Passos Coelho tem de ser defendido de si próprio, já que disse que a redução dos custos do trabalho para as empresas foi a reforma que
ficou por fazer. É claro que é sempre possível fazer mais e pior para reduzir a força de trabalho ao estatuto de uma mercadoria barata e descartável, mas olhem que o governo, em linha com as instituições europeias, fez muito: como lhe competia, a desvalorização interna aumentou brutalmente o desemprego e este é o mecanismo disciplinador por excelência, as reformas na regulação das relações laborais aumentaram o poder dos patrões, a contratação colectiva foi erodida com denodada eficácia. Tudo isto fez com que, por exemplo, Portugal tenha registado a maior queda nos custos laborais na União Europeia. Bom, é verdade que uma das mais transparentes transferências de rendimentos do trabalho para o capital, por via da TSU, foi bloqueada pela mobilização popular, mas o governo, com arte e engenho opacos, conseguiu obter efeitos equivalentes através de alterações ao código de trabalho, por exemplo, mudando a retribuição do trabalho suplementar, como bem se observou na altura. Mas Passos não está satisfeito e sabe que os seus patrões em Bruxelas-Frankfurt-Berlim também não: estais avisados. O homem tem ambição de classe: ele quer mais e pior para quem trabalha. É o que nos cabe nesta euro-periferia.
Adenda: a fotografia é do projecto Mercadoria Humana da autoria de Pedro Medeiros.
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3 comentários:
A relação de forças entre capital e trabalho generalizou-se ao conjunto do social- onde se incluem milhões de desempregados e precários os agentes políticos são hoje representantes do capital social à medida que a divisão social se aprofunda os dirigentes tornam-se elementos activos dessa transformação -a globalização torna o capital mais agressivo e a resposta mais fluída e diluída o que deixa margem para um maior aventureirismo que agudiza a relação de força entre classes sociais.
Felizmente que vamos ter eleições perto e ele até avisa antes o que irá fazer.
O que este senhor preconiza é o aumento da injustiça, o sofrimento para mais gente e a morte antecipada para alguns outros, é disto que estamos a falar. Cada um saberá de que lado está e acredito que será também julgado por isso.
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