sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Mais desiguais


Luís Afonso, no Negócios, a propósito do relatório da Oxfam desta semana sobre a austeridade necessariamente recessiva e regressiva. Nem de propósito, o Pedro Nuno Santos escreveu uma crónica no i sobre a importância económica do combate à desigualdade, contestando Daniel Bessa, um dos tais que tem ideias para manter Portugal no topo da desigualdade, impondo sacrifícios aos outros. Aproveito, já agora, para deixar um excerto do livro A Crise, a Troika e as Alternativas Urgentes que aflora este tema:

A fragilização da ação coletiva do mundo do trabalho, sobretudo dos sindicatos, a par da fragilização do Estado social de pendor universal e de alterações no sistema fiscal (que refletem, por exemplo, a continuada tendência para a redução da tributação dos lucros em sede de IRC, com o pretexto de atrair capital), representam uma fragilização da capacidade redistributiva do Estado e aumentarão as desigualdades socioeconómicas e a exclusão social, num país onde estas eram já elevadas. Hoje sabemos, por estudos empíricos detalhados, que os países mais desiguais têm maiores problemas sociais – menor mobilidade social, maiores taxas de pobreza infantil, menor confiança social e nas instituições, taxas de encarceramento mais elevadas, maior violência social e menor legitimidade das regras, elites mais corruptas, piores resultados escolares, maiores problemas de saúde pública ou maior percentagem da população empregada nas áreas da segurança. Os mecanismos são claros; a responsabilidade da fratura social que está a ser aberta também.

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