terça-feira, 20 de março de 2012

Eram as gorduras do Estado social, não eram? (I)

«Na urgência de Odemira, "há duas semanas que não há soro" habitualmente usado nos hospitais. "Temos que nos desenrascar com outros tipos de soros", diz [Denis Piztin, médico em Odemira]. "Há sempre falta de medicamentos essenciais", entre os quais medicamentos para evitar os vómitos ou reagentes laboratoriais como, por exemplo, tropomina, fundamental no diagnóstico de enfarte. "As populações destas localidades estão evidentemente em risco", afirma o médico. (...) À falta de transportes públicos, soma-se o mau estado das estradas, cheias de curvas e buracos, por onde as ambulâncias têm muitas vezes de passar para ir buscar doentes.
(...) Os efeitos da redução dos transportes de doentes financiados pelo Estado são já notórios. Face a uma situação de urgência, as pessoas que vivem em "povoações muito isoladas" e cujas reformas "mal dão para comer" ou conseguem uma boleia, ou alugam um táxi ou ficam à espera de piorar para que o INEM aceite ir buscá-las sem terem de pagar, conta Pedro Rabaça [enfermeiro no Hospital de Portalegre].»

(Da reportagem de Paula Torres de Carvalho, a ler na íntegra, no Público de hoje)

6 comentários:

Cláudio Teixeira disse...

E depois vêm os papagaios do costume - que cantam "estamos a viver acima das nossas disponibilidades" - com o refrão do inevitável "não há dinheiro!".
Lembro também esta frase de António Arnaut anteontem:"O sofrimento dos humilhados só pode redimir-se pela revolta", a que eu acrescentaria "organizada".

Molduras Silva disse...

é o fim como portugal e o renascer como a grecia

Diogo disse...

Donde, estes indivíduos que ocupam o Governo são assassinos. Se a justiça é incapaz de se mexer, que sejam os cidadãos a ir à caça dos criminosos…

Anónimo disse...

Que vao à caça deles armados de G3.

Luis Pedro Coelho disse...

Isto parece-me um argumento de public choice básico: o Estado cobra impostos dizendo que é para quem mais necessita, mas depois gasta nos grupos de interesse amigos (ver greve de amanhã).

Quando é preciso cortar, os idosos de Odemira, ora esses, são o elo mais fraco.

J. Garcia Rodrigues disse...

Se já havia razões de queixa, agora há muito mais. Porque não se corta nas gorduras,como foi prometido, mas apenas nas misérias que abundam cada vez mais. O resultado está à vista, e há ainda cegos que não querem ver...
José L. Garcia Rodrigues
21 de Março de 2012