sexta-feira, 3 de abril de 2015
José da Silva Lopes
«Sou um economista antigo, vejo as regulações que tínhamos e que hoje já não existem e fico um bocado preocupado». Assim falava, em 2008, no pico da crise financeira, José da Silva Lopes numa entrevista. Um economista sempre preocupado com o país morreu ontem. Um dia, num debate realizado depois da crise financeira asiática de 1998, já não me recordo o ano, lembro-me de Silva Lopes ter usado a mesma expressão, perante um dos economistas crentes na hipótese dos mercados eficientes, seu parceiro de debate: «eu sou um economista antigo». Acho que o fazia por ironia em relação à ideologia que passa por economia convencional, hegemónica, e, talvez, por se lembrar de tempos económicos mais sensatos (quem disse que o progresso intelectual é garantido?), quando a maioria dos economistas conhecia a instabilidade dos mercados e a necessidade de terem rédea mais curta. Ele vinha de longe e lembrava-se: A economia
portuguesa desde 1960, um dos seus livros, acaba por sintetizar no seu título uma carreira de servidor público, da EFTA ao Banco de Portugal, quando este ainda era de Portugal. Muitas
vezes, mesmo muitas vezes, discordámos dele. É assim mesmo. Ele nunca se furtava ao
debate: só os argumentos valem. Os economistas antigos farão sempre falta.
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3 comentários:
Tinha essa memória de tempos mais sensatos.
Tinha também a memória de tempos bem insensatos, e sem hesitação, defendia a redução do valor das reformas!
A pequenina questão que ensombra este post do João Rodrigues é o comentário do jose em que este refere a memória de "tempos mais sensatos"
Esperemos que tais tempos não sejam os tempos pelos quais os saudosistas do fascismo choram.
Esses eram tempos não gratos a Silva Lopes.
Quanto à redução das reformas... sem hesitação poder-se-ia dizer muita coisa aqui...mas francamente seria conspurcar este belo texto.
Dos abutres não reza a história
De
http://economiainfo.com/edicoes/2015/04/06/avisos-silva-lopes/
Pontos 2,4 e 8 são duros.
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