domingo, 26 de outubro de 2014

Prá Frente Portugal

“Em 1974, 1976, 1980, era proibido a qualquer pessoa que não fosse desse setor dizer que eles [PCP e BE] tinham razão. Eu acho que eles têm razão”, disse Freitas do Amaral esta semana, defendendo a nacionalização de 1/3 da PT para assegurar o controlo público de uma empresa considerada vital para o desenvolvimento tecnológico do país.

O espírito dos aludidos anos de bifurcação era bem mais favorável, a correlação de forças era outra, e as proibições a que Freitas alude eram paradoxalmente sinal disso mesmo, até porque estava muito mais generalizada a ideia do controlo público de sectores estratégicos como esteio do Estado democrático. As nacionalizações eram conquistas irreversíveis, segundo a Constituição. Nada é irreversível, claro.

Hoje, os termos do debate estão tão saturados de hipóteses neoliberais, são tão dominados por uma certa direita, em especial no campo da economia política e da política económica, que quem ficou mais ou menos no mesmo sítio, alguém que já se declarou influenciado, entre outras, pela tradição gaulista, tem de alinhar nestas áreas com as esquerdas realmente existentes.

Aproveito para fazer uma pergunta: dadas as convergências constantes no campo das propostas de política pública entre estas esquerdas, não é cada vez mais claro que está na hora de voltar a dar uma expressão político-eleitoral mais robusta ao ideal do povo unido?

4 comentários:

Anónimo disse...

sem dúvida nenhuma que a pergunta final tem resposta positiva, mas os mais canoros tenores da esquerda - os únicos que acedem aos poleiros da CS - já se bandearam para o terreno do António "Mais do Mesmo" Costa.

Anónimo disse...

Não me parece que a PT se revista de interesse estratégico para Portugal.

Em termos tecnológicos apenas existe a PT Inovação porque de resto a PT faz o mesmo que os restantes operadores.

Acho muito mais preocupante o sector da energia estar nas mãos dos privados.

Jose disse...

O Estado tem muitos e fortes meios de influenciar os operadores económicos.
Ñacionalizar não é um deles, pois sempre lhes mete dinheiro no bolso, mais dia menos dia.
Quanto ao Freitas, interessa a quem o que diga esse renegado metido a berloque da intelectualidade da esquerda?

Anónimo disse...

O medo das nacionalizações fazem com que alguns percam algum controlo na postura cívica.

Tal é patente na forma como Freitas do Amaral, que como o texto diz " ficou mais ou menos no mesmo sítio", (mas que está a anos~luz desta quadrilha de mafiosos que nos governa), é tratado de forma de certa forma acintosa pelo sr jose.

Fica aqui o registo, porque as questoes éticas e cívicas têm que ser chamadas ao debate da coisa pública.Sempre.

E a postura neoliberal, que se mistura frequentemente com a pesporrência da direita trauliteira pura e dura, é algo que não pode passar incólume.

O mais do resto é a forma quase que pavloviana como se reagme às nacionalizações. Só o termo dá medo
e depois saem pérolas como esta:
"O Estado tem muitos e fortes meios de influenciar os operadores económicos.
Ñacionalizar não é um deles"

Ah não?
Um disparate tão claro que nem vale a pena perguntar se os meios do estado intervir passam por privatizar o BES e dá-lo de mão beijada ou a EDP o a PT.

Enfim.

De