quinta-feira, 27 de junho de 2024

Como se tivessem maioria


Imagine-se o ministro das Finanças de um governo suportado por uma maioria parlamentar que, perante as propostas dos outros partidos, considera ser necessário «analisar, em sede de Orçamento, que margem existe para acomodar alguma medida que possa vir da oposição». Dir-se-á - considerando que se trata do ministro das Finanças de um governo com apoio parlamentar maioritário - que é uma posição atendível e, até, generosa, ao revelar predisposição para integrar propostas dos partidos da oposição, mesmo quando não existe dificuldade de aprovar o seu orçamento.

Sucede, porém, que a frase citada foi proferida pelo ministro das Finanças do atual governo da AD, Miranda Sarmento, que não dispõe de apoio maioritário no parlamento. E que, portanto, terá que mesmo que negociar com a oposição, significando essa negociação, logo à partida, a assunção plena da disponibilidade para abdicar de algumas das suas medidas, de modo a que propostas de outros partidos possam ser consideradas. A menos que, claro, o objetivo do ministro, e do governo que integra, não seja o de ter o orçamento aprovado.

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