Na sequência de uma decisão judicial, o Ministério da Educação começou a facultar, em 2001, os resultados dos exames que permitem a elaboração de rankings. Em 2012, essa informação passou a ser complementada com dados sobre o perfil socioeconómico dos alunos, permitindo enquadrar uma das falhas mais grosseiras dos exercícios de ordenação de escolas: a ausência de dados de contexto, indispensáveis para interpretar, com um mínimo de seriedade, os resultados escolares.
Desde então, os termos do debate foram, apesar de tudo, melhorando. Há hoje mais pudor nas redações dos jornais em colocar nas manchetes a exaltação simplista e acrítica da aparente supremacia das escolas privadas face às escolas públicas; passou a ter-se uma noção mais clara sobre o impacto da seleção de alunos na «produção automática» dos bons resultados; sinalizaram-se problemas como a inflação de notas ou a «cultura do chumbo». Já com o atual Governo, começou a construir-se um referencial bem mais útil e interessante para aferir o desempenho das escolas, dos alunos e das comunidades educativas, os percursos diretos de sucesso.
É por tudo isto que está ao nível da mais intolerável indigência e despudorada propaganda a forma como José Rodrigues dos Santos, no telejornal de ontem na RTP1, se referiu aos «resultados» do «ranking» de escolas de 2017 (não deixem de ver, a partir do minuto 9). Disse o «jornalista»: «O ranking das melhores escolas do secundário voltou a ser dominado pelas privadas. Nas primeiras cinquenta melhores escolas de Portugal só há quatro públicas. No primeiro lugar do ranking está o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, cujos alunos obtiveram nos exames nacionais uma média de 14,9 valores. A seguir, está o Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, e depois vem o Colégio Manuel Bernardes, em Lisboa. No ranking, em que a RTP segue os critérios do jornal Público, a primeira escola pública só aparece no lugar 32. É a Secundária Garcia da Horta, no Porto, cujos alunos obtiveram uma média de 12,4 valores nos exames nacionais. Segue-se a secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, e depois vem a Clara de Resende, no Porto. Se olharmos para as médias, as privadas chegam aos 11,8 valores, enquanto as públicas ficam pelos 10,3».
Um pingo de decência e isenção obrigaria José Rodrigues dos Santos a salientar - como fez a generalidade dos jornais, com maior ou menor realce - que as escolas privadas não disponibilizaram, uma vez mais, dados sobre o perfil socioeconómico dos seus alunos ao Ministério da Educação. O que, evidentemente, não só descredibiliza qualquer exercício de ordenação minimamente sério entre escolas públicas e privadas, como torna fraudulenta a aclamação da superioridade das escolas privadas. Que estas não queiram facultar dados do perfil socioeconómico dos seus alunos, para evitar confrontar-se com os resultados de uma verdadeira comparação com as escolas públicas, compreende-se. Que o canal público de televisão, e José Rodrigues dos Santos, optem pelo frete da desinformação e da propaganda, já é mais difícil de aceitar.
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42 comentários:
Uma vergonha de facto.
JRS a mostrar um discurso politicamente emprenhado,perdão, empenhado, ao lado dos interesses que defende. Desta forma enjoativa e charlatã.
Os jornais da direita que se auto-intitula de 'sofisticada' apresentam os rankings dos alunos como se fossem os rankings das Escolas. As Escolas privadas seleccionam os alunos e as alunas. Logo o ranking é dos alunos e das alunas.
Se as Escolas do falso ranking da SIC-Expresso e que aparecem nos dois primeiros lugares tivessem os alunos das duas Escolas que aparecem nos dois últimos lugares fracassavam.
Todos os jornalistas de Direita praticam esta fraude, gostam de enganar as pessoas.
(José Freitas)
Caro Nuno Serra:
Esclareça-me uma dúvida, pois admito estar errado.
As escolas privadas têm o maior desvio entre as médias internas e as médias externas, não é?
Se isto for mesmo verdade, isto é, se eu não estiver enganado na leitura que fiz, porque razão o fazem se depois, nos exames, têm tão bons resultados?
Caro Manuel Silva,
Nos últimos anos, tem sido prestada maior atenção aos desvios entre a média da nota interna (de frequência) e a média da nota dos exames. Esses desvios assumem duas formas: casos em que a nota interna supera significativa e consecutivamente a nota do exame (inflação de notas) e casos em que a nota interna tende a ficar significativa e consecutivamente abaixo da nota nos exames (subvalorização, pelas escolas, dos conhecimentos e capacidades dos alunos).
