terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O custo fixo da globalização

O pesadelo da sobreprodução e da deflação à escala global, em que hoje estamos trancados, não pode ser desligado do declínio do peso dos salários no rendimento nacional. Esta tendência é comum aos EUA, à União Europeia, ao Japão ou à China. De facto, a integração económica internacional tem tido nos salários a sua variável de ajustamento. O resto do artigo pode ser lido no esquerda.

Os artigos de David Pilling e de Robert Wade, referidos no esquerda, estão disponíveis aqui e aqui.

1 comentário:

Luís disse...

O artigo tá nt bem escritinho mas estanca onde devia acelerar a fundo.

Os modelo exportador internacional está a dar as últimas de si. Mas mais uma vez não basta dizer que a resposta deve vir pelo fomento da "procura interna"; pq já antes as nossa exportações já eram "procura interna" de outro país qualquer. Era um jogo de soma nula, onde a única coisa que realmente somava eram os montantes de endividamento! Portugal está aqui numa posição perigosa; como estão a Grã-Bretanha, os EUA, a Hungria e por aí fora! A alavancagem deixou toda esta fama; e as peças caem como no dominó, podemos ser os últimos mas também cá vai chegar.
Assim, aquele conceito de "déficit spending" tão caro aos keynesianismos de todas as idades é um processo já em curso há mais de duas décadas só que o móbil dessa despesa não era o Estado, como tradicionalmente se postulou, mas as famílias de um modo geral e as grandes corporate.

Se fôssemos analisar no concreto, víamos que a proporção do consumo no PIB na economia portuguesa não sofreu nenhuma sensível alteração de 1977 até hoje. O mesmo se pode dizer dos salários: excepto as experiência pós revolucionária, o peso de remuneração do trabalho no PIB não sofreu sensíveis alterações. Mas... se correm as séries temporais da composição da despesa de 1977 até hoje há duas realidades flagrantes; Portugal nunca conseguiu eliminar o défice comercial externo; a meio da década de 90 passou a ter sistematicamente uma BTC negativa; e a única componenente do PIB que vê o seu peso relativo aumentar substancialmente é o ESTADO.
Meus senhores; as portas estão escancaradas! O Estado já engole tudo; e o que no engole as famílias pedem emprestado para poderem ter carros alemães e mobiliário sueco!

Convenha, historicamente o peso dos salários no rendimento do PIB nas principais economias capitalistas está historicamente baixo e isso precisa de ser forçosamente contrariado, e já nem quero falar dos níveis do fim da década de 60.. Mas o problema é mais complexo que esse, e a economia não é uma realidade homogénea, nem podemos tomar os nossos desejos como uma realidade.

Há duas realidades antropológico-economómicamente sem escape: uma é a produção outra é o consumo; queremos produzir para consumir ou queremos consumir só para fingir que estamos a produzir? Não sei o que hei-de dizer mais!