Ao ler a sua mais recente crónica, fica-se sem saber o que defende o colunista do jornal Público, aquele ex-jovem que a convite de Marcelo Rebelo de Sousa discursou no 10 de Junho de 2019, em nome das novas gerações não corrompidas pelos jogos dos "políticos":
1) o fim das cativações e assunção pública e sincera da austeridade como forma de conter a despesa pública (por exemplo, no SNS e no investimento público); ou 2) manutenção do sistema das cativações, obrigando António Costa a assumi-lo, para que fique clara a sua hipocrisia e assim perca as eleições e dê lugar a um PSD ou outro qualquer partido ainda mais à direita que, por sua vez, aplicará também as cativações ou que assumirá politicamente os cortes orçamentais (por exemplo, no SNS ou no investimento público).
Em qualquer dos casos, o resultado é o mesmo: a contenção da despesa pública (por exemplo, no SNS ou no investimento público). E sobre isso, o jovem colunista não parece estar contra. Muito pelo contrário...
Diz ele:
Mário Centeno é um génio político. Convém assumi-lo com clareza, que as grandes verdades são para serem ditas. Na execução do Orçamento do Estado para 2016, Centeno descobriu a fórmula mágica que tem permitido ao PS governar nos últimos seis anos sem maioria absoluta, com o apoio da esquerda, quase sem sobressaltos sociais e mantendo-se sempre à frente nas sondagens. Essa fórmula mágica chama-se “cativações”, e o génio de Centeno está no aproveitamento político-poético da polissemia do verbo “cativar”. Primeiro, Centeno cativou a esquerda com promessas de dinheiro. Depois, cativou o dinheiro e deixou a esquerda entretida com as promessas. Tem sido assim desde 2016.
(...) Com uma dívida a galgar acima dos 130%, o ministro das Finanças está a ser prudente. Compreendo-o muito bem, e não o culpo por isso. Agora, convém que tenhamos consciência de que as discussões orçamentais são cada vez mais um teatrinho parlamentar impossível de levar a sério e que a única forma que Costa arranjou para ser nanceiramente responsável e governar com o apoio da esquerda é criando todos os anos uma mentira gigantesca a que dá o nome de Orçamento do Estado.
João Miguel Tavares, Público, 11/2/2021
5 comentários:
Raia os limites do caricato,as investidas de certos paladinos da crónica ligeira,que se apresentam em defesa de uma austeridade reprodutiva,pela via da universal redução de custos que, dividida pela maioria,escondesse o aumento real discricionário e sempre avalizado pelos sucessivos orçamentos rectificativos,de incidência passista,daquilo a que chamam austeridade cativante,pela circunstância de uma execução orçamental,abaixo das autorizações parlamentares.Olhar para as austeridades,como em tempos de miopia se olhava para a boa ou a má moeda,sem querer perceber que nunca é austeritária uma política de reposição de rendimentos,de subida de salário mínimo e de garantias de combate ao desemprego,diz quase tudo de uma visão abnegada de uma direita retrógrada e saudosista.
Mais empolgante é a proclamação «Nós não rectificamos orçamentos!!!»
Aí sim, há criatividade, há um claro toque artístico!
Em 31/05/2011 a dívida estava em 170 mil milhões. Em 31/05/2015 estava em 224 mil milhões. O gajo ou é ou faz-se.
E de toques artísticos sabe Jose. Ponham-no a discorrer sobre os coitadinhos dos corruptores ou sobre as peças anatómicas dos seus entes queridos
O jovem colunista até arranjou um novo visual, muito idêntico a Pedro Passos Coelho.
Quanto a JE, sempre as mesmas repetições e disco riscado. Saberá JE escrever acerca de algo que lê, a não ser caluniar os outros? Duvido.
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