Tanto uma como outra situação, e cada uma à sua maneira, são críticas. Relativamente aos resultados de 2017, em matéria de inflação de notas (isto é, resultados em exame significativa e repetidamente inferiores aos obtidos por frequência), verificou-se por exemplo que «há 11 escolas que estão sistematicamente entre as que atribuem classificações desalinhadas para cima (ou seja, classificações internas superior às das provas nacionais). São todas do Norte do país. Apenas duas são públicas» (como se refere nesta notícia do Público: https://www.publico.pt/2018/02/03/sociedade/noticia/onze-escolas-inflacionam-notas-dos-alunos-ha-nove-anos-seguidos-1801563).
Tudo isto bem a propósito da bondade natural da escola pública?
Ou será que perturba a justa tranquilidade de boa parte dos funcionários públicos?
Ou será que o mercado da escola privada acaba por exercer benéfica pressão sobre a condicionada oferta da escola pública?
Aprecio o teor desta critica, no entanto a critica acaba por cair ela própria numa armadilha. As novas Teorias da Gestão e da Economia pensam que podem "medir" a performance de uma escola, de um professor, como podem medir a performance de uma unidade de saúde, de um médico, etc. Ora isto é uma fantasia absurada!! Não se pode medir coisas de tal complexidade! Uma coisa é medir o numero de porcas apertadas numa linha de produção Taylorista, outro coisa é medir educação ou saúde! Eu sei que daria jeito aos teóricos destas disciplinas que a realidade fosse assim fácil, mas não é! E enquanto não se derem conta disso continuarão a produzir teorias que são pseudo-ciência, cuja aplicação em larga escala no domínio das políticas públicas, apenas levarão a maior destruição dos respectivos sistemas públicos! É este o combate, cientificamente sério, que tem que ser feito, e começa já noutros países a ocorrer, em níveis de seriedade intelectual bem mais altos, com propagação descendente, com a necessária reversão de políticas públicas anteriores...
Ou de como ao mesmo tempo este sujeito de nickname jose mostra aquele jeitinho natural para fugir ao que se denuncia, enquanto proclama o primado do seu preceituário ideológico.
Ao problema da desinformação e propaganda diz nada, como costuma dizer. Percebe-se porquê. Solidariedades com uma informação néscia e com o plumitivo em funções
Esta "esquerda", que se encontra na RTP, cada dia que passa, esta a fazer de tudo (a cama) para que a direita ultraliberal, e a mais reaccinário do país a voltar ao governo e à RTP! E fico por aqui , porque posso ser multado ou preso...
Tudo isto vem a propósito da pesporrência ideológica de quem publicou centenas de posts a favor do negócio das privadas a viverem de rendas cobradas ao erário público.
"Bondade natural" de qualquer escola pública é uma asneira de alto calibre. Não existe tal e Jose devia ser o primeiro a saber, já que a escola "pública" da legião não a tinha como nunca a terá
"Justa tranquilidade" de boa parte dos funcionários públicos é apenas o sentir enraivecido contra quem trabalha. Com o seu ponto alto nos funcionários públicos ( outros eram sobre as minorias étnicas). Se se falar na Goldman-Sachs ( perdão, na linguagem codificada do Jose, G&S) soltar-se-á de imediato e proclamará o seu inalienável direito ao saque ( perdão, ao lucro ) seja de que forma tal saque (perdão, lucro) seja obtido.
Atente-se no pormenor picaresco como acaba por revelar o que lhe vai na alma. " O mercado" da escola privada.
Todo ele sorrisos. As "oportunidades de negócios". mais a taxa de lucro a todo o custo, são mesmo o alfa e o omega da cupidez do Capital. E os consultores financeiros vivem disto
"com a necessária reversão de políticas públicas anteriores..."
Aqui é que a porca torce o rabo. É um mundo e cabe aqui tudo. Ora o "caber tudo" é por definição suspeito de outros objectivos.
Mais o combate que está a ocorrer noutros países e que é cientificamente sério e sem o qual haverá maior destruição dos sistemas públicos.
Mas por outro lado tal combate levará "à necessária reversão das políticas publicas anteriores". Mas estas até são suficientemente boas para se temer a sua maior destruição?
Confuso?
Cheira a .
O anónimo das 14:09 tem toda a razão. O que deveria estar escrito, para uma coerência lógica maior do post, seria: maior cautela na excitação reformista!
Caros visitantes do LdB:
(Excepto o olharapo José),
Para quem quiser ficar a conhecer o alto quilate intelectual deste jornalista-relativo, de seu nome José Rodrigues dos Santos (JRS), arvorado em Nobel da Literatura (de pacotilha), gaste uns minutos a ler a análise crítica às suas «obras» (de pacotilha) que lhe fez António Araújo.
