segunda-feira, 4 de junho de 2012

As autoavaliações dos amigos de Gaspar

 
Troika considera que Portugal está a cumprir o programa de ajustamento. Trata-se, na realidade, de mais uma autoavaliação, já que este é o seu governo. Trata-se de uma autoavaliação que confirma uma das principais missões do programa: consolidar uma economia sem qualquer pressão salarial, uma economia de salários cada vez mais baixos, de empregos cada vez mais precários e de desemprego duradouramente elevado. Um milhão de desempregados e rondas sucessivas de eliminação de direitos laborais consolidarão uma estrutura que diz tudo sobre o euro e o lugar das periferias. O desemprego, que duplicou em resultado da crise e da austeridade, e que já antes tinha duplicado em resultado da estagnação, o preço absurdo a pagar pela adesão a uma moeda demasiado forte, vai chegar aos 16% muito em breve. Éramos menos “rígidos” quando tínhamos, no final da década de noventa, uma taxa de desemprego de 4%? Responder a esta pergunta pressupõe uma avaliação da economia portuguesa e não esta autoavaliação.

Entretanto, o Estado vai injectar cerca de 5 mil milhões de euros de capital no BCP e no BPI, os dois principais e periclitantes bancos ditos privados, mas esforça-se por não ter todo o poder accionista correspondente nas decisões tomadas por estes bancos. É para tentar evitar esse controlo estatal, a única forma de mudar a lógica dos bancos e de garantir financiamento direccionado, que foram mobilizados os “CoCos”, títulos de dívida que só eventualmente serão convertidos em acções, que os bancos preferem. É claro que o Ministério das Finanças diz, num atabalhoado comunicado, que os bancos vão ser muito responsáveis com este dinheiro e que vão assim poder “continuar a assegurar o financiamento das famílias e das empresas”. Continuar a assegurar, reparem, como têm feito nas condições conhecidas e com os resultados conhecidos. Neste domínio estamos perante outra autoavaliação: a da bancarrotocracia.

6 comentários:

Anónimo disse...

É importante que todos absorvam duas realidades:uma é que os governos fazem sempre o melhor para o povo a outra é que os bancos funcionam sempre em prol da sociedade.

meirelesportuense disse...

"Fazem sempre o melhor para o Povo "!...
-Que grande lata.
Verdade, fazem sempre o melhor para os que os defendem, melhor dizendo, fazem sempre o melhor para os que os colocaram no poleiro, neste caso, os poderosos...
"Os bancos funcionam sempre em prol da sociedade"!
-Que sociedade, a do Relvas ou a do Ângelo Correia?...

Henrique Ponte da Luz disse...

Boas Srs,
O que dizer de João Duque a semana passada no Expresso a condescender com a provável necessidade, "mística quase" de uma mão reconfortante do estado a guiar e ligeiramente interromper o mega crescimento de grupos financeiros- e que tal- que ultrapassem um limite "razoável", no entender de um "místico-mercado", que de acertos futuros só os sabe antever na alocação de dígitos nas rentabilidades trimestrais futuras?
Diz então o Senhor que a JP Morgan estará por um fio. E que se cair, ai ai , ui ui que o estouro é tão grande que adivinhem quanto os Bombeiros-Nós-Todos-Ex-Classemédia não teremos de desmbolsar, isto teoricamente,que dinheiro não haverá para pagar, mas ao tipo de trabalho a que deveremos sujeitar-nos para que injectemos um analgésico ( de 1ªgama de uma grande farmacêutica Alemã, Inglesa, ou Dubhaiense)capaz de segurar a besta mais uma noite?
Convençam-se, o Banca, melhor a alta finança tem de responder pelos suas irresponsabilidades, devaneios, de tal forma elaborados que políticos se deixaram levar (tenho que assumir que muitas vezes por interesse pessoal económico-imediato, e sem noção de quebrar a promessa que fazem -todos os indigitados- de defender a causa pública), não só não impedindo determinado tipo de praticas financeiras escabrosas, marketing falacioso e contratos obtusos, mas antes preparando cumplicemente o terreno para que o plano da especulação financeira pudesse avançar em pleno; responsabilidade a quem simplesmente deixa cair em desgraça uma sociedade que se ergue em volta do templo finaceiro, que nela depositou literalmente os seus valores, e dela recebe em troca o aviso de que não chegou, de que desapareçeu, que não, que não estava lá para comprar as casas que se compraram e as salas que se decoraram. Estava e por lá passou, e se lá não está, Eles sabem onde está. Os Gastos fizeram-se, as empresas giraram mais dinheiro que nunca, realizaram para pagar juros absurdos e depois outros mais bonificados(pelo estado), e continuou e as bolsas cresceram, mas não o suficiente para poder aumentar trimestralmente o valor da empresa e esta teve de inventar o fast-forward.
Os EuroBonds se forem mesmo bons vendem-se aos milhões, destroem o dólar. Contudo libertariam de facto liquidez em toda a Europa, em deterimento de que estruturas actuais internacionais?
A Ecologia tem de ser financiada, e finaciamento para causas comuns não deve estar na mão de privados, mas deum ideal comum: Público.
A mão tem ser posta, Sr. Duque não para refrear o crescimento do traquina, mas sim para lhe dar um tabefe que o faça perceber que o mundo não é só ele. Não despejando mais dinheiro para tapar buracos, mas fazer exactamente o que a lei de mercado dita: comprá-los com ou sem OPA e nacionalizá-los.
Por uma única razão, queremos ser acionistas dos nossos "Bancos", em quem confiamos consideravelmente a gestão do nosso dia a dia,assim como das nossas futuras reformas, saúde, justiça e educação.
Queremos ser accionistas de isto tudo, e pelo menos de 4 em 4 anos se a mais não formos capazes, votar, votar até surjam uns mais justos e igualitários que os anteriores, que honrem as promessas que fazem e cerimoniosamente assinam e pelas quais devem ser responsabilizados sem rodeios.

Anónimo disse...

"É importante que todos absorvam duas realidades:uma é que os governos fazem sempre o melhor para o povo a outra é que os bancos funcionam sempre em prol da sociedade."

Só se for na utopia de um assalariado político. Este comentário "anónimo" é simplesmente ridículo e a roçar a parvoíce pura.

Há muito que os governos deixaram de fazer o melhor para o povo(fazem o melhor para os "amigos"). E os bancos há ainda mais tempo deixaram de funcionar em prol da sociedade. Funcionam apenas e somente na perspectiva de negócio.

António Silva

Anónimo disse...

... e mesmo assim ainda há gente na Assembleia da Republica que prescinde de se afirmar como alternativa GOVERNATIVA?!?!

Pode ser que "alguém" aprenda com a Esquerda da Grécia, dita "radical"!

Está na altura de "alguém" assumir as responsabilidades por aquilo que ... defende!

ASSINA: Miguel

Anónimo disse...

Hoje tu amanha eu, oh Gaspar.!

É triste é que daqui a uns tempos estes mesmos fulanitos que tão convictos estão destas receitas, virão dizer que a coisa não era bem assim e que afinal havia outras alternativas.
Lágrimas de crocodilo serão então derramadas abundantemente por estes troikanos ditos economistas.
Pode ser então que já existam mecanismos nacionais e internacionais para prender, e julgar e condenar estas pessoas e os seus chefes externos e também os internos que tantas e tantas vidas arruinaram e fizeram acabar.
Afinal de contas, onde é que está a diferença entre os crimes perpretados por esta gente (milhares e milhares de pessoas cujas vidas foram arruinadas e ceifadas; países destruidos... ) e os crime contra a humanidade!?