Infelizmente, é preciso olhar para estes números, no mínimo, com muita cautela. Olhando só para a balança comercial, comecemos pelas importações. Depois da sua queda abrupta em 2009, recuperaram algum fôlego, em 2010, e retomaram a queda, em 2011. Não é preciso se um génio para perceber que não estamos aqui perante substituição de importações, mas sim perante uma contracção inédita do consumo - devido ao aumento do desemprego, dos cortes salariais e dos aumentos de impostos - e do investimento - devido às falências, contracção do crédito e perspectivas pessimistas em relação ao futuro -, com as inevitáveis consequências na capacidade produtiva do país. Ou seja, o ajustamento por baixo. Importamos menos porque estamos mais pobres. Deve ainda acrescentar-se que com a introdução da austeridade mais troikista que a troika, o clima de incerteza aumentou exponencialmente, levando familias e empresas a adiarem despesas. Nada de muito positivo por aqui, daí que não seja por este lado que o governo embandeire em arco.
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O lado do crescimento das exportações é mais interessante. O primeiro ponto diz respeito ao contexto do crescimento das exportações nos dois últimos anos: com o colapso destas com a crise financeira em 2008/09 o que observamos é sobretudo uma recuperação face aos valores anteriores à crise.
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O segundo ponto diz respeito à distinção entre o mercado intracomunitário (feito na sua quase totalidade com países da zona euro) e o mercado extracomunitário. O crescimento das exportações para o primeiro mercado aparece intimamente ligado ao crescimento económico da zona euro. Com a desaceleração do crescimento ao longo do ano devido à imposição da austeridade, as exportações seguem naturalmente o mesmo caminho. Como os recentes compromissos com novas doses de austeridade mostram, não há muito a esperar por aqui.
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Concluindo, num momento em que a recuperação do comércio internacional face ao colapso de 2009 parece concluída, as nossas exportações estarão sobretudo dependentes do andamento da economia europeia e da taxa de câmbio do euro. Nada de muito animador, na verdade.
Para mais sobre o mesmo assunto, vale a pena ler o João Galamba e o Pedro Braz Teixeira.
1 comentário:
Caro Nuno
"Uma análise mais fina com uma série temporal mais longa" é algo que valerá decerto a pena - se a dita não for pequena, como é óbvio.
Mas deixe que lhe diga que assim tal como está, curto e grosso, também não é nada de desprezar...
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