Quem só consegue produzir esta «qualidade literária» espelhada em coisas a que chama livros, dificilmente poderia produzir algo que se assemelhasse a informação, a notícias, e não a propaganda ideológica, que é o que acontece com este sujeito.
E sabem que é António Araújo?
Não é um sectário da Esquerda que embirrou com o JRS, o qual não passa de um traste da Direita neoliberal sem vergonha.
António Araújo é um sujeito de Direita mas com muito nível intelectual, muita substância no que diz e escreve, não é um vendido por um prato de lentilhas.
Foi conselheiro do Cavaco Silva e penso que se manteve com o Marcelo.
É professor na Faculdade de Direito.
Tem um blogue fora do comum que se chama Malomil, que vale a pena visitar regularmente.
Ora leiam o que disse sobre a «obra literária» do JRS:
http://malomil.blogspot.pt/2014/11/rodrigues-dos-santos-sexualidade-das.html
O texto é grande, mas garanto-vos que se vão fartar de rir.
Mais recentemente, o António Araújo manteve uma polémica no jornal Público com o JRS a propósito de um dos seus gatafunhos em livro em que este cromo afirmava que o Fascismo era filho do do Marxismo.
Foi ridicularizado que até meteu dó.
Também, não merece mais.
Ahahahah
Uma delícia esse texto de Malomil. Uma boa achega.
Mortífero, este Malomil!
Dá bem a imagem de uma literatura a metro, ou à página, onde a banalidade das personagens de “lábios húmidos e fofos” brota da fronte búlgara de escritor bulgaridades de aviário de JRS.
Um mimo senhores! Um primor senhor doutor!
Quem insulta a obra de JRS - de quem não li nem estou a caminho de ler qualquer livro - insulta os muitos leitores que tem.
Nada mais fácil para a esquerdalhada que faz disso profissão, e do mesmo modo para intelectuais que ninguém quer ler.
Se não soubessemos como os "escritores" modernamente são "coached" pelas editoras com "escritores-sombra" para debitarem os seus soporíferos produtos de consumo ainda podiamos ter algumas dúvidas.
O facto de "muita gente ler" não é certificado de qualidade. Apenas quer dizer que o marketing é eficiente.
JRS nunca escondeu as suas simpatias ideológicas desde os tempos em que fez aquelas entusiastas reportagens da famigerada Guerra do Golfo.
Não há nada de novo no seu comportamento. Estranha-se é que não haja contraditório às suas diatribes ideológicas, com igual tempo de antena, bem entendido.
E já agora a liberdade de expressão que é um dos supostos fundamentos das democracias ocidentais engloba a liberdade de criticar coisas bem mais sagradas do que as patetices pueris de JRS.
E a mordaz critica de Malomil é de facto excelente.
S.T.
Ó olharapo José:
Eu convidei-te a não te meteres neste debate, pois os teus parâmetros vesgos de análise não são compatíveis com a livre crítica, quer aos chamados livros do escrevinhador JRS, quer aos livros de um qualquer escritor verdadeiro.
Mas tu, como te sobra em seres metediço o que te falta em vergonha na cara, entras sempre sem ser convidado e até mesmo quando não es desejado.
Da tua tortuosa resposta resulta, mais uma vez, a divisão do mundo a preto e branco: os teus queridos da Direita são sempre bons,os teus inimigos da Esquerda Esquerdalhada são uns insultuosos.
E tu és o quê^?
Um atrasado mental que nem tem consciência da triste figura que faz aqui, cumprindo caninamente a missão que alguém te encarregou.
Fica uma pergunta no ar: o critério da máquina registadora à saída das livrarias e supermercados também se aplica ao José Saramago (que vendeu muito mais e foi traduzido para muitíssimoas mais línguas do que o teu ídolo JRS)?
Tenho dúvidas, hás-de encontrar outro critério contra o Saramago.
Manelzinho, és uma besta.
Quanto ao teu Saramago também não leio. Todo o cretino que da escrita faz, não uma meio de comunicar ideias ou entretenimento, mas manifestações de pretensas originalidades sem pontuação nem maiúsculas ou de devaneios avulsos, não pago. Podes também juntar-lhe o Lobo Antunes e uns tantos mais que de original só têm o incómodo de os ler.
Haveria uma forma muito fácil de caracterizar o perfil socio-económico dos alunos dos vários colégios de topo.
Bastaria um(a) jornalista inquirir sobre o preço das mensalidades. Ficaria automáticamente explicitado o tipo de rendimentos necessários para sustentar o elitismo do colégio particular.
