Se a UGT não existisse tinha mesmo de ser inventada para assinar acordos, todos os acordos, de concertação social, incluindo o mais regressivo do tempo da troika, lembrem-se. A concertação tem sido de resto um dos instrumentos para fazer passar por nacionais as instruções implícitas ou explícitas vindas da UE.
Perante a barragem mediática, é preciso então dar a palavra à CGTP, que assinala criticamente algumas dos recuos planeados, num quadro onde os avanços são marginais, confirmando-se que a herança regressiva da troika e toda as malvadezas ainda antes desta estão a ser no essencial mantidas.
Cá por baixo, os representantes dos patrões subscrevem e a direita aprovará na AR, naturalmente. Já as esquerdas comunista e bloquista são claras nas suas posições críticas. Na melhor das hipóteses, esta solução governativa não passará, por responsabilidades do PS, de um compasso de espera na área laboral, uma das mais decisivas. Por sua vez, lá por cima, os guardiães desta ordem, na Comissão Europeia e no BCE, não têm ainda razões para preocupação, obviamente.
A notícia da viragem à esquerda do PS foi manifestamente exagerada. E exagerada talvez se venha a revelar a força do PS, tendo também em conta os ventos europeus. Já quem fala de viragem à esquerda do PS e não é de direita está a ser vítima de um fenómeno conhecido da economia política: preferências adaptativas.
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20 comentários:
"A chamada viragem à esquerda do PS foi manifestamente exagerada."
I told you so...
As pessoas podem mudar mas é muito difícil, certamente não é algo que aconteça da noite para o dia.
Os socialistas continuam a não reconhecer - genuinamente - que o Euro é uma das causas da degradação tanto económica e social como da própria democracia.
E o mesmo vai acontecer com a alegada "recuperação económica" que o P.R. Catavento já chamou de milagre, é tudo muito artificial e forçado...
"Pagam uma miséria e nem dá para as refeições diárias"
Sindicato denuncia condições muito precárias de trabalho nas multinacionais de entrega ao domicílio: 1,35 por cada entrega. Uber Eats subiu de 90 para 500 parcerias em seis meses
https://www.dn.pt/portugal/interior/pagam-uma-miseria-e-nem-da-para-as-refeicoes-diarias-9405018.html
É isto que chamam de "recuperação"?
E depois queixam-se dos populismos...
Utilizarem a condição dos mais fracos(primeiro emprego e desempregados de longa duração) para lhes rebaixar as condições laborais é indecente, este é o início da queda do PS.
Excelente posta
Só fica surpreendido quem não conhece as peças e o seu passado. É parte daquele plano de estar mais preparado para a crise através da falência privada.
Desde a expulsão do Paraíso é só 'malvadezas'!!!
Há gente que não estará satisfeita até que um contrato de trabalho seja equiparado a uma penhora.
"Se a UGT não existisse tinha mesmo de ser inventada para assinar acordos"
A UGT e...
os "centros de decisão" da dolosa democracia representativa.
A sistemática desqualificação do Soberano em prol do narcisista representante, mostra bem o propósito da "coisa"!
Ah, pois e veja lá se as greves a torto e a direito nos transportes, na educação, na saúde, em resumo nos serviços públicos e que devem estar ao serviço de um público que tem registado progressões salariais bem mais modestas que as dos ditos funcionários, professores à cabeça, não fazem com que os cidadãos depositem a culpa não à porta do Governo, mas de quem faz uso das paralisações para avançar uma agenda política e fazer prova de vida, em vez de simplesmente servirem para lutar pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
É que tal utilização do sindicalismo pode ser tudo, mas não é certamente social-democrata.
E depois, não são só os funcionários públicos que votam...
Quanto à dita viragem do PS à Esquerda, tem toda a razão, não aconteceu e para perceber isso não é preciso invocar o formulário 'adaptativo' marxista (refiro-me às tentativas recorrentes dos seguidores de Marx de despacharem o óbvio com racionalizações). Felizmente, digo eu...
Só não se percebe por que em vez de defender um voto contra inconsequente do PCP-PEV e do BE, o João Rodrigues não vai mais longe e defende ao invés a apresentação de uma moção de censura...
Ou melhor, percebe-se. Conversa fiada, é o que é...
Partidos reaccionários como o BE e o PAN, que aliás defendem melhor os direitos dos cães doentes do que os direitos dos operários velhos ou incuráveis! claro que o papel da UGT (PS/PSD/CDS) sempre foi defender os interesses da burguesia...
Oh Jaime, agora a eurolândia ia deixar que houvessem progressões salariais, ao fim de 30 anos de ciclos de estagnação/austeridade?
Que os cidadãos não percebam os balanços sectoriais é infelizmente normal, agora quem perde tempo a ler este blog ainda acha a economia estável? Enfim.
Jose parece não estar satisfeito até que volte o trabalho escravo
Ah que saudades o tempo do império colonial e da protecção do Estado Novo aos parasitas dos empresários ditos portugueses
Conversa fiada e desnorteada a deste Jaime Santos
Agora até empurra a responsabilidade de um voto de confiança para João Rodrigues.
