segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A vergonha da reestruturação da dívida

"É cada vez mais evidente que apenas condições económicas excepcionais permitirão a Portugal, mas também à Irlanda, Grécia ou Itália reduzir de forma significativa os elevados "stocks" de dívida pública e privada que acumularam. A recusa em reconhecer a dimensão do problema e em ponderar um programa de reestruturação destas dívidas é dos erros mais graves e dogmáticos da estratégia da Zona Euro, pois não só atrasa o fim deste episódio terrível na história da região como representa um privilégio injustificado para os credores."

Um texto imperdível do jornalista Rui Peres Jorge, com a sobriedade do costume, no Jornal de Negócios de hoje.

5 comentários:

R.B. NorTør disse...

Quando os colunistas do Diário Económico começam a soar a colunistas do Avante, alguma coisa se passa.

HC disse...

Foucault, alertando para os potenciais perigos de conceptualizar a noção de razão enquanto valor absoluto, dizia que " a cerimónia da tortura em praça pública não é em si mesma mais irracional que o encarceramento numa cela; contudo é irracional em termos de uma práctica penal que envolve novas formas de calcular, justificar e avaliar a sua utilidade."

Parece-me que estamos cada vez mais próximos do dia em que perguntar-nos-emos como é que foi possível condicionar a vida de tantas pessoas por algo que nos parecerá tão "irracional". Nesse dia questionaremos o porquê de uma restruturação da dívida tão tardia e lamentar-nos-emos por não termos evitado tantos males que pensávamos serem inevitáveis.

Anónimo disse...

A condição mínima para um apoio à reestruturação, mutualização, ... por parte dos nossos parceiros do euro é estes países apresentarem um défice orçamental primário (isto é, sem juros) nulo ou próximo disso. Sem isso, a percepção dos nossos parceiros é que qualquer reestruturação é inconsequente ou que qualquer mutualização é um poço sem fundo.

Júlio de Matos disse...

Curioso: há três anos os Economistas-craques da televisão asseguravam-nos de que o nosso único problema mesmo era o Governo de José Sócrates!


E nós não estamos esquecidos...

Anónimo disse...

...e depois como se resolve o problema da Seg Social (último dislate do Gasparinho) cheia de dívida nacional ?
é que muita da dívida nacional está em solo nacional