Acresce que os colégios particulares padecem de outro defeito social. É que isolam as criancinhas de famílias possidentes da realidade social e das dificuldades das crianças de familias de mais baixos rendimentos.
E como "olhos que não vêm coração que não sente", fabrica-se nos colégios uma estirpe de novos cidadãos associais e desprovidos de empatia humana. Gente programada para passar por cima de tudo e todos. Técnicamente preparada mas humanamente emasculada.
O resultado está à vista em indivíduos como José, o troll, que são muito liberais mas só naquilo que favoreça os seus interesses, e incapazes até de pensar em termos de princípios com aplicação universal como a liberdade de expressão e de critica.
Tudo gente muito liberal mas só naquilo que lhe é conveniente.
S.T.
O comentario de 05/02 ás 14:01, acertou na mouche e sublinhou o que realmente está em causa pois em breve as escolas privadas virão a terreiro com a reivindicação do Interesse Publico para voltar a carga quanto ao pseudo direito a serem subsidiadas pelo Estado!
O negócio das escolas privadas foi e ainda continua a ser o garante de muito boa gente que povoa o nosso espectro politico que sempre teve nas e.privadas um "encosto" reconfortante após anos de "combate" politico e é isto e somente isto que sempre esteve em causa por detrás de arautos valores de educação de excelência, primus interpares e beca beca e coiso e tal.
Aguardo, assim, por novos capítulos pois certos media já estão a terraplanar o terreno para a manif passar... com bandeirinhas e tudo!
Mais um treteiro que assina S.T. que vem com o mantra dos «incapazes até de pensar em termos de princípios com aplicação universal como a liberdade de expressão e de critica» quando é dessa gente que aqui se me apresenta todos os dias.
Quanto aos interesses, estou farto de 'desinteressados' sempre a querer meter a boca à mama que outros haverão de alimentar.
Ha-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha-Ha
Qual terá sido o colégio em que o José andou?
Tem pinta de Valssassina...
Parece que há quem não goste de ver expostos alguns dos factores que contribuiram para as suas sociopatias.
S.T.
Não deixa de ser triste compararem aquilo, que não é comparável. Certamente não serão alheias a estas "rankrizações" os ímpetos de grandes empresários (parasitas) da educação (só para alguns), mas que se montam nos dinheiros de todos. Como a informação que se vai vendo pelas televisões é direccionada para a grande generalidade de ovelhas e carneiros acríticos, isto vai andando ao sabor da onda que desejam e lhes interessa. Como se pode comparar colégios, onde os alunos são rastreados logo à partida pelo poder económico de seus pais e formação, comparativamente a escolas publicas, onde o corpo docente não é permanente, com alunos segregados no espaço, onde a comida falta em casa, onde mal vêem os pais e que seus horizontes é terem força suficiente para carregarem com um balde de massa, quando forem adultos? Vão bugiar todos, porque é por estas e outras que a canalhada faz o que quer deste povinho, enquanto perdemos tempo a chamar nomes menos próprios uns aos outros. Dignifiquem um pouco mais este blog por favor ou então vão bugiar, ali para os lados do Tejo numa bóia.
É pela denúncia de situações deste tipo que quase todos nos movemos, a começar pelos autores deste blog, com a diversidade plural que estes mostram.
Mas uma coisa é esta abordagem séria e sustentada com argumentos, com factos, dados e princípios ideológicos, outra coisa é apascentar o rebanho como se todos estivéssemos interessados no mesmo. Como se aqui não passasse a luta inevitável entre lados diferentes da contenda.
E francamente, respeitando os limites da decência e do diálogo, a luta que se trava quotidianamente tem protagonistas,interesses antagónicos, classes sociais, explorados e exploradores.
O meio bloguista está suficientemente enviesado para um dos lados.A manipulação sistemática feita mercê da criação de perfis falsos, de servidores amestrados algumas vezes pagos para executar tal tipo de trabalho ( já demonstrado por exemplo nalgumas eleições internas de partidos de direita, ou na actividade de lobbies por exemplo incensando Israel) mostra que isto não é propriamente um debate entre meninos de coro.
Porque temos uma responsabilidade acrescida na denúncia duma sociedade predadora, porque nos compete discutir alternativas plurais, não podemos nem ficar calados nem não tentar desmontar a máquina infernal de desinformação do inimigo. A aquisição de massa crítica informada e combativa para este combate sem quartel é necessária
E o LdB é, para todos os efeitos, um dos poucos "sítios" onde se combate de forma séria e fundamentada toda a tralha neoliberal que também aqui tem os seus próceres
Não deixam de merecer uma denúncia frontal as posições de Jose. Já se sabe ao que anda, o que o move, qual a ideologia que professa, de que lado está nesta questão de exploradores e explorados.
