Em Setembro de 2011 decorria na Fundação Calouste Gulbenkian a Conferência «Economia Portuguesa: Uma economia com futuro». Foi o primeiro evento público de grande dimensão organizado pela Rede Economia com Futuro e as respectivas intervenções seriam coligidas numa publicação, que passou a estar disponível na página da rede.(*)
Em Dezembro de 2011, realizou-se no Auditório do Cinema São Jorge, em Lisboa, a Convenção que formalizaria a Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública (IAC), tendo em vista conhecer e «dar a conhecer a dívida pública portuguesa nas suas parcelas: quem as contraiu e quais os seus credores; os seus montantes, prazos e juros; a finalidade que as justificou; o seu destino preciso». Cerca de dois anos mais tarde, em Janeiro passado, a IAC promovia o seu «Primeiro Encontro Nacional», em que se apresentou e discutiu um importante relatório do trabalho efectuado.
Em Outubro de 2012 teve lugar, na Aula Magna da Universidade de Lisboa, o Congresso Democrático das Alternativas, que juntou cerca de 1700 pessoas, no culminar de um processo participado por mais de 4 mil subscritores e assente em debates temáticos preparatórios. A Declaração do Congresso, «Resgatar Portugal para um Futuro Decente», encontra-se disponível na respectiva página e enquadra o trabalho desenvolvido (e a desenvolver) desde então.
O que une estas iniciativas, entre tantas outras, que foram tendo lugar ao longo dos últimos tempos, marcados pela narrativa fraudulenta da «cura austeritária» e pela vigência do «Memorando de Entendimento»? Une-as, fundamentalmente, um sentido cívico de responsabilidade e de recusa da resignação. Uma procura séria de alternativas credíveis e consistentes ao desastre em que estamos mergulhados, como a realidade se tem encarregue de demonstrar.
Mas une-as, também, o «estripitoso silêncio» (para usar a certeira expressão do João Rodrigues) com que estas iniciativas têm sido brindadas pela comunicação social em geral. Em regra, estes eventos têm de facto sido tratados como meras notas de agenda, negligenciando-se desse modo (sobretudo no caso das televisões) a justificada análise, divulgação e discussão dos resultados e propostas a que tem sido possível chegar. O que contribui, obviamente, para legitimar o absurdo a que a solução austeritária nos continua a conduzir, ajudando assim à sobrevivência da tese da sua inevitabilidade, por mais que os sinais de fracasso e inviabilidade se vão acumulando.
O sentido de responsabilidade cívica de uns não tem tido, de facto (salvo honrosas excepções), correspondência no sentido de responsabilidade de outros. O silenciamento mediático nesta matéria, mesmo que inadvertido, é um silêncio cúmplice e cada vez mais incompreensível e irresponsável.
(*) No próximo sábado, 16 de Fevereiro, realiza-se uma nova conferência da Rede: «Economia Portuguesa: Propostas com Futuro». Tem lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, a entrada é livre e o respectivo Programa e textos de apoio podem ser consultados aqui.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário