sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Sinal

PS, PSD e CDS-PP travam regresso dos CTT à esfera pública e Vieira da Silva volta a defender prémio para baixos salários através da TSU. Duas notícias sem ligação aparente a não ser o sinal relevante de que em Portugal, e ao contrário do que se está a registar no trabalhismo britânico, por exemplo, a Terceira Via continua na prática a dominar uma social-democracia que acha que se pode salvar nesta região dependente através do bloco central europeu de que falava recentemente Centeno (que de resto nem sequer finge que é social-democrata, como se sabe).

O que vai valendo para algumas coisas importantes é não terem a maioria absoluta, ao mesmo tempo que nesta correlação de forças os avanços nas decisivas matérias de relações de propriedade e laborais são demasiadas vezes anulados pelas alianças com a direita, também fruto da pressão externa (Centeno encarna agora claramente esta duas dimensões, já agora). Neste contexto, creio que os factores de crise da social-democracia por essa Europa afora, produto da sua aceitação de demasiados termos euro-liberais, também se manifestarão por cá. Provavelmente, e de forma não desprovida de eventual paradoxo, tão mais intensos quanto por mais tempo forem contidos pela conjuntura económica e política.

8 comentários:

Jose disse...

«os avanços nas decisivas matérias de relações de propriedade e laborais»

You wish! Em tradução livre: Querias!

Sem dúvida é esse o ponto em que tudo se decide e onde a geringonça faz jus ao seu nome próprio: manter a mama rosa a funcionar a troco de migalhas.

Geringonço disse...

Digam lá se uma maioria absoluta do PS não vai ser fantástico!

Terão "europeísmo" ao pequeno almoço, almoço, lanche e jantar todos os dias da semana...

Até o sabão com que se lavam é feito de "europeísmo". Atrevam-se a não cheirar a "europeísmo"!!

Anónimo disse...

Mais uma vez a lucidez de João Rodrigues

Anónimo disse...

"You wish"

Em tradução livre: jose queria que salazar tivesse bolas e carácter.

"queria" ( esta mania do tratamento coloquial deriva do tal tratamento com as balls de salazar?)

Mas depois a realidade submergiu-o. De forma tão humilhante que entupiu.

Adivinha-se todavia os seus suores frios e as suas preces quando perante a hipótese de "avanços nas decisivas matérias de relações de propriedade e laborais".

E nem as mamas ou as balls de salazar a que se agarra desta forma desesperada fazem esquecer duas coisas:

- o outro entupimento histórico de jose quando deparou que afinal os anos de chumbo da canalha não vingaram.

- os sinais que vão aparecendo aqui e ali, a mostrar que o querido bloco central está por aí à espreita.

Jaime Santos disse...

Para já e enquanto a conjuntura assim permitir, não se vê nada João Rodrigues.

Quanto à Social-Democracia lembre-se, apenas de um facto. Contrariamente ao Comunismo, ela tem mudado desde sempre, a começar pelo famoso programa de Gotha e passando pelo de Bad Godsberg. O primeiro morreu, ela definha, esperemos que mude a tempo. Não espere é que mude no sentido que deseja. Até porque, volto a perguntar, quando é que a Esquerda à esquerda da Social-Democracia não fez outra coisa que não combater e até reprimir a Social-Democracia? É francamente hipócrita vir agora chorar pela atual crise (a não ser que na verdade se regozije secretamente com isso).

Por isso, parece-me que os seus desejos não são outra coisa que não wishful thinking. E se Centeno não é Social-Democrata numa coisa ele é bastante melhor que todos os Economistas à sua esquerda ou direita. As previsões dele acertam...

Quanto à inexistência de maioria absoluta, eu também espero que ela não se repita, porque não quero que o PS fique com todos os tiques do primeiro Governo de Sócrates. Mas, para isso, também é preciso que o resto da Esquerda faça a sua parte. Comecem por deixar que o Governo termine a legislatura e depois não coloquem tais exigências programáticas ao PS que ele tenha a desculpa de poder pedir a dita maioria... Mais vale um pássaro na mão...

Anónimo disse...

Mais uma vez,como dizer isto sem ser considerado como ofensivo para o caro Jaime Santos?

Tudo muda e mundo é composto de mudança. Mas há uma matriz que deve ( ou devia ) ser respeitada. As coisas quando mudam de uma forma radical deixam de ser passiveis de ser definidas como tal

Os exemplos abundam. Macron foi socialista. Abandonou o seu próprio partido e assumiu o seu outro posto. Nem ele já se assume como social-democrata. E todavia ainda há quem o tente vender com as vestes de tal
Não se sabe se têm medo de usar palavras mais fortes para o fulano. Ou se subrepticiamente vão deslizando para o lugar em que aquele está. Outras formas é certo de tentar vender gato por lebre. Ou de se ir justificando as pequenas ( ou grandes) traições

Tudo também é criticável e passível de crítica. A social-democracia também. A "social-democracia" idem-idem. Como o comunismo ou o Centeno,a quem não basta um rótulo bastante duvidoso de "tem acertado com as previsões" para o tornar "bastante melhor". Há todavia uma coisa que se regista com agrado. Foi abandonada aquela classificação tão pateta como cómica de Centeno ser o "mais revolucionário de".
É que o ridículo mata. E estamos a falar de "argumentos"

Anónimo disse...

A esquerda à esquerda da social-democracia tem todo o direito de a criticar. Ainda tem mais direito a fazê-lo quando esta desliza para os braços dum neoliberalismo predador e se amantiza com os grandes interesses económicos. Longe vão os tempos em que se aquela se reivindicava como representante das classes trabalhadoras. Agora é este vocabulário néscio, tecnocrata e economicista, bélico e predador para uns, suave e subserviente para outros.

E as ditas críticas podem vir não só da esquerda como da direita, de todos os lados.Não se vai inquirir de onde vem ou para onde vão,se bem que isso possa ter interesse a um outro nível.

Mas é francamente não respeitador dos mais elementares direitos democráticos inquirir se quem chama a atenção para o compartilhar de cama, mesa e roupa lavada com o neoliberalismo, é de esquerda à esquerda, esquerda ao centro, esquerda em cima ou em baixo.

Quem critica não pode criticar porque já antes criticara, ou porque não é do partido ou porque não pode entrar no partido ou porque já foi do partido?

Ou porque isso não convém a quem não gosta de ouvir os bois serem chamados pelo nome?

Anónimo disse...

E como se cerca o trabalhismo britânico?

http://world.ze.tc/news/watch-it-here-mainstream-media-refuses-airtime-to-corbyns-antipress-rant-rant-included