O que impressiona todavia é a manipulação sistemática com que nos brinda.A forma como muda de discurso de acordo com os seus objectivos estratégicos, não hesitando nem na aldrabice, quantas vezes na mentira pura e simples, nem em dar o dito pelo não dito.
Sabemos quem é JRS. Como ST disse aí em cima, JRS "nunca escondeu as suas simpatias ideológicas desde os tempos em que fez aquelas entusiastas reportagens da famigerada Guerra do Golfo". Ele colocou-se do lado do agressor duma forma vergonhosa e fê-lo sem vislumbre de qualquer hesitação ou de imparcialidade. Fê-lo também sem qualquer contraditório. Também sabemos de que lado está JRS no que diz respeito às questões das funções sociais do Estado, do ensino público, do ensino elitista, dos colégios privados, dos "negócios" privados em torno dos colégios privados,etc.etc.etc.
Sabemos que JRS tem uma tribuna descomunal comparada com a voz deste e doutros blogs. Sabemos que JRS a usa duma forma despudorada e sem qualquer sombra de distanciamento. É um peão profundamente empenhado num dos lados da barricada. O contraditório também não existe na nossa televisão dita pública
Mas, para além de JRS ser o que é, é também um "escritor". "Escritor" demasiado medíocre para ser levado a sério. O que já foi dito aqui denuncia-o e desqualifica-o. Com dados concretos como os trazidos por um excelente crítico.
E aqui entra Jose. Impotente para defender a qualidade literária de JRS ensaia um "Quem insulta a obra de JRS... insulta os muitos leitores que tem"
Quando confrontado com o facto que quem insulta a obra de vultos muitos maiores, insulta também os muitos leitores que tem, o que faz então este jose?
Mete os pés pelas mãos. Cala-se sobre o dito antes. Já não fala nos muitos leitores assim insultados. Foge. Mas faz mais. Parte com aquela coerência de cruzado fundamentalista para o insulto directo ao escritor citado. Tem a ousadia e a pesporrência, o esgar sinistro e à Sousa Lara, de chamar cretino a Saramago e a Lobo Antunes.
E numa demonstração patética e confrangedora confirma toda a sua vetustez na forma como "aprecia" a escrita de vultos reconhecidamente maiores da literatura. Não consegue ter o distanciamento,a capacidade intelectual, a dignidade ética de fazer uma destrinça entre a qualidade e o seu gosto pessoal. Livre é de gostar. Já não o é de insultar como cretino quem não consegue perceber e que nem consegue ler
Porque este babar ideologicamente impregnado, culturalmente medíocre, visceralmente troglodita, não pode passar impune. Porque não se admite este palavreado prenhe de "mamas" e de insultos soezes (também tem um rancor particular a Eça, que lhe desmontou as suas manhas e os seus trejeitos um ror de anos antes de ter nascido).Porque é também
em nome duma discussão mais elevada que não se deixam passar tais posições ultramontanas e de beato medieval.
O Cuco, qualificado crítico literário, vai seguramente explicar o que a falta de maiúsculas e pontuação acrescenta à obra literária.
Já os monólogos pós-traumáticos do soldado colonialista Lobo Antunes seguramente lhe suscitarão prosa do mais arrepiante dramatismo.
Lamento não saber como vos mostrar a imagem da edição comemorativa dos 100 anos do nascimento de Eça de Queiroz, que com os seus XV volumes (encadernação com a efígie do autor) me acompanham desde a infância e são hoje a mais nobre parte da minha biblioteca.
Lamento mas seria bom que este Jose compreendesse duas coisas:
-que se deixasse de monólogos pós-traumáticos do colonialista Jose em torno dos seus complexos em torno de cucos
-que ao menos percebesse o que se escreve e se deixasse destes lamentos idiotas.
É exposto o comportamento de Jose. "A forma como muda de discurso de acordo com os seus objectivos estratégicos, não hesitando nem na aldrabice, quantas vezes na mentira pura e simples, nem em dar o dito pelo não dito".
E exemplifica-se:
Jose dixit:"Quem insulta a obra de JRS... insulta os muitos leitores que tem"
Quando confrontado com o facto que quem insulta a obra de vultos muitos maiores, insulta também os muitos leitores que tem, o que faz então este jose?
O espectáculo confrangedor exposto inicialmente aí em cima.
E o que faz depois Jose perante esta evidência atordoadora?
