Para poderem inscrever os filhos junto de instituições de solidariedade social e terem acesso a preços ajustados aos seus rendimentos, os pais têm que fazer prova de alguns encargos, como aqueles que decorrem dos créditos para a compra de casa. O extracto mensal que o banco lhes envia é suficiente? Não. É preciso pedir um precioso papelinho, em tudo idêntico, mas sem o qual deixar as crianças ao cuidado daquelas entidades é uma decisão que corre o risco de ficar mais cara. Nos últimos dois anos, o preço pela emissão do inevitável documento subiu, em média, 66%. No BPI, confirmar a informação e imprimi-la custa a módica quantia de 52 euros. Provavelmente, é o próprio presidente do banco que executa a tarefa e, como se sabe, os banqueiros cobram bem.
João Cândido Silva, São bancos mas parecem aspiradores.
É também por estas comissões sem fim que na economia política se fala de expropriação financeira das classes trabalhadoras, uma das dimensões da financeirização do capitalismo. Trata-se de uma expressão de assimetrias de poder mais vastas no cerne da relação de crédito, que permitem transferir o máximo de custos para o lado mais vulnerável e que são promovidas por uma regulação liberal de um Banco que não é de Portugal. Os editorialistas dos jornais económicos têm funcionado demasiadas vezes como ideólogos em segunda mão dum regime que resultou da privatização dos lucros e da liberalização financeira. Este editorial é uma excepção. Espero que se torne na regra.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
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3 comentários:
É absoluta verdade, de há uns anos a esta parte, todos os custos com operações simples, como consultar um saldo ou requisitar cheques num Banco, subiram em flecha.Acho até que os lucros dos Bancos vivem em boa parte -consultar dados estatísticos- destes encargos, o que para mim é um abuso a partir do momento em que nos convidam constantemente a depositar nos seus cofres as nossas economias e a utilizar os seus serviços...Atiram-nos para os movimentos realizados fora dos balcões, convidam-nos a estar o mais à distância possível, a não incomodar os empregados do sector para assim poderem reduzir pessoal e custos.
Foi essa a intenção que esteve na automatização dos meios, criação dos Multibancos, Terminais de Pagamento Automático, oferta generalizada de Cartões Electrónicos, coisas que se diziam sem custos, mas que rápidamente, após a aceitação e uma utilização mais ampla e geral, se converteram numa exploração galopante, numa distanciação entre o Banco e o Cliente e no método mais eficaz para a redução constante dos seus próprios efectivos e Pessoal.
E não haverá melhor desafio para todos nós que não seja afrontar tais práticas, tentando construir alternativas?
Seria bom que,para além dos sinais que vão sendo emitidos pelos movimentos sociais através de manifestações (indignados, okupas, precários, etc) se fossem esboçando iniciativas concretas que abalassem estes poderes.
Mas que alternativas?, todos de alguma forma estamos ou ficamos ligados aos Bancos, ou através dos créditos de Vencimentos, das prestações da Casa, da Água, da Luz, do Gás...Até os pagamentos das cotas do Clube são efectuados por transferência bancária...E os bancos incentivaram o uso dos cartões electrónicos, até como identificadores e Cartões dos Estudantes Universitários funcionam...Porque o fito era automatizar generalizadamente os sistemas financeiros, com isso diminuir aos efectivos de pessoal e depois de "agarrados" ou fidelizados os clientes, progressivamente aplicarem-se os custos da maioria das operações que estão fora da esfera da "máquina automática" disponibilizada.
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