Estará bom da cabeça ou o seu défice democrático não lhe permite ouvir e ler outras opiniões que não as conformes a um neoliberalismo cada vez mais assumido ( pelo menos ) por algum PS ?
De acordo com a OCDE Portugal continua a ter das legislações laborais mais rígidas do Ocidente. Mas para os camaradas não chega!
http://www.oecd.org/els/emp/oecdindicatorsofemploymentprotection.htm
A Venezuela é de longe o país com maior proteção no trabalho, de acordo com a OCDE!
Portugal também aparece destacado. Vede os países de topo, se serão os melhores para habitar.
Paradoxos cuja racionalidade económica explica!
Mas a racionalidade nunca foi o forte dos camaradas
E lá está o pimentel ferreira a fazer pela vida e a insultar a inteligência dos demais-
Muda de camisa e volta ao ataque, embora tudo isto já seja tão requentado como a sua própria fotografia
Cita relatórios da OCDE, curiosamente para onde foi, pago a peso de ouro, aquele tipo que foi ministro daquele fulano de tão má memória, o Passos. Álvaro Santos Pereira foi nomeado para o lugar de economista-chefe interino da OCDE como pagamento para a sua actividade em prol dos seus.Saiu agora há dias, mas ainda assinou o Economic Outlook de Maio.
O joão pimentel ferreia pensa que somos todos parvos e que ainda nos pomos em sentido pela invocação da tralha neoliberal em funções nas pocilgas do poder?
Aqui
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2017/09/falsa-questao.html
Aparece o essencial do dito por um tal anónimo das 10 e 14. Só que assinado por um tal joão pimentel ferreira com uma sua foto de antaaaanhhooo.
Dum excelente texto de João Ramos de Almeida, dedicado a todos os trafulhas camaleões. Tanto o Pimentel/Aonio como o aonio pimentel sabe de que estou a falar
"De cada vez que ouvir falar da "rigidez da legislação laboral" quanto ao despedimento individual - como tem sido suscitado pelos deputados à direita no Parlamento, fazendo eco das "recomendações" da OCDE e da Comissão Europeia - olhe para os números acima.
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2017/05/legalizar-selva.html
Há muito mais:
https://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/03/virar-pagina-no-debate-sobre-trabalho-e_19.html
Ver este post oportuníssimo de Nuno Serra em que se desmascara o especialista em «rigidez laboral».
E as tretas aleivosas segundo as quais os" países em que as leis laborais são muito rígidas em geral crescem menos, a produtividade é menor, os salários são menores e os empregos são piores."
Mais um post notável de JRA em que, fazendo verdadeiro serviço público, põe a nu a hipocrisia patronal ( e as suas posições de classe)
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/10/por-que-defende-o-patronato-posicoes.html
"Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia do anterior governo PSD/CDS, entre Junho de 2011 e Julho de 2013, foi, desde 1 de Abril de 2014 até há muito pouco tempo, director da divisão de estudos das economias dos países da OCDE, responsável por recentes estudos económicos sobre Portugal feitos por esta organização.
Na sua passagem pelo anterior governo, para além de ter sido um dos principais interlocutores da troika nas suas visitas trimestrais ao nosso país, ficou ainda conhecido pela defesa acérrima da exportação do nosso pastel de nata, como produto genuíno da nossa pastelaria, o que levou muitos a considerá-lo o embaixador do pastel de nata.
Ao fazermos a leitura deste estudo da OCDE sobre a evolução recente da nossa economia não podemos deixar de levar em conta o papel que nele certamente teve o ex-ministro da Economia do anterior governo.
Só assim se percebe que neste relatório da OCDE se constate o óbvio: a nossa economia está a recuperar após o mais longo período de recessão de que há memória, que nos conduziu para níveis reais do PIB do início deste século, níveis de investimento de finais dos anos 80 do século passado, níveis de desemprego nunca antes registados e níveis de emigração sem paralelo, nem mesmo nos anos 60. Mas se esqueça do papel das mudanças de política, encetadas com a entrada em funções do novo governo e a assinatura das posições conjuntas entre o PS e os partidos à sua esquerda, na continuação da retoma económica registada em 2016 e nomeadamente no contributo que a melhoria do rendimento das famílias teve no crescimento do consumo privado.
Só assim se percebe que este relatório atribua às famosas reformas estruturais que o anterior governo levou a cabo, nomeadamente o ministro Álvaro Santos Pereira, que tutelou directamente no seu ministério a «reforma da legislação laboral», a coberto do acordo com a troika (BCE/UE/FMI) e como contrapartida pelos cerca de 78 mil milhões de euros de financiamento concedidos entre 1.º semestre de 2011 e o 1.º semestre de 2014, o mérito pelo início da recuperação económica, quando esta só se iniciou após uma queda acumulada de cerca de 7% do PIB. Pode mesmo dizer-se que a retoma só se iniciou depois da nossa economia ter batido no fundo e quando novas eleições legislativas se aproximavam a passos largos"
"Reformas estruturais que mais não significaram do que ataques aos direitos dos trabalhadores, com o congelamento do salário mínimo nacional durante quase quatro anos, com o congelamento das reformas e pensões e com o congelamento e redução das remunerações na administração pública, com cortes nas indemnizações por despedimentos, nos montantes e condições de concessão do subsídio de desemprego, no pagamento das horas extraordinárias e trabalho suplementar, com a redução do emprego na administração pública, com a suspensão parcial dos subsídios de férias e de Natal dos trabalhadores da administração pública, reformados e pensionistas, com a criação da sobretaxa extraordinária de IRS em 2011 e a sobretaxa de IRS a partir de 2013, a revisão e limitação dos benefícios fiscais em sede de IRS, as alterações dos escalões e aumento das taxas do IRS, o aumento da taxa normal de IVA para 23%, a sujeição do consumo de electricidade e gás natural à taxa normal de IVA e as reestruturações das taxas de IVA.
Reformas estruturais que mais não significaram do que cortes nas prestações sociais não contributivas (abono de família, complemento solidário para idosos e rendimento social de inserção), aumento das taxas moderadoras, cortes nas despesas com Saúde e cortes nas despesas com Educação.
Reformas estruturais e políticas de austeridade que ao mesmo tempo que significaram uma redução dos rendimentos do trabalho de cerca de 3,4 mil milhões de euros entre 2011 e 2015, corresponderam a um aumento do excedente bruto de exploração (lucros, juros e rendas) de cerca de 4 mil milhões de euros.
Objectivamente da aplicação do chamado programa de assistência económica e financeira (programa da troika) o que resultou foi o agravamento da distribuição do rendimento nacional em detrimento dos rendimentos do trabalho e a favor dos rendimentos do capital.
Quando nas suas principais recomendações para a economia portuguesa a OCDE insiste em falar na manutenção das reformas estruturais e no prosseguimento da consolidação orçamental, não resisto a citar o Tribunal de Contas no seu parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2014 (pág. 153, caixa 5 – implementação do programa de assistência económica e financeira 2011/2014): «o ajustamento orçamental efectuado entre 2011 e 2014 com o programa de intervenção da Troika foi essencialmente suportado por operações de natureza pontual – a transferência dos fundos de pensões, as reprivatizações e concessões e a regularização de dívidas fiscais e à segurança social – e por medidas reversíveis – as reduções remuneratórias e a suspensão dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, reformados e pensionistas, as sobretaxas em sede de IRS, a contribuição sobre o sector bancário e a de solidariedade e as alterações na tributação directa e no regime do IVA. Não se identificam medidas suficientes que apontem para alterações de natureza estrutural».
"Fica claro que para a OCDE só será possível prosseguir a consolidação orçamental transformando em irreversíveis medidas que o governo anterior começou por vender aos portugueses como reversíveis logo após a saída da troika, mas que para o fim do seu mandato já só defendia lá mais para a frente, em 2018, 2019 e 2020.
No fundo, para o pensamento neoliberal omnipresente na OCDE falar em medidas estruturais significa aprofundar os ataques aos direitos laborais e sociais, e falar em consolidação orçamental significa redução da presença do Estado na economia e na sociedade ao mínimo indispensável, para que o funcionamento dos mercados do trabalho, dos bens e serviços se faça «livremente».
Assim sendo não deu mesmo jeito nenhum que um Governo PS minoritário tenha sido forçado em 2016, por acordos à esquerda, a repor feriados e salários e horários na administração pública, a reduzir as restrições à contratação de pessoal na administração pública, a reduzir as taxas moderadoras, a reduzir o IVA na restauração, a introduzir a cláusula de salvaguarda do IMI, a iniciar o fim da sobretaxa de IRS, a iniciar o combate à precariedade do trabalho na administração pública e a iniciar a travagem do combate à destruição dos serviços públicos.
Para a actual azia do secretário-geral da OCDE e dos seus adjuntos, o pastel de nata não é solução, mas existem umas pastilhas que talvez ajudem"
(José Alberto Lourenço)
Mas foquemo-nos naquela afirmação de pimentel ferreira que se inicia pelo seu habitual "vede".
"Vede os países de topo, se serão os melhores para habitar.(Quanto à maior "protecção no trabalho" de acordo com o pimentel ferreira)
Vamos "veder" os países do topo?
Venezuela
China
Belgium
Germany
Indonesia
Latvia
Montenegro
Netherlands
France
Italy
Czech Republic
Luxembourg
Portugal
Mas não encontramos lá a Holanda, o país de habitação do pimentel? E a Alemanha, a "pátria" amada de pimentel? E a França? E a Itália?
Paradoxos cuja racionalidade económica explica! Mas a racionalidade nunca foi o forte do camarada pimentel ferreira.
Um contorcionista a fazer exercícios de malabarista
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