cumprimento do Programa do Movimento das Forças Armadas; Considerando que o sistema bancário, na sua função privada, se tem caracterizado como um elemento ao serviço dos grandes grupos monopolistas, em detrimento da mobilização da poupança e da canalização do investimento em direcção à satisfação das reais necessidades da população portuguesa e ao apoio às pequenas e médias empresas; Considerando que o sistema bancário constitui a alavanca fundamental de comando da economia, e que é por meio dela que se pode dinamizar a actividade económica, em especial a criação de novos postos de trabalho; Considerando que os recentes acontecimentos de 11 de Março vieram pôr em evidência os perigos que para os superiores interesses da Revolução existem se não forem tomadas medidas imediatas no campo do controle efectivo do poder económico; Considerando a necessidade de tais medidas terem em atenção a realidade nacional e a capacidade demonstrada pelos trabalhadores da banca na fiscalização e controle do respectivo sector de actividade; Considerando, finalmente, a necessidade de salvaguardar os interesses legítimos dos depositantes...

Decreto-Lei de 14 de Março de 1975 sobre a nacionalização da banca.

2 comentários:

meirelesportuense disse...

"Considerando que a prática sistemática da Usura é totalmente prejudicial ao desenvolvimento e ao bem-estar da maioria dos Cidadãos, esta deveria ser completamente erradicada da Sociedade."
O Sector Financeiro é indispensável ao Desenvolvimento, mas deve reger-se por princípios e práticas de seriedade e transparência...Não é o que tem sucedido ao longo da História.

João Carlos Graça disse...

Caro João
A história - e decerto mais ainda o acto ou o processo pelo qual se escreve a história - das sociedades humanas é realmente uma coisa interessantíssima.
Os debates sobre o passado são de facto debates sobre o presente e, bem entendido, abrem-se ou fecham-se, através deles, portas para o futuro.
O tempo tem uma estrutura bizarra. Não é evidentemente cíclico (as coisas nunca se repetem rigorosamente) nem tão-pouco é linear, porque "há outros caminhos", há (sempre) outras vias.
A metáfora da árvore que se bifurca indefinidamente é decerto muito rica e interessante.
Mas melhor ainda é talvez a do labirinto, porque os reencontros, embora não necessários, são de facto possíveis. O pro-cesso (e num certo sentido “caímos para a frente”, sim) é feito sempre de divergências crescentes, mas no meio de tudo isso, às vezes também de convergências.
E as "influências" são obviamente múltiplas e multidireccionais: do passado para o presente e deste para o futuro, sim, mas também ao invés (o corre-c-tor automático informa-me de que estou a dar erros repetidos...).