domingo, 21 de junho de 2015

Das excepções e do colaboracionismo


«Num espaço tão integrado como é este da zona do euro, com uma moeda única, com um banco central único e com uma única política cambial há regras que não podem deixar de ser respeitadas, não podem ser abertas exceções para nenhum país e a Grécia tem de facto que convencer-se, e é provável que depois destes meses de negociações e contactos com a troika e negociações com países, esteja já mais consciente da realidade que não pode, de facto, ignorar.» (Cavaco Silva).

«As declarações do senhor presidente da república são inaceitáveis. O senhor presidente da República diz uma coisa que não é verdadeira, que na Europa não há excepções. Se quiserem, no próximo programa eu trago uma longa lista de excepções, dos países mais poderosos e mais importantes (a França, a Alemanha), em relação aos défices e outras medidas, que nunca aceitaram discutir em conjunto com os outros. (...) Não é verdade que não haja excepções. Excepções aliás que nós também tivemos para nós. Porque o memorando inicial tem pouco a ver com o memorando final.»

José Pacheco Pereira (Quadratura do Círculo)

«As medidas que mais fizeram descer os juros europeus, a compra de dívida dos Estados pelo BCE e o Quantitive Easing, valem para todos os países menos para a Grécia. Como é que Cavaco e Maria Luís Abuquerque podem dizer, assim, que não são aceitáveis excepções para a Grécia?»

Pedro Sales (facebook)

«As compras de dívida pública pelo Banco Central Europeu continuam a provocar uma descida acentuada dos juros das obrigações dos países da zona euro, com exceção da Grécia. A Grécia foi excluída pelo BCE do programa de compra de dívida pública em curso, pelo menos até final de Agosto

Jorge Nascimento Rodrigues (Expresso, Março de 2015)

17 comentários:

Anónimo disse...

Mentiras atrás de mentiras para explicarem a necessidade do sofrimento dos gregos, a quem servirá estas justificações? Que ser humano desprezível precisa de argumentos para se convencer que a desumanidade é um mal necessário? Quando acreditar que maltratar os outros não tem nada de cruel serei obviamente um imbecil.

meirelesportuense disse...

Não são aceitáveis excepções para a Grécia desde que ponham em causa o nosso colaboracionismo político, mesmo que nós estejamos hoje numa situação de excepção relativamente à Grécia, impedida de se financiar da mesma forma que nós - Isto é a objectividade da Direita com vista às próximas eleições...Essa objectividade e oportunismo político vai fazer com que a Direita afirme dentro de pouco tempo em uníssono que afinal vão repor os cortes que fizeram nas Pensões e nos salários dos Funcionários Públicos. Que isso aconteceu apenas porque CS.PPC.PP já sabiam o que iria acontecer à Grécia.
Isso é bom para os atingidos por e mau para eles em termos de credibilidade, mas quem é que pensa nisso neste momento?
Resta-nos agradecer ao Syriza.

Miguel disse...

Sei que aqui estarei a pregar no deserto, mas será assim tão difícil compreender que as pretensas "excepções" aplicadas aos outros países que não a Grécia têm a ver com factores que o autor do post ignora deliberadamente, como a credibilidade desses países, ou seja a sua reputação no que diz respeito a honrar os seus compromissos, e a percepção da capacidade que têm para o fazer? É claro que países como o Reino Unido podem até ter dívidas muito maiores do que a Grécia, mas nunca estiveram sequer perto da falência, razão pela qual os credores lhes concedem muito mais tolerância no prazo de pagamento da dívida, e nos juros cobrados.

Jose disse...

Estamos no reino da linguística.

Primeiro uma regra tem regras. Quem não cumpre as regras não é excepção à regra.
Havendo excepção à regra duas questões se levantam:
- é aceite a regra mas pedida a excepção ou a regra é pura e simplesmente rejeitada.
- pedida a excepção coloca-se a questão do seu tempo e da viabilidade de a ela regressar.

Tudo demasiado complexo para quem tem que vender linhas de texto ou tem um preconceito para publicitar.

Anónimo disse...

“A Grécia do Syriza sutura ferida a´ direita e deixa gangrenar a´ esquerda”.
“Assina em Moscovo a passagem do gasoduto russo da Gazprom e ao mesmo tempo assina o envio de armas a´ Ucrânia e apoia a militarização NATO”.
A geopolítica continua a funcionar nesta zona geoestratégica, Mar Negro/Mediterrâneo e a Grécia mais a Turquia estão na berlinda.
A meu ver a questão e´ politica… o resto e´ farsa!
De o “Catraio” com respeito

Dias disse...

