sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Desafios da social-democracia

«Houve um tempo em que, à esquerda, reformas foram a edificação de um Serviço Nacional de Saúde, a construção da escola pública, a criação e subida do salário mínimo ou a introdução do subsídio de desemprego. Quando hoje nos são pedidas reformas, sabemos que nos estão a pedir a facilitação dos despedimentos ou o plafonamento da Segurança Social. As reformas têm de voltar a significar o que sempre significaram para nós: progresso social, concretização de direitos e aumento de bem-estar. (...) Só a defesa de um Estado Social forte e universal pode garantir liberdade para todos, e não apenas para alguns: só um sistema de saúde público e universal garante a todos, do nascimento até ao fim da vida, cuidados independentemente do seu rendimento; só um sistema público de pensões garante que ninguém chega à reforma dependente de terceiros ou da estabilidade dos mercados financeiros; só a legislação laboral pode proteger os trabalhadores da eventual discricionariedade dos empregadores. (...) O desafio da social-democracia não é hoje muito diferente do passado: garantir, num mundo em rápida mudança, a liberdade, a igualdade e a prosperidade dos cidadãos numa comunidade política que assenta num denso tecido de direitos e de deveres, de valores morais de justiça e de cooperação, e de laços de interdependência e de reciprocidade».

Do artigo de Pedro Nuno Santos no Público de ontem (a ler na íntegra aqui).

6 comentários:

Jose disse...

«do nascimento até ao fim da vida, ...independentemente do seu rendimento»

Sempre se fala em trabalhadores mas sempre se evita falar em trabalho.
A mensagem desta esquerdalhada desonesta e populista é sempre a mesma: estamos a trabalhar para dar tudo a todos, dado e arregaçado!!!

Anónimo disse...

Os eufemismos da actualidade são uma mera forma de esconder a desonestidade. Há um cem numero de pessoas dedicadas ao proxenetismo e à exploração de seres humanos, passeiam-se por todo o lado como gente de bem mas são seres absolutamente desinteressantes e desprezíveis.

Anónimo disse...

"Arregaçado"?

Este termo é curioso. Uma vez passa, duas também. Agora perpetuamente colado a sound-bytes repetitivos e desonestos de patrões deste calibre, é mesmo demais.

Falar em trabalhadores perturba Jose. Gosta mais de falar em offshores, em confederações patronais. E em viver das rendas e das heranças paternas.

"Arregaçado"?

Este termo é curioso, mas é tão freudiano

Jaime Santos disse...

Mas vale bem a pena colocar aqui o link para a resposta, muito inteligente, que Mariana Mortágua dá a PNS, também no Público. Porque ela, em contraponto a este texto, expõe as contradições insanáveis que existem apesar de tudo dentro da Geringonça. E era bom que PNS não se tivesse limitado a pairar sobre este tema e lembrado que a Social-Democracia é uma doutrina que se adapta ao tempo. Basta lembrar a crítica de Marx ao programa de Gotha ou a viragem do SPD ocorrida nos anos cinquenta com o programa de Godsberg. Quem nunca foi Social-Democrata não se deve arrogar no direito de definir o que a Social-Democracia deve ou não ser...

Anónimo disse...

Porquè Jaime Santos?

Quem nunca foi pedófilo não se deve arrogar ao direito de criticar a pedofilia?

Ou quem nunca foi toureiro não se deve arrogar ao direito do que o toureio deve ou não ser?

Ou quem nunca foi economista não se deve arrogar ao direito do que a economia deve ser?

E por aí adiante.

Já compreendeu a burrada, caro JS?

Anónimo disse...

Porque é por causa duma afirmação suspeita de JS, sobre a social-democracia ser uma doutrina que se adapta ao tempo, que permite a cada um de nós criticar o que a social-democracia deve ou não ser.

Todo o mundo é composto de mudança. Mas o que aqui está espelhado parece ser uma justificação para a traição da social-democracia face aos que devia representar. Tem o direito esta de mudar e tornar-se numa outra coisa? Claro que tem, mas ao tornar-se "social-democrata" não pode estar isenta das críticas ao que se tornou e ao que ela devia ou não ser.

E se traiu os seus ideais, não é com proclamações de que é uma doutrina que se adapta ao tempo, que consegue escapar ao juízo dos homens e à acusação de traição que impendem sobre muitos dos figurões de topo dos ditos Social-democratas