segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lutas

O bilionário Warren Buffet disse um dia: “a luta de classes existe e a minha classe está a ganhá-la, mas não devia”. Devia e deve, garante implicitamente a reacção nacional, que vale a pena continuar a observar, desta vez pelo teclado de Paulo Ferreira. Este só tem de fazer um pouco mais de esforço para reconhecer explicitamente as tais lutas: “Os discursos são e serão continuamente contraditórios porque a CGTP e a audiência do Financial Times têm visões opostas do mundo e interesses divergentes.” Há até quem possa ocupar lugares contraditórios, mas não a reacção nacional: objectiva e subjectivamente aliada do capital financeiro maioritariamente estrangeiro; esta foi e é a sua força, ainda será um dia, tenhamos confiança, a sua fraqueza.

Entretanto, o Palácio de Belém até parece uma espécie de “câmara corporativa” e com um enviesamento de classe a condizer: é que por para cada confederação sindical ouvida por Cavaco no final da semana passada houve três associações patronais. Algumas nem sequer fazem parte da concertação social democrática. Vale tudo para criar desequilíbrio social e político.

Para desequilibrar mais, Cavaco ainda teve tempo para ouvir uma consultora internacional, que lhe apresentou os resultados do trabalho “Portugal: Escolhas para o Futuro”. Isto é tão simbólico: afinal de contas, foi Cavaco Silva que deliberadamente ajudou a destruir a inteligência colectiva de natureza técnica que havia na administração pública, nos ministérios ligados à indústria, por exemplo, para dar campo a este tipo de parasitas privados, os que se alimentam do, e alimentam o, esvaziamento do Estado.

Sim, as lutas de classes, assim no plural, têm muitas dimensões, protagonistas, fracções, alianças e símbolos. E não, não estou nada convencido que Cavaco vá cumprir a Constituição. Afinal de contas, Cavaco tem sido um protagonista político maior do seu esvaziamento desde os anos oitenta, um garante da dependência nacional: “Porque sei muito bem, muito bem o que aconteceu em Portugal quando as orientações adequadas não foram cumpridas”, afirmou hoje numa visita à Madeira que incluiu uma passagem pelo seu inferno fiscal. Também aqui houve e haverá lutas…

11 comentários:

Jose disse...

Basta considerar que é na sdministração pública que é possível, ou sequer desejável, criar as condições para manter técnicos especializados capazes de reunir informação relevante sobre uma economia global, aberta e em permanente mudança, para entender o reaccionarismo da esquerda,
O fôfo da função pública é o seu dogma; tudo mais são derivações!

meirelesportuense disse...

Aníbal António e as suas Cagarras!...A Quinta da Coelha vai passar a denominar-se a partir de Março de 2016, Quinta das Conselheiras, Cartomantes e Pitonisas das Desertas.

Jose disse...

É bem preciso ir de férias para encarar o sapo, quanto mais para o engolir:
- Um partido que perde as eleições ao fim de 4 anos de berreiro
- Que declara não participar em coligações negativas
- Que vira o seu programa de patas ao ar (tão bem pensado que tinha sido!) para obter uns papeluchos
- assina os papeluchos (3!) e chama-lhes acordo estável e duradouro
- começa por se meter em despesas e tem fé que a despesa se converterá em receita
- reconhece o excesso de carga fiscal e prepara-se para assaltar a poupança (à surrelfa)
. pede serenidade aos que derrubou e não tardará a invocar o patriotismo para que o sustentem no poleiro

No lugar dele acabava o mandato na Madeira!!

Anónimo disse...

Tudo parece correr bem ate´ que corra mal de facto.
Há uns meses a esta parte, numa Assembleia Geral da Federação de Reformados Pensionistas e Idosos do distrito de Setúbal, questionei a disposição da Confederação MURPI em querer fazer parte da concertação social burguesa, isto e´ -- querem ser “Parceiros Sociais” ou melhor – querem ser considerados burgueses, mesmo que isto seja o inicio de uma tremenda implosão da Organização do Movimento Unitário de Reformados. ESTA TRAMOIA FOI APROVADA EM CONGRESSO.
ESTA´ NO PROGRAMA DO MURPI.
Como e´ que o trabalhador pode ser parceiro social do seu patrão…Como e´ que a Intersindical Nacional ou a União Geral dos Trabalhadores se podem equiparar aos seus algozes das confederações patronais?
Como?
Eu sei, tu meu amigo, também sabes…!
Ser considerado adversário já´ não e´ mau.. E por ser assim, ser considerado inimigo de classe e´ muito melhor.
Havemos de acabar com esta paródia e fingimento de se passar por “Luta de Classes” quando a maioria dos “dirigentes sociais proletas” se prostergam perante o Cadafalso
“Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele” já dizia o meu avo Inocêncio Silva… De Adelino Silva

meirelesportuense disse...