Invoca os cucos maternos, brinda-nos com o seu silêncio e insulta a nossa inteligência com a sua fuga para uma "discussão" literária
Lamenta-se mas a coisa não fica por aqui.
A compreensão de um texto releva de muitas coisas. Vai-se repetir:
(Jose) "não consegue ter o distanciamento,a capacidade intelectual, a dignidade ética de fazer uma destrinça entre a qualidade e o seu gosto pessoal. Livre é de gostar. Já não o é de insultar como cretino quem não consegue perceber e que nem consegue ler.
Quer agora Jose que lhe expliquem o porquê da qualidade literária de Saramago, assente, tal falta de qualidade, na ausência de "maiúsculas e pontuação".
Como dizer isto sem ser ofensivo? Que Jose não goste do estilo, da escrita, do conteúdo e da forma de Saramago, esta é uma questão do seu foro intimo. Já confessou gostar mais das biografias de Salazar e dos pensamentos deste. Ele que fique com tal lixo
Que não reconheça a qualidade literária de Saramago ( mesmo não aderindo, não gostando ou rejeitando) é sinal claro que estamos no reino de alguma incapacidade intelectual.
Mas nem sequer é isso que está em questão. O que se apontou de forma directa a Jose é que não se deixa passar o seu insulto soez ao apelidar como cretino quem não consegue perceber nem ler.
Será que é desta que?
Como é que alguém que demonstra tantas dificuldades a este nível consegue ler Eça?
Infelizmente há mais.
A irritação e o destrambelhamento do personagem em causa são confirmadas por algo que Jose diz a seguir sobre Lobo Antunes.
Mais uma vez não se questiona o gosto literário de jose e a indigência aflitiva como crisma pelo menos alguma da actividade literária de Lobo Antunes.
Cita-se:
"monólogos pós-traumáticos do soldado colonialista"
Parece que estamos num daqueles blogues sarnentos, em que a língua dos que os frequentam, se solta à medida de todos os seus complexos culturais e civilizacionais.
Mas a marca da perturbação e da irritação está na designação de "soldado colonialista" atribuída ao escritor.
Como se sabe colonialista era o próprio Jose. A designação de "soldado colonialista", tentando retratar a realidade do jovem oficial que combateu em África, "esconde" as condições em que Lobo Antunes foi mobilizado, as ordens perversas e criminosas do colonialismo português que, sob o comando de Salazar, mandava matar e morrer em África, a opinião do escritor sobre o colonialismo e a guerra colonial e as acusações que este fez e faz aos capangas do regime. Ao próprio regime e seus cabecilhas.
Ou seja, por detrás dum jogo de palavras, o que Jose expõe é o rancor que os saudosistas do colonialismo português têm para com Lobo Antunes. Alguns dos oficiais, assumidos colonialistas e salazaristas convictos, chegaram mesmo a ameaçar, e cito,"partir o focinho" a Lobo Antunes por este revelar duma forma notável o que era o colonialismo em África e os crimes por este praticado.
Denunciou todo o horror duma guerra que apenas aumentava o ventre de quem ganhava com o colonialismo. E isto não lhe perdoaram nem perdoam
O resto é a imagem de marca de quem tenta pelas aparências, pelo lustro da "encadernação com a efígie do autor" ( tomará consciência do ridículo disto?) soltar-se da pele de tramontano personagem.
Estão por aí muitos remoques ao seu rancor por muitos dos escritos de Eça.
Um dos últimos andou em torno de Pinheiro Chagas, personagem citado como "tradutor", a propósito de "cartões de crédito" e de Bellamy
Pinheiro Chagas tem um "vasto curriculum". Defendeu por exemplo que para pôr a líder communard Louise Michel, na ordem, bastava levantarem-lhe as saias e darem-lhe um bom par de açoites, numa apologia implícita do uso da violência doméstica contra os males da emancipação das mulheres. (A história não acabou aqui e mereceu algumas valentes bengaladas a Pinheiro Chagas)
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2017/10/maquilhagens-ha-mesmo-muitas.html
Tal tipo de discurso à Chagas deve aforrar bem os ouvidos de Jose. Acontece que Eça destacar-se-ia pelo desancar frontal, verbal e contundente a Pinheiro Chagas.
Também terá a edição comemorativa deste último em encadernação com a efígie do autor, acompanhando-o desde o berço e sendo hoje a segunda mais nobre parte da sua biblioteca?
