segunda-feira, 2 de julho de 2007
Nova crise no horizonte?
A «Alternatives Economiques» deste mês dá conta de um relatório do Banco Mundial dedicado aos mercados financeiros dos países em vias de desenvolvimento, o Global Development Finance 2007. Este relatório contém vários sinais de preocupação.
O risco de fragilidade financeira, explicado pelo João num dos posts aqui abaixo, parece ter vindo a aumentar. A expansão económica mundial dos últimos quatro anos - sim, a expansão que passou ao lado do nosso país! - permitiu uma maior liquidez nos mercados financeiros (existe mais moeda a circular nestes mercados). Este aumento da liquidez traduziu-se na busca de novos destinos para os fluxos financeiros globais, normalmente os mercados de acções dos países em desenvolvimento, cujos índices bolsistas dispararam. No entanto, tais fluxos financeiros são sobretudo especulativos. Têm um efeito pouco mais do que marginal na capacidade produtiva destes países e deslocam-se muito rapidamente, como aconteceu, aliás, durante a crise asiática.
Ao aumento da volatilidade acresce um aumento do peso dos actores menos fiáveis, mas mais rentáveis, na procura de financiamento: nos empréstimos obrigacionistas passou de 10% em 2000 para 37% em 2006 e nos empréstimos bancários de 50% a 80%. Se, devido à natural desaceleração da economia mundial, estes «investidores» entrarem maciçamente em falência («default»), corremos o risco de ver a história repetir-se. A recente queda brutal da bolsa de Shangai parece ser já um indício.
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