Aquilo que passa das movimentações da Direita é tão somente a dificuldade que eles Têm em conviver com a derrota Democrática. Não conseguem, pura e simplesmente. Gostam da Democracia se esta lhes dá o Poder detesta-a se lho rouba.
Cavaco como um bom defensor do Antigo Regime que sempre foi e é convive mal com a Democracia. Ouçam bem o que ele decidiu dizer na Madeira acerca da posição de um "alegado" importante membro da União Europeia durante a crise de 2011!...Na altura calou-o, hoje decide dar um vislumbre para a especulação generalizada.
"Maquiavélico mas pouco eficaz, em Março já lá não estás! Valha-me Deus!..."

meirelesportuense disse...

Eles bem sabem que não podem fazer a revisão Constitucional sem o apoio de pelo menos o Partido Socialista e andam a falar nessa possibilidade?...É só para criar agitação, confundir e enganar as pessoas e acreditam que o podem fazer sem grande dificuldade, porque sabem manipular muita gente através das sementes da Ignorância...Por isso não desejam o crescimento do conhecimento, nem a escolarização absoluta da população.

Dias disse...

Derrubado o governo na AR e em desespero, a direita queria eleições JÁ, mas para tal “seria necessário rever a Constituição”.
Eles sabem que “quaisquer alterações à Constituição deverão ser aprovadas por uma maioria de dois terços dos Deputados em efectividade de funções. (CRP, artº 286)”. E não seria agora nesta fase do campeonato, em ambiente de desforra, que “os meninos” teriam a sua.

Isto parece uma brincadeira, que tende a esvaziar ainda mais a democracia parlamentar e a fazer crescer a abstenção. Como eu, deveria a haver muitos, que por princípio, não estariam dispostos a ir novamente às urnas num curto espaço de tempo.

Leio agora que a fuga para a frente da direita, para contornar a formação de um governo apoiado pela maioria absoluta da AR, passaria pela nomeação de um governo técnico (a política entraria de férias!). As voltas que a direita dá para não largar o poder…

Carlos disse...

A mim vai-me parecendo que o Cavaco não vai indigitar o Costa. Os sinais são cada vez mais claros. E o PS vai ficar sob pressão interna e externa, em face da alternativa duma revisão constitucional que possibilite eleições antecipadas.

Anónimo disse...

Hoje, é consensual em Portugal, Cavaco Silva foi o pior primeiro ministro que já tivemos ( e o pior Presidente...) pois foi com os seus governos que os compinchas do PSD e do CDS desataram a apoderar-se á tripa forra dos dinheiros do país. Foi um fartar vilanagem e de fazer fortuna. Os exemplos são mais que conhecidos e de má memória. O algarvio de Boliqueime, porém, continua impávido e sereno a fazer todo o que pode e o que não pode para favorecer os seus. É o que se passa agora com todo este tempo de espera em nomear quem deve ou seja o António Costa para o cargo de primeiro ministro. É que, como é fácil de ver - só não vê quem não quer ou quem sofre de vil e pura estupidez - é o que determinam os resultados eleitorais.
A Direita vil e estúpida - como ela sempre foi e é -, é que se permite pensar de outra forma.

fernanda disse...

"sabem manipular muita gente através das sementes da Ignorância"
Pois sabem e com muita perícia e a esquerda continua a apanhar bonés, passo a explicar: ainda ontem num programa da 3 qualquer coisa sobre "dinheiros" , o deputado da direita Carlos Amorim referiu-se aos deputados presentes do Bloco e do PC como da extrema esquerda radical, quer dizer não se limitou a chamar-lhes de esquerda o que seria correto, mas usou os adjetivos extrema e radical. Toda a gente sabe que estes adjetivos tem atualmente um sentido pejorativo e o Amorim até sabe bem demais, mas os outros dois ficaram-se e não denunciaram a manobra; a isto chama-se perder a batalha cultural e quem a perder está tramado porque o povo em geral não entende a mensagem subliminar se ninguém se preocupar em ensina-lo.

meirelesportuense disse...

Eu colocaria apenas esta simples questão: -Onde estão e votam a extrema direita e os adeptos Monárquicos em Portugal?...