segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Destruição artificial...

Previsivelmente, Passos Coelho procurou, na semana passada, naturalizar a perversa destruição económica em curso, graças às políticas de austeridade, com uma menção à “selecção natural”. Como dizia o José Maria neste blogue, já há uns anos atrás, Darwin não tem culpa dos usos e abusos de Milton Friedman e dos escravos deste economista neoliberal…

3 comentários:

Blondewithaphd disse...

Cada tiro, cada melro...

João Carlos Graça disse...

Caro João
Bom post, e obrigado por lembrar o do José Maria, que é excelente.
Estas conversas sobre Darwin trazem uma misturada de temas, entre si muito diversos, e que assim acabam por surgir frequentemente muito embrulhados.
Mais panglossianos ainda do que Friedman, ou mais consequentes nessa linha de "argumento", são os "austríacos", com as suas verdades do tipo "se-a-minha-avó-não-tivesse-morrido-ainda-hoje-era-viva" a respeito dos sistemas económicos.
Quanto ao Darwin, a sua recepção sempre foi politicamente muito disputada, com esquerda e direita tentando abocanhar algo do legado e, claro, vários outros intervenientes de mistura, contribuindo para embrulhar ainda mais o novelo.
Uma boa leitura quanto isto é, a propósito, Ana Leonor Pereira, Darwin em Portugal (1865-1914): Filosofia, História, Engenharia Social, Coimbra, Almedina, 2001.
A autora refere-se a páginas tantas, por exemplo, a uma "rubefacção libertária" do social-darwinismo português da última viragem de século. Bem interessante.
Outro autor que, entretanto, valeria a pena considerar mais atentamente, com mais intensa repercussão na história da economics, e também com mais inequívoca apropriação à direita, é Malthus.
Persegue-nos/assombra-nos pelo menos tanto quanto Darwin. Isso parece-me inegável...

(Paulo Granjo) disse...

Não era preciso o Friedman y sus muchachos, João. Podemos recuar e recordar o Herbert Spencer, o inventor da «sobrevivência do mais apto» e que, para além de não ser cá de paninhos quentes quanto a largar as ideias mais socialmente obscenas sem mantos diáfanos, está na base de todos os lugares comuns que os nossos bons governantes vão redescobrindo um século e tal depois...
O Galbraith mais velho tem umas excelentes e sarcásticas páginas sobre essa faceta do mocinho, na «Idade da Incerteza». Merece um desvio.