sábado, 12 de novembro de 2022

Estes economistas, para quê e para quem?


Apoiaram a adesão a um euro que esteve associado a duas décadas de dependência externa crescente, investimento decrescente e estagnação persistente.

Ficaram sem saber o que dizer na crise financeira de 2007-2008, mas estiveram na primeira linha de defesa da troika e de uma política destrutiva de austeridade, que levou a taxa desemprego ao dobro do máximo histórico antes do euro, compelindo centenas de milhares de concidadãos a emigrar; uma política totalmente desnecessária se o BCE tivesse feito o que lhe competia – controlar a taxa de juro –, como fez de 2015 a 2021.

Foram sempre contra aumentos relevantes do poder de compra do salário mínimo, questão de dignidade e de boa economia da procura, em linha com duas hipóteses ideológicas que lhes são caras: os salários devem ser sempre a variável de ajustamento em crises, e as relações laborais tornam-se “livres” quando os direitos passam dos trabalhadores para os patrões e as obrigações dos patrões para os trabalhadores.

Estão de novo na dianteira do cortejo fúnebre da endividada economia portuguesa, ao apoiarem os aumentos da taxa de juro impostos pelo Banco Central Europeu (BCE). Sem atender às suas causas, insistem que a inflação se combate com desperdícios chamados recessão, desemprego, falências empresariais e pessoais.

Escolho, entre tantos economistas convencionais, dois académicos ideologicamente empenhados no cortejo: Fernando Alexandre e Luís Aguiar-Conraria.

O resto da crónica pode ser lido no setenta e quatro.


3 comentários:

TINA's Nemesis disse...

“Se isto não é péssima política, o que será? ”

É política terrorista!
A cada crise (deliberada) que acontece a classe dominante, os políticos e propagandistas da comunicação social arranjam sempre desculpas para justificar a transferência de rendimentos colossal da base para o topo, tem sido assim intensamente desde 2007, olhem a sociedade e economia que temos!!
Os propagandistas quando insistem na “independência” dos Bancos Centrais demonstram claramente que não acreditam na Democracia, e também demonstram qual o tipo de sociedade acreditam, acreditam numa sociedade onde os oligarcas esmagam os restantes.

Estamos em plena guerra de classes e é tão fácil identificar quem são os inimigos do bem comum.
Esses “economistas” que servem a classe dominante acreditam que a economia e a sociedade se vão afundar então, pensam eles, que o melhor que têm a fazer é servir os Donos Disto Tudo o melhor que conseguirem, pensam que é assim que garantem um lugar na corte e escapam à miséria a que a esmagadora maioria da população está condenada.

Anónimo disse...

Estes e aqueles...convivi com essa gente anos a fio e a última palavra que usaria para os qualificar seria honesto.
Usam muitos números e empregam muitas equações para explicar aonde querem chegar. Só que aqui há um pequeno problema: aonde querem chegar é ao seu posicionamento ideológico e aos seus interesses económicos e sociais.

Um aspecto que notei nessa gente - ponha aí, nessa gente - é a sua muito profunda ignorância cultural. Fora as curvas, as fórmulas, são uns analfabetos. Sabem zero de História, sabem zero de filosofia, sabem zero de tanta coisa. Faço uma excepção para Krugman.

Quanto a ética, é melhor esquecer. Quer um economista a falar a seu contento? É só pagar. Com o milho no bico eles e elas cantam e dançam a contento. Por alguma razão foram para economia e não para filosofia.

Just for the record (isto eles entendem pois não há podengo economista que não seja mestre em inglês) eu não sou de esquerda nem votaria no BE; desgraçadamente vivi muito, fizeram-me muitas e gosto de pensar por mim. Resumindo: é uma gente que a moral e os bons costumes não aconselham que se receba em casa.

Anónimo disse...

Sr.anónimo das 13.57: se a única excepção é Paul Krugman só posso deduzir que o seu conhecimento acerca do trabalho e postura dos economistas em geral e tremendamente limitado!

A. Pais