domingo, 24 de abril de 2016

Cidades no deserto


«Teve a capacidade de construir cidades no deserto. Na minha juventude usávamos uma frase do Gramsci com que se pretendia expressar a nossa forma de ver o mundo e as adversidades do dia-a-dia. Tínhamos "o pessimismo da razão e optimismo do coração". O Miguel foi abençoado com uma razão em que o coração e um imenso optimismo mandavam. Para ele era sempre possível tomar os céus de assalto e exigir o impossível, para me manter na linguagem de uma tribo diversa e particular de que ele era um dos expoentes. (...) A verdade é que, nas suas mãos, as coisas pareciam fáceis.»

Nuno Ramos de Almeida, O princípio da esperança

6 comentários:

Anónimo disse...

Acompanhado do saudoso Miguel Portas, Tiveste a sensatez de ler um comunista como Gramsci. Infelizmente, raro e´ o militante que O lê …aliás Ele e´ desconhecido da maioria. E‘ um autor comunista italiano retirado compulsivamente dos escaparates. Mas para qualquer pessoa de esquerda, penso ser de leitura obrigatória.
Lembrar o Homem Livre que foi Miguel Portas merece da minha parte um respeito e ao mesmo tempo tristeza pelo seu desaparecimento! Vivam António Gramsci e Miguel Portas
DE Adelino Silva

Jose disse...

António Gramsci era publicado em Portugal pelo menos em 1968.
Dizes-me que «retirado compulsivamente dos escaparates»!!!
Estranho!

Anónimo disse...

Este comentário do das 11 e 20 cheira fortemente a desculpabilização da censura no tempo do fascismo.Ou mesmo à sua negação?

Há tempos um esbirro do regime fascista defendia exactamente isso. Que no fascismo se podiam ler as obras de autores do reviralho. "Lá em minha casa havia livros das esquerdas" dizia ele em defesa da sua particular tese.

A manipulação grosseira não pode passar, até por respeito ao Miguel.Os editores podiam falar muito sobre o tema, porque muitos nem sequer ousavam sair com edições que depois eram proibidas na íntegra, com todos os encargos económicos daí decorrentes.

Mas há factos e dados objectivos para mal dos negacionistas dos crimes da canalha

"Uma pesquisa desenvolvida pelo investigador José Brandão conseguiu contabilizar 900 livros proibidos, de 1933 a 1974. A grande maioria dos livros proibidos tinha uma grande carga filosófico-política, estando Karl Marx, Jean Paul Sartre, Mário Soares, Lenine, Martin Luther King e Francisco Sá Carneiro entre os autores cujas obras acabaram proibidas pelo regime. Além destes, os livros de Mao Tsé-Tung estavam também proibidos, assim como algumas obras de Nietzsche. Entre os autores portugueses com mais obras proibidas encontram-se José Vilhena, autor de Branca de Neve e os 700 anões e de O Beijo, Urbano Tavares Rodrigues, que escreveu Esta Estranha Lisboa e Imitação da Felicidade, e também o cantor e compositor José Afonso, que viu várias das suas músicas mas também livros seus serem proibidos.

Da lista da Censura faziam parte também outros títulos, como Bichos, de Miguel Torga; Capitães da Areia, de Jorge Amado; História Universal da Infâmia, de Jorge Luís Borges; e Portugal sem Salazar, do professor Mário Mesquita"

E ainda há quem defenda estes fdp.

Jose disse...

Ó virgens espantadas!
Ó democratas exaltados!
Ó progressistas indefectíveis!
Sabei que onde houver muito Estado haverá autoritarismo e censura.

Mas não desanimeis, aclamadores de sovietes, tributários das inextinguíveis lutas de classes, que aos censores sempre é dado tudo ler.

Anónimo disse...

Virgem espantada é um nome bom para declamar em frente ao espelho. Mas francamente estas cenas um pouco acanalhadas não interessam para nada

Mas esta de confundir um estado fascista com um genérico "muito estado" cheira a duas coisas. Por um lado uma tentativa de desculpabilização do estado novo, enquanto faz o seu papel de hodierno neoliberal, com restos de Ambrósio encrustados. Por outro uma cumplicidade ternurenta com os censores.
E aqui sente-se, nas suas próprias palavras, a sua saudade pelo ofício.

Anónimo disse...

cagalhão zé

lançares a confusão entre muito Estado e Estado Novo só prova que coitadinho...ou não percebes nada disto ou é mais um dos teus arremedos de desonestidade intelectual
provavelmente serão ambas as coisas

e claro, como cão que és, continuas a gozar com quem foi censurado, com quem foi torturado e por aí fora
mas eu continuo à espera que largues essa extensa cobardia que trazes incrustada na pele e troces na cara real de pessoas reais.
para quando um encontro, cagalhão ?