quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mais um cheque-ensino à paisana?


O Diário Económico identifica hoje as 10 principais alterações que a comissão nomeada para a reforma do IRS apresenta ao governo, no seu relatório final. Entre elas, parece que constam uns curiosos «ticket-ensino» ou «vales sociais de educação», a atribuir «pelas empresas a trabalhadores com filhos até aos 25 anos, (...) para que estes paguem algumas despesas de educação dos seus filhos» (pretendendo-se que a medida beneficie igualmente alunos do ensino superior), ficando esse valor isento de IRS (e, presume-se, de IRC para as empresas).

Esta peculiar proposta da comissão do IRS será certamente acolhida pelo governo em geral (e pelo ministro Nuno Crato em particular), como sopa no mel. De facto, que melhor podia esperar um ministro da Educação que se mostra tão deliberadamente relapso em aplicar os cortes nos apoios ao ensino privado (nomeadamente nos «contratos de associação»), acordados no Memorando de Entendimento assinado com a troika em 2011? Que mais pode desejar um ministro que, sempre que o consegue, mais ou menos à sorrelfa, desvia fundos da Escola Pública para financiar colégios e escolas do ensino particular e cooperativo? Que mais deseja um governo, apostado em cortar nas verbas do orçamento público para a Acção Social escolar, se não pretender que - sob a capa de uma aparente justiça fiscal - se reduzam ainda mais as receitas para os cofres do Estado, podendo parte delas passar a ser directamente transferidas para os interesses privados (que de outro modo não as receberiam)?

3 comentários:

Anónimo disse...

enfim...quem aqui escreve deveria ter mais pudor... o BE é um dos principais culpados pela chegada de Crato...cobardia é coisa que não aturo...ide para aquele sítio que todos sabemos..

Jose disse...

Tudo que ameace reduzir a função pública horroriza a esquerda; os seus próceres não se veêm com qualquer outro tipo de emprego.
Comodidades....

Anónimo disse...

Tudo o que sirva para diminuir o estado social é bem vindo para jose..Seja a escola pública ou a saúde.Seja a justiça ou a segurança social.

Há algo de odiento nesta forma odienta de tomar como ponta de lança do ódio a função pública. Faz lembrar com as devidas distâncias o discurso promovido pelos nazis quando da sua conquista eleitoral da alemanha: os comunistas e os judeus,eis a representação do mal na altura.

As comodidades com que se querem disfarçar as verdadeiras comodidades estão aí bem patentes.O arruinar da escola pública por motivos económicos (há que dar dinheiro a ganhar a quem deve ganhar dinheiro,ou por outras palavras, uma oportunidade de negócio reluzente).Mas também destruir a escola pública por motivos ideológicos, claramente ideológicos,algo que já vem dos tempos negros do obscurantismo caceteiro e miguelista.

O mais do resto é a obsessão pelo desemprego que qualquer neoliberal cultiva, na exacta medida em que é precisa uma mão-de-obra barata e disponível.Adivinhe-se para quê.E aí voltamos às comodidades.Mas as dos ricardos (elogiado tantas vezes por jose), dos soares dos santos ( elogiado tantas vezes por jose) , dos passos (elogiado tantas vezes por jose) , dos cavacos ( elogiado tantas vezes por jose), dos catrogas ( elogiado tantas vezes por jose), e toda aquela malta que prolifera na vida à custa do suor alheio.

Porque há uma coisa indesmentível, são os factos.E estes revelam algo indesmentível.
É a classe a que pertencem os referidos aqui como exemplos que está a ganhar esta luta de classes.
A pergunta que se impõe é : até quando?

De