Um espelho ofertado
"Mas quê, meu Jacinto! A tua Civilização reclama insaciavelmente regalos e pompas que só obterá, nesta amarga desarmonia social, se o Capital der ao Trabalho, por cada arquejante esforço, uma migalha ratinhada. (…) E um povo chora de fome, e da fome dos seus pequeninos, para que Jacintos, debiquem bocejando, sobre pratos de Saxe, morangos gelados em champanhe e avivados de um fio de éter".
A Cidade e as Serras, Eça de Queiroz, Ed. Círculo de Leitores, p. 76
Zé a encadernação deve ser o que mais gostaste já o conteudo nem vê-lo. Fica bem lá na sala.
O séc. XIX continua a inspirar o imaginário da esquerdalhada; acredito que ainda não adaptada à presente ausência dos ranchos de coitadinhos, pedintes, aveiros e outros, subindo as calçadas, enxameando os campos...
Eça foi homem do seu tempo, bom burguês, casou com filha de conde e viu com rara perspicácia a sociedade do seu tempo, que descreveu com clareza, sentimento, e não rara ironia. E sim, gosto dos meus livros do Eça, que são magníficos, literária e materialmente.
Quanto ao mais, não se confirmaram as capacidades de crítica literária do Cuco; mais se dedicou à pratica da habitual interpretação/distorção da minha humilde prosa.
Recordou-me no entanto o quão clara e lúcida é a escrita de Salazar, de quem tenho os 'Discursos', também encadernados, mas lamentavelmente de edições sortidas. E seguramente que dentre mais de 2.000 livros encontrarei mais motivos de escandalizar o dito Cuco.
Gosta jose dos livros de Eça. Dos livros, que são magníficos "materialmente"
Eis a primeira gargalhada. Faltará completar que têm até "encadernação com a efígie do autor" para que esta se converta numa segunda gargalhada
A gargalhada a seguir é motivada pela "humilde prosa".
Faz tanto lembrar aquela "clara e lúcida prosa" do seu admirado Salazar que, proclamando-se contrariado perante o pesado fardo da governação, levantava a mão na saudação da ordem para a tornar ainda mais clara e lúcida.
A gargalhada seguinte vem directamente do que faz lacrimejar Jose.
Não, não é o facto que a riqueza esteja concentrada em meia dúzia de mãos. Ou que a fome e a miséria tenham sido património da governança daquele génio de nome Passos Coelho. Ou que meia dúzia de patrões de grandes colégios tenham vivido à custa de rendas do estado e que tenham tentado perpetuar tal condição, manobrando crianças e enchendo os blogues com os insulto da ordem.
Não. O que faz mover a corda sensível de jose é o facto dos "Discursos", aquelas idiotices manhosas e sebentas de carpideira hipócrita e criminosa (encadernados como é óbvio), serem, lamentavelmente, de "edições sortidas."
Ahahaha...uma verdadeira delícia
Uma última gargalhada antes de passarmos a coisas sérias.
Dizia Eça que "o homem que não tira os olhos de si mesmo, é quase impossível: anquilosa-se a gente num certo feitio moral, de que não sai".
Eis o retrato de jose. Anquilosado fala das efígies das encadernações e dos sortidos...e dos 2000 volumes da biblioteca.
Que ternura esta de mostrar que tem uma biblioteca. E que esta até tem, imagine-se a soma estrondosa de 2000 livros
A gargalhada vem, incontida. Uma biblioteca digna duma burguesia decadente a mostrar pergaminhos pelo número de livros? Isto é a sério? O número é assim tão grande? E neste pequeno número de livros temos as obras completas de salazar? E as suas bibliografias? E as de franco nogueira? e a correspondência entre os dois ditadores Franco e salazar a mostrar qual deles é o "mais claro e o mais lúcido"? E os milagres dos santinhos que ornamentavam a biblioteca do pervertido Salazar quando morreu , para espnato dos médicos que o trataram?
E serão também relatórios da Pide e para a Pide? Lembrando as palavras do próprio Eça, um tipo de "relatório, que, sendo destinado em definitivo a embrulhar objectos, deve ter de antemão o tamanho cómodo do papel de embrulho"?
Ou serão calhamaços, e mais uma vez citando Eça,com o tipo "de volume... impresso com o fim de ornamentar uma biblioteca"?
Lê-se e de facto custa a acreditar. Mas que dá para passar um bocado divertido lá isso dá
Muito riso pouco siso.
Passemos a coisas mais sérias, embora Eça apreciasse a ironia e o humor que arruinavam a reputação dos Condes de Abranhos.
Na brevíssima nota curricular sobre o escritor, jose ocupa-se do que é, para ele, verdadeiramente importante:
"Eça foi homem do seu tempo, bom burguês, casou com filha de conde ..."
