domingo, 17 de junho de 2012

Chantagens

Como lembrou na Entrevista ao Público o presidente do banco central alemão, a política dispensa a chantagem. 

O sonso ou cínico que escreveu isto no editorial do Público de hoje toma os leitores por estúpidos. A entrevista a jornais dos PIGS deste dirigente alemão é um exemplo do quadro intelectual que presidiu à criação do euro e à sua destruição. Segundo o Público, o poder, onde se inclui a capacidade de A para impor um curso de acção a B, associada à capacidade de A para impor custos a B, caso B não siga o curso que convém a A, deve ser atributo exclusivo do capital financeiro, dos credores. A troika tem usado a chantagem desde a primeira hora como instrumento para impor programas que geraram a maior depressão da história grega, um desemprego que se aproxima dos 25% e níveis inauditos de sofrimento social. Desde há dois anos que aqui se defende que as periferias devem ripostar, usando as armas dos devedores, como tem feito a Syriza e proposto alguma esquerda portuguesa. À chantagem responde-se com a chantagem para reequilibrar a relação. É que só assim se pode negociar. Caso a negociação, capaz de superar as políticas vigentes, se revele impossível neste euro, quer porque a miopia dos credores é estrutural, quer porque a oportunidade para negociar já passou e a situação acaba por se precipitar (a fuga de capitais é o rastilho...), será necessário sair deste jogo de qualquer forma viciado. De resto, mais tarde ou mais cedo (a esquerda que não desistiu será governo um dia destes...), teremos uma experiência natural que ajudará a clarificar quem é realista e quem é fantasioso na economia política do euro.

2 comentários:

SFF disse...

O problema é que sonsos como esse há muitos...

"...a miopia dos credores é estrutural"

Ora aqui está uma reforma estrutural a fazer, comprar óculos graduados a umas determinadas pessoas... mas se calhar iria existir muita gente a fechar os olhos...enfim.

Anónimo disse...

«...Caso a negociação, capaz de superar as políticas vigentes, se revele impossível neste euro, quer porque a miopia dos credores é estrutural, quer porque a oportunidade para negociar já passou e a situação acaba por se precipitar (a fuga de capitais é o rastilho...), será necessário sair deste jogo de qualquer forma viciado.»
Claro! Com esta imponderável leveza do género «vai fermoza e não segura...» rumo ao abismo. Mas o autor do post dá-se conta do que acontecerá se se seguir pela via que sugere no seu texto alambicado e cheio de vacuidades? Sobretudo à arraia miúda? Se não é um puto ignorante que escreve, pense duas vezes antes de debitar este tipo de prosa poética irresponsável...