quinta-feira, 5 de março de 2015

Da pior espécie

Antiga Sala Mecenato BES (ISEG)

"Premiei um escroque da pior espécie". Com grande arrojo e não menor sentido de oportunidade, dado o actual poder de Ricardo Salgado, João Duque declarou-se assim arrependido de o ter apadrinhado num Doutoramento Honoris Causa do ISEG em 2013. Bem avisámos nessa altura, denunciando como a Presidência Duque, ao homenagear Salgado, mas também também Catroga e Mexia, estava a trair a distinta história do ISEG nesta área, atribuindo honras por razões distantes dos contributos para a Economia.

Entretanto, reparem como Duque parece conseguir estar errado de formas sempre novas, defendendo agora a transferência em curso de poderes regulatórios, daqueles desgraçadamente conformes aos mercados, para Frankfurt. Ser governado pelo estrangeiro e esperar que o interesse público seja aqui defendido é pelo menos o cúmulo do provincianismo. Será que não serviram para nada a experiência da troika, a miserável história do euro, o que se sabe sobre o poder do capital financeiro no BCE, tanto mais intensa a promiscuidade quanto maior a distância do poder e da transparência democráticas? Será que não serve para nada o que se sabe sobre a forma como o controlo estrangeiro da banca privada nacional, em curso e que também assim se reforçará, expõe muito mais o país a movimentos desestabilizadores, particularmente em contextos de crise (olhem para sul e para leste)?

Bom, ainda vamos ver apadrinhamentos de Isabel dos Santos, por exemplo, com base na ideia de um percurso que começou na venda de ovos e que acabou onde acabará. De resto, o caso BES não pode ser reduzido a uma questão de carácter, sendo preciso perguntar que estruturas produzem e favorecem estes escroques e como é que estas podem ser modificadas: diria, neste último caso, que com mais banca pública, a única forma de garantir controlo democrático e defesa do bem público que é o crédito, com controlos de capitais e com um verdadeiro Banco de Portugal, com todas as funções de um Banco Central, a responder perante o governo e perante a Assembleia da República; no fundo com aquilo que os economistas neoliberais mais temem, tendo até cunhado um nome para o seu temor, mas que acabou por resultar melhor: repressão financeira...

6 comentários:

Ricardo disse...

Estamos cercados(neste caso apoiantes do sistema em curso)por "personagens" que se enganam no caminho mas continuam a seguir em frente.Cá e na Europa.

Anónimo disse...

A BEM DA NAÇÃO!!!

http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT76298

Dias disse...

Bajulam-se, condecoram-se, atribuem-se doutoramentos Honoris Causa…
E o Duque sempre esteve do lado que lhe dava mais jeito.
Este arrependimento não resolve nada, o escroque anda à solta e o povo português lá tem que “salvar o banco bom”.

Aleixo disse...

Até no assumir de responsabilidades, os escroques...
...são ESCROQUES!

HAJA ALGUÉM QUE POSSA DIZER...

" avisámos " !

Anónimo disse...

Só me saem é "Duques".
Estes arrependimentos não interessam para nada pois o arrependido em nada mudou o seu discurso e sobretudo a sua prática.
Duques é aquilo que não nos falta. Há para aí mais que muitos e que, infelizmente, estão em lugares onde sempre podem fazer mais mal do que bem e difundir a sua miserável ideologia.

Anónimo disse...

O Duque nasceu com um jeito natural para mijar contra o vento