quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Enigma da economia portuguesa

O mais recente boletim estatístico publicado pelo Banco de Portugal tem um enigma. Em 2015, a economia cresceu, os resultados operacionais das empresas (EBITDA) melhoraram, as famílias estão numa posição financeira mais confortável e as taxas de juro caíram. A precariedade deste crescimento fica para outro texto. Neste contexto, o que impressiona é o contínuo crescimento do crédito bancário malparado de empresas e famílias. Não faz sentido.

A minha única explicação encontra-se na possibilidade de os balanços da banca continuarem repletos de activos “tóxicos”, cujas perdas são assumidas "às pinguinhas" de forma a não prejudicar resultados anuais. Nesta situação refinanciam-se empresas falidas, ao mesmo tempo que não se arrisca nada em novo crédito (daí a queda do volume de crédito neste contexto). Conclusão, temos uma banca “zumbi”, enorme lastro (mais um) a qualquer recuperação robusta da economia portuguesa, que, de vez em quando, cai, como aconteceu com o BES.

E, no entanto, é aos diferentes banqueiros, do Montepio à Caixa Geral, que o Presidente da República recorre para se aconselhar.

5 comentários:

Jose disse...

Presumo que o articulista pretende declarar a insignificância da Banca e consequente contrasenso de que sejam ouvidos os banqueiros.

Quem bonificou juros à habitação não foram os banqueiros; foi quem não teve tomates para mexer na lei do arrendamento.
Quem faz dos banqueiros penhoristas pela inoperância do artº35º do CSC são os políticos.
Quem andou a bombar a economia à força de consumo (e querem repetir!) e investimentos improdutivos foram as políticas públicas.

E sim, seguramente vão absorvendo às pinguinhas a merda gerada pelo 'progressismo' promovido por idiotas!

joao disse...

Posso ajudar.
O que se passa é que os bancos têm no seu balanco milhares de predios quer de habitacao quer de escritorios pelo valor da divida.
Quando os vendem, normalmente abaixo do valor da divida têm uma imparidade que afeta desde logo a conta de exploração.
Esta é uma das razoes da necessidade de aumentar o capital do novo banco.
Se este exercicio fosse bem feito, isto é, os bancos refletirem no seu balanco o verdadeiro valor dos seus ativos fechavam todos.

Anónimo disse...

é simples.

Se o Estado não incorrer em défices equivalentes ao défice comercial e à redução da conceção de crédito bancário então as imparidades sobem.

Mas o estado pode gastar mais e reduzir o défice. As receitas acontecem depois dos gastos, a não ser que se queira levar à falência o sector privado.

E é o exportador que financia o importador.

Se o crédito privado não está a aumentar então está a cair a pique, mil milhões por mês nos ultimos 42 meses.

Não ter moeda própria é uma merda.

Viva o neoliberalismo e restantes fascismos

Anónimo disse...

"Se o Estado não incorrer em défices equivalentes ao défice comercial e à redução da conceção de crédito bancário então as imparidades sobem."

Confesso que não percebi. Importar-se-ia de explicar melhor o raciocínio?

Anónimo disse...

“E, no entanto, é aos diferentes banqueiros, do Montepio à Caixa Geral, que o Presidente da República recorre para se aconselhar.”
Pois e´ a verdade, verdadinha…
Estes senhores banqueiros tem privilégios e privilégios... Para além de terem um voto igualzinho ao meu, ainda são considerados como conselheiros especiais… outros economistas, financistas, fiscalistas e juristas lavam na mesma água…
Parece que há… ou há mesmo? Portugueses de vários níveis na escala social, politica e económica.
Então que constituição e´ a nossa… que por um lado diz que somos todos iguais perante Ela e, por outro lado, que nada disso, quanto muito somos semelhantes…
Por isso se cai em análises estapafúrdias sobre os bancos, a bolsa e a divida soberana como aqui nos Ladroes de Bicicletas.
E´ o problema do El Contado, quem o tem chama-lhe seu!
Era uma boa altura de as “Ordens dos Economistas, fiscalistas e notários” e etc. e tal, avançarem com uma “providência cautelar contra esta aberração providenciária…! De Adelino Silva