O dito foi “bom” a tratar dos seus negócios (estou a lembrar-me daquele resgate literalmente avisado, no BPN, onde outros ficaram a ver navios…).
Quanto ao resto, até o mais incauto deve estar perplexo com esta cruzada, meio ideológica meio pessoal. Afinal, é alguém de credibilidade baixíssima, que condicionou perdas dos investidores da última hora no BES (a meter o nariz onde não era chamado!), o mesmo que agora está desejoso de ver o Grexit e o esmagamento do Syriza.
Será que o homem ainda não percebeu que tal situação pode trazer ainda mais dificuldades para o seu próprio país, tal como outros concidadãos e pessoas dignas de crédito vão advertindo?!
Irra!

Nuno Serra disse...

Caro Miguel, pensava que o objectivo dos programas de "ajustamento" era a consolidação orçamental (que pode ser feita de diferentes formas). E não o pagamento da dívida "custe o que custar" e com o sofrimento e destruição que for necessário. Ora, se o objectivo é afinal o de assegurar o pagamento da dívida aos credores, então tem razão e bate tudo certo: as excepções são apenas para os governos submissos e que colaboram com as "instituições", estando estas ao serviço do sistema financeiro e não dos interesses dos povos europeus.

Anónimo disse...

A fuga para a linguística é mais uma prova da impotência argumentativa dos troikistas. Escritos na água que mal escondem a vacuidade do que se diz mas que traduzem outra coisa. A incapacidade para se compreender o que diz o cavaco (ou é também desonestidade?), o que diz o post e o que se discute.
Vejamos o que diz o cavacal personagem:
"não podem ser abertas exceções para nenhum país" .
O que disse Pacheco Pereira:«As declarações do senhor presidente da república são inaceitáveis. O senhor presidente da República diz uma coisa que não é verdadeira, que na Europa não há excepções. Se quiserem, no próximo programa eu trago uma longa lista de excepções, dos países mais poderosos e mais importantes (a França, a Alemanha), em relação aos défices e outras medidas, que nunca aceitaram discutir em conjunto com os outros. (...) Não é verdade que não haja excepções. Excepções aliás que nós também tivemos para nós. Porque o memorando inicial tem pouco a ver com o memorando final.»

Cavaco mente. Mente como uma proxeneta barato. Jose vai e não encontra nada melhor do que arranjar arranjos florais para ver se passa.

Há qualquer coisa de ...nisto tudo

De

Anónimo disse...

Ver os troikistas assumidos e orgulhosos da sua submissão aos maiorais, escondidos agora atrás duma "credibilidade" de opereta, faz-me lembrar a invocação da "credibilidade" do grupo BES por todos os submissos nacionais e estrangeiros ( incluindo cavaco,claro está).

Ou a credibilidade dum trafulha que mente e que sabe que mente,como passos coelho. desde a tecnoforma até à governança.

E aí estou de acordo com Pacheco Pereira:"(...)«Será que não percebem o que se está a passar? Enquanto ninguém disser na cara do senhor Primeiro-ministro ou do homem “irrevogável” dos sete chapéus, ou das outras personagens menores, esta tão simples coisa: “o senhor está a mentir”, e aguentar-se à bronca, a oposição não vai a lado nenhum. Por uma razão muito simples, é que ele está mesmo a mentir e quem não se sente não é filho de boa gente. Mas para isso é preciso mandar pela borda fora os consultores de imagem e de marketing, os assessores, os conselheiros, a corte pomposa dos fiéis e deixar entrar uma lufada de ar fresco de indignação".

Pois é. Já tínhamos a invocação da "credibilidade" como álibi para a submissão aos mercados. Agora é usada como álibi para a invocação das "excepções". Uma "credibilidade"afinal que atesta que esta história das classes sociais existe mesmo.E que não há vergonha para o desbobinar desta literatura de cordel.

De

MiguelT disse...

Por muito que doa a quem comenta aqui, a credibilidade existe mesmo, e não é a "credibilidade" de Passos Coelho, mas sim a de países que, historicamente, nunca se meteram nas alhadas em que Portugal e a Grécia se deixaram meter. Não se trata de uma questão de "classe social", mas de reputação, duramente consolidada ao longo das décadas ou mesmo séculos. Uma das razões pelas quais esses países credíveis o são é que não classificam a classe da banca em bloco como "uma cambada de vigaristas", mas demarcam os que o são dos que não o são, punindo severamente os segundos. A atitude portuguesa e grega, varrendo num só julgamento condenatório uma classe inteira, inviabiliza uma demarcação entre quem é honesto (e portanto útil à sociedade) e quem é desonesto (e portanto nocivo). Que gregos e portugueses queiram generalizar esse tipo de julgamento condenatório abusivamente a países onde o grau de corrupção é objectivamente inferior, demonstra bem a tacanhez do seu entendimento, e explica o sucesso das primárias vendettas "anti-Merkel" e "anti-capitalismo" em Portugal e na Grécia.

meirelesportuense disse...

