Citou valores, o número de pessoas abrangidas, as quantias mobilizadas, refere a "grande adesão" das pessoas em Janeiro deste ano aos apoios concebidos - como disse a ministra por várias vezes - "neste esforço hercúleo muito difícil para todos", "neste esforço colectivo que todos estamos a fazer neste momento difícil", "este esforço hercúleo nacional colectivo que vivemos", "num momento de enorme exigência", "a exigência do momento, a dificuldade do momento", "mas este é o esforço colectivo", "um esforço colectivo de todos", "um esforço de todos para identificarmos as necessidades", "o esforço de mobilizarmos todos os recursos tem sido difícil", até "porque estes tempos não são fáceis".
Mostrou mesmo um slideshow resumo de todas as medidas em 2020, com trabalhadores abrangidos, empresas candidatas, apoios sociais, dados do desemprego, incluindo dados sobre "a nossa agenda 2021", com os "números mais recentes", de Janeiro passado. Desdobrou-se em referências a nomes de "programas", desmultiplou-se em valores mobilizados "neste esforço colectivo", num "retrato da intensidade do trabalho que temos feito".
A ministra manifestou, assim, "toda a disponibilidade para a transparência" da informação e afirmou - quando foi criticada - que "tem de haver um esforço de mobilização e não de ruído".
Mas na verdade a página do Ministério, criada para divulgar junto da sociedade, das universidades e cientistas, precisamente a evolução desses apoios - para que todos pudessem aferir de que forma se estava a salvar as populações e a economia - continua em baixo sem qualquer actualização... desde 16 de Outubro passado. E sem que haja uma explicação oficial para o facto, mesmo apesar de questionada há semanas.
Não se entende este encerramento da página, mais a mais quando se está a viver uma segunda vaga logo seguida de uma terceira vaga ainda mais violenta, que ultrapassou em muito a amplitude dos contágios conhecidos na primeira vaga, quando a página foi criada.
E sobre essa segunda e terceira vaga, nada se sabe, a não ser os valores que a ministra do Trabalho resolve fornecer, quando resolve fornecer, da forma que resolve fornecer e a quem resolve fornecer.
Omitir informação é transformar objectivamente as declarações oficiais em notícias, a criar nas alturas que o Governo acha mais convenientemente politicamente, sem que se dê a todos a totalidade da informação que permita contextualizar o que é declarado. Aliás, nesta mesma manhã, o Tribunal de Contas divulgou um relatório em que questiona a fiabilidade da informação divulgada pelo Ministério relativa ao 1º semestre de 2020.
Não parece, pois, transparente da parte do Governo, algo que não parece incomodar a equipa do Ministério do Trabalho, dado que esta realidade se mantém há quase quatro meses.
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