sábado, 7 de setembro de 2013
Confirma-se...
Os últimos dados do INE confirmam que a economia portuguesa cresceu 1,1% no segundo trimestre face ao primeiro, queda de 2,1% face ao segundo trimestre de 2012, graças sobretudo à procura interna (0,8 pontos vieram daí e 0,3 da procura externa líquida). Estes resultados permitem sublinhar quatro pontos que são todo um programa. Em primeiro lugar, o alívio da austeridade por via constitucional confirma quais são as forças da espiral recessiva e quais as forças que ajudam a quebrar círculos viciosos. Em segundo lugar, sem procura interna não há recuperação económica. Em terceiro lugar, o forte crescimento das importações indica que a dependência da economia portuguesa, ao contrário da fraudulenta narrativa do governo, se mantém, já que a redução do desequilíbrio da balança corrente foi sobretudo resultado da recessão e não de qualquer transformação estrutural da economia: confirma-se pela enésima vez a infantilidade, na melhor das hipóteses, da sabedoria convencional de elites que até parece que acreditam que a capacitação económica de um país pode ser feita sob tutela externa. Em quarto lugar, um país sem instrumentos de política de crédito, comercial, industrial ou cambial, sem capacidade para também promover alguma substituição de importações, não pode esperar subir a escada do desenvolvimento, ainda para mais quando, com realismo, temos a obrigação de saber que os países do centro, e as suas troikas, parecem sempre mais interessados em pontapeá-la.
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3 comentários:
Aquilo que a troika pratica em Portugal é objectivamente bloqueio económico!
Está na altura de nos aconselharmos com Fidel... Assim vão as coisas.
Tudo isso é verdade, caro João, e é realmente muito importante.
Todavia, enquanto a esquerda continuar a: a) rejeitar abertamente a saída do Euro, como fazem o Francisco Louçã e o Bloco oficial, party-line, b) a titubear face a esta questão, começando subitamente a assobiar e a falar doutras coisas, como infelizmente acontece com o próprio PC - meus caros, lamento, mas nada feito.
Continuamos alegremente na "road to nowhere", ladrando de vez em quando um pouco contra a austeridade, é verdade, "para alívio dos borborigmas morais dos nossos estômagos", como talvez escrevesse o Jorge de Sena.
E a caravana continua, no velho "same old same"...
Muito bem, João Carlos Graça, partilho igualmente da sua inquietação e do seu pessimismo.
Mas então diga-nos, por favor: saíamos do Euro, guardávamos o "graveto" da dívida para pagar as Importações, nos novos Escudos (ou Patacos), durante alguns anos e depois, quando eles se acabassem, como é que era?
Tínhamos tornado entretanto Portugal numa Suíça ibérica, ou numa Nova Zelândia europeia?
Ou então os nossos descendentes que se amanhassem, que nós já cá não estaríamos?!!
É isso, básicamente, o que a sua geração propõe, salvar-se construindo balsas com a madeira da própria nau?
Desculpe a questão, mas eu também estou preocupado com o Futuro e com a estratégia (suicida) da Esquerda que herdámos de Abril e do Cavaquismo, mas não quero fazer como o inimigo e começar a pensar com os pés...
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