Os empréstimos Troykistas pagos em tranches que entram e saem logo de seguida para pagar as prestações acordadas, foram uma forma maquiavélica de colocar os Países sob as ordens da Finança Internacional. A Finança Internacional apenas deseja os caminhos facilitados para rentabilizar ao máximo os seus proventos, quer lá saber do Desenvolvimento desse Países...Destruí-los-ão e partirão para outros Países em circunstâncias semelhantes como aconteceu em Madagascar. Todas regras impostas vão na direcção de rentabilizar o mais rapidamente possível esses investimentos feitos. -Depois essas mentes brilhantes irão descansar umas semanas em paradisíacas praias a tentar eliminar o stress acumulado nos últimos
tempos.
-Ferreira dos Santos foi agraciado no 10 de Junho por ter favorecido esses interesses.

Jose disse...

O Pacheco Pereira merece-me duas linhas, em consideração pelo seu particuçat sofrimento como esquerdalho social-democrata, visionário de intrincadas conspirações e desamparado da atenção que a sua erudição deveria carrear.
Uma linha
Duas linhas

Anónimo disse...

Adivinha: dentro da zona euro qual é o país qual é ele que a maioria da banca tem controlo público?

Anónimo disse...


A barbaridade argumentativa tem destas coisas. Utiliza o linguarejar de sítios mal frequentados e pensa que a falta de memória é apanágio de toda a malta

Por muito que doa a miguelt a verdade tem que ser dita. Os tais"países que, historicamente, nunca se meteram nas alhadas em que Portugal e a Grécia se deixaram cair mas de reputação, duramente consolidada ao longo das décadas ou mesmo séculos" constitui uma bojarda ( o termo é utilizado porque a tal obriga a "argumentaçãp do miguelt) de todo o tamanho

Vejmaos: "a reputação da alemanha construída ao longo de décadas ou mesmo séculos"?Duma penada os nazis a serem bafejados pela credibilidade uqe este miguelt reivindica para estes criminosos. Duma penada o "esquecimento " desta coisa abjecta que domou a credibilidade dos facínoras e para cuja ascensão muito contribuiu a banca...alemã e internacional. Que miguelt tente mostrar a honestidade dos nazis a quem confere esta, é a marca que demonstra bem a tacanhez do seu entendimento ( e algo mais) .

A questão assume assim uma peculiar coloiração que permite ver que não há quaisquer pruridos na manipulação dos factos históricos. Partir daqui para a deturpação de todos os outros factos vai um passo curto. Como se confirma. A honestidade dos exploradores funciona tao bem como funcionava a honestidade dos salgados.
A tentativa de inocentar cavaco e as suas mentiras chega a estas manobras patéticas. Perante os factos utiliza-se o choradinho troikista, repetido atá à exaustão pela coorte que a assiste.
Mas tal choradinho não passa disso mesmo, duma aldrabice pegada, que ainda se torna mais ridícula quando se verifica que perante a acusação frontal que cavaco mente, se assiste ao silêncio e à fuga.

Ao menos um argumento que desminta a acusação ao tipo que idolatram, o cavaco do BPN e dos negócios bolsistas, presidente obscuro e cumplice desta governacao criminosa


Ah , parece que o das 23 e 39 acha que as duas linhas que utiliza servem para alguma coisa que não para verificar o odre vazio argumentativo.Misturado com o rancor e a pesporrÊncia a que nos habituou

De

mexilhão disse...

Se auferirmos a credibilidade pelo cumprimento soberano das dívidas, então se há País que tem regularmente falhado é...a própria Alemanha!

Anónimo disse...

a Jose não digo nada porque esse nucan teve argumentos...só slogans e insultos
a MiguelT só lhe digo...meu amigo, está na altura de ler uns livros de História
aconselho-o ainda a rever quem mete no saco da honestidade e da desonestidade..faça um esforço, informe-se melhor, vai ver que não lhe faz mal

Anónimo disse...

Confesso que nem percebi a dúvida do Miguel. Então mas é óbvio que um governo que coopere com os credores vai ter os credores também a cooperar com esse governo. O que é que tem?

Ai os gregos votaram num partido que desafia minimamente os credores? Então já vão ver o que é bom.

Miguel, aqui ninguém anda a pregar no deserto, com excepção talvez do José, que parece que tem tal infeliz destino. Estamos aqui para debater.
Eu acho que não somos, e eu não me reconheço como nenhum radical, por até certo ponto defendermos o Syriza, partido dito "radical" pelos media.
A questão é que não faz sentido fazer o que se andou a fazer na Grécia para salvar os credores e o setor financeiro. É estúpido simplesmente. Excepto do ponto de vista do setor financeiro. Para eles já não é nada estúpido obviamente. Aconteceu porque toda a estrutura económico-político-financeira está organizada de determinada forma.

A credibilidade existe, mas a credibilidade das populações nos sucessivos governos é posta em causa e a credibilidade dos credores nos governos não pode ser? Não podem ser só uns a pagar a fatura da crise. A questão está em como repartir esses custos.