O que é isto? Uma tentativa canhestra e idiota ( é o termo ) de fixar Eça com aquilo que é epidémico, retirando-lhe a força das bengaladas que assentava sobre o lombo do Capital? Ter-se-á visto este mesmo jose retratado naquele texto de Eça e desta forma tenta benzê-lo e normalizá-lo?
"Casado com a filha de conde"... Esqueceu-se de dizer que era filho de «mãe incógnita»?
"Homem do seu tempo"...Esqueceu-se de dizer que Eça considerava que Portugal tinha ficado parado no tempo e que o seu tempo não era o tempo dos seus contemporâneos, como o desse Pinheiro Chagas tão vergastado por Eça que só mesmo uma nulidade em Eça o pode nomear desta forma tão ignorante?
Eça não perdoava a estes burgueses com pretensões de nobres caducos e desonestos, cuja marca deixada no tecido social era a da impotência e a de vira-casaca.
Repare-se nessa obra prima, o Conde de Abranhos. Escrito em 1878, este livro mantém, é bom de ver, uma incrível actualidade. Trata-se de uma espécie de biografia de Alípio Abranhos, escrita pelo seu fiel secretário, Z. Zagalo, um imbecil que julgando fazer-nos um eloquente elogio de Alípio nos vai desvendado todos os testemunhos da sua incompetência e oportunismo.
Por exemplo, os antecedentes familiares, usados pelo “biografo” para ilustrar a nobreza do conde não passam de façanhas de arruaceiros e bêbados. O Conde começa assim a surgir como uma caricatura do nobre aldeão. A educação rural de Alípio é parodiada ( lá se vai a defesa do ensino baseado na evidência, tão ao gosto de Jose e das virtudes do ruralismo tão ao gosto da parelha Salazar/Jose)
Alípio abominava o princípio “pernicioso da igualdade das inteligências, base funesta de um socialismo perverso”, assim como a “funesta tendência” de querer saber a verdade das coisas.( parece mesmo o dito Jose, não é mesmo?) Para felicidade dos povos, a ignorância é fundamental. Que o povo acredite, aceite e não questione: eis um princípio fundamental para Alípio.
( para Alípio, mas também para Salazar. E Jose segue-lhes os passos)
Na Universidade, ele é um delator elogiado, um “lambe botas” como haveria de ser pela vida fora ( a universidade de Coimbra deu alguns exemplos deste tipo , que de convictos colonialistas, se converteram em lambe-botas vergonhosos da Alemanha uberalles.
Faz sucesso no parlamento graças a discursos barrocos e balofos, sem conteúdo. Hoje exageraria nos termos "esquerdalhada", "mamas", "cretinos", usados em modo looping
Na parte final da brilhante carreira deste imbecil típico da classe política lusa,( Passos e camarilha tiveram acessos de genialidade semelhante) Abranhos é nomeado ministro da Marinha; o Rei aceita a nomeação porque, embora não o conheça, “tem uma senhora muito galante”. Abranhos rejubila com a nomeação embora detestasse o mar e os navios. Não sabia o que era latitude e longitude; não sabia onde ficavam as colónias: só 18 meses depois da nomeação ficou a saber onde se situa Timor.
Não vale a pena perder agora tempo como estes pequenos percalços. Nem de Abranhos nem de Jose
Faltam os apontamentos finais.
Jose esconde-se atrás da " crítica literária de um tal Cuco".
Manda a verdade dos factos registar que não é isso que se debate. E que não vale a pena invocar traumaticamente esse tal cuco para tentar esconder o essencial.
Claro que se tornou claro muita coisa e que muita coisa ficou mais clara, abstraindo-me de o repetir.
Mas o que é preciso reafirmar é que se não deixa passar de forma impune estes insultos soezes, disfarçados esses sim de "crítica literária".
Há aqui qualquer coisa de cobarde na forma como se não assume sistematicamente o que se diz.Chega a ser patético este escorregar para o fadinho típico de nulidades como os "ranchos de coitadinhos, pedintes, aveiros e outros, subindo as calçadas, enxameando os campos..."
Não. Por mais contorcionismos de malabarista aflito, por mais invocações de perversos condes a assumirem discursos claros e lúcidos, por mais expressões folclóricas retiradas das obras literárias de Pinheiro Chagas e dos seus próprios versinhos a subir a calçada , não se tolera este tipo de comportamento sem o devido reparo.
Por uma questão também de defesa dos valores éticos e de cidadania.
E porque também estas manifestações de ódio face ao poder da escrita disfarçam o ovo da serpente que tenta eclodir
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