quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Em defesa de um cordão sanitário!

Estima-se que, nas recentes eleições legislativas em Israel, o partido de extrema-direita, Yisrael Beyteinu, liderado por Avigdor Lieberman (na foto), tenha sido a terceira força mais votada e que possa mesmo vir a formar governo em Israel, num executivo liderado pelo Likud (Público, 11/2/09).

A vertigem expansionista do sionismo é já uma marca forte do Likud, com tudo o que isso implica de reivindicações territoriais sobre os territórios ocupados da Faixa de Gaza e, sobretudo, da Cisjordânia (manutenção e expansão dos colonatos nesses territórios ocupados em 1967, reivindicação da eliminação do Hamas, etc.). Porém, se o partido de extrema-direita, Yisrael Beyteinu, chegar agora ao poder junto com o Likud prevê-se uma forte deterioração das condições políticas e humanitárias (para os palestinianos, nomeadamente) no Médio Oriente: Yisrael Beyteinu reivindica, por exemplo, que os cerca de 20% de árabes israelitas tenham de assinar uma declaração de fidelidade incondicional ao Estado de Israel caso contrário perderão a cidadania (uma reivindicação semelhante às que os Nacional-Socialistas fizeram face aos judeus na Alemanha de entre-guerras, ironia da ironias…).

Perante isto, a Europa (e os EUA) não pode(m) ficar indiferente(s): um cordão sanitário precisa-se para isolar internacionalmente um eventual governo israelita que inclua o Yisrael Beyteinu. Não é só uma questão de coerência e um imperativo ético para a Europa/UE (por exemplo, face ao tratamento dado à Áustria, nos anos 1990, mas também em matéria de condenação do fascismo e do Holocausto, etc.), e também para a nova liderança nos EUA, é também um imperativo para se poder alcançar a paz através de acordos políticos nesta região. Sim, porque só soluções políticas poderão trazer a paz e serão verdadeiramente duradouras.

7 comentários:

Anónimo disse...

Quando os nazis, com o apoio de grande parte do povo, como é o caso de Israel, governam um país, é claro que esse país tem de ser fortemente condenado.
Israel, aliás, é desde há muito um dos exemplos mais marcantes daquilo que é um estado facinora, celerado, estado pária, que elevou o terrorismo de estado, a agressão e a ocupação( como aliás o seu protector internacional, os EUA e o UK e não só...)á categoria diplomática.
Deplorável, além disso, é que o chamado mundo civilizado fique calado e não tome posição( a não ser a retórica balofa do costume) perante as atrocidades perpretadas por Israel não só agora mas desde os anos 50, facil e justamente classificaveis de crimes contra a humanidade.
Dadas as suas práticas nazi-fascistas um cordão sanitário bem merecia Israel.

João Carlos Correia disse...

Cada vez menos percebo Israel. Há uma simetria de gestos com os ex-perseguidores alemães (a sistemática perseguição a uma identidade, sonhos expansionistas, vertigem pela violência) que receio que seja este Estado a tornar-se o principal pretexto para o anti-sionismo.

Anónimo disse...

Espanta-me que não lhe trema a mão ao usar a expressão "cordão sanitário" ao falar de Israel.

Anónimo disse...

Estou de acordo, mas continuo a achar que a melhor coisa que pode acontecer na região é a vitória da extrema-direita. Só assim se poderão clarificar as posições e o mundo inteiro (eu ia escrever a comunidade internacional…) ficará a conhecer, de uma vez por todas, as verdadeiras intenções do “povo eleito por Deus”.

Anónimo disse...

De acordo.

E logo façamos um cordão sanitário ao governo que propôs “British jobs for British workers”.

E ao que propôs “chiudere le frontiere ai lavoratori provenienti della Romania”.

E ao país cuja Constituição obriga aos cidadãos que professem a religião oficial do Estado a educar os filhos na mesma religião… Ups! Melhor não, é a democrática Noruega.

Já agora, a maior extensão dos colonatos realizou-se durante os governos do Labor e do Kadima, não do Likud.

E o desagradável Avigdor Lieberman quer instaurar uma lei de matrimónio civil e acabar com o monopólio religioso, coisa que o Labor nunca ousou fazer.

A realidade é mais complexa do que a indignação moral.

É preciso estabelecer um Estado para os palestinos, sim. Mas, como lembrava Max Weber, a política faz-se com a cabeça e não com outras partes do corpo.

Pedro Vendas disse...

Uma proposta esclarecedora e construtiva! Muito triste. E a escolha das palavras....

Sobre a incapacidade dos palestinianos gerarem uma liderança forte e moral, que reinvidique os seus direitos, que têm, nem uma palavra.

Que falta faz um Mandela ou um L. King!

Anónimo disse...

"Avigdor Lieberman, the hands-down success story of the election, has repeatedly outraged the far-right by suggesting in the past that some heavily Arab-populated East Jerusalem neighborhoods and refugee camps be ceded to an eventual independent Palestinian state in the West Bank and Gaza. He has consistently alienated the ultra-Orthodox - an essential building block of any right-wing dream coalition - by demanding civil-marriage and modified Jewish conversion legislation favored by Lieberman's ultra-secular constituency."

http://www.haaretz.com/hasen/spages/1064569.html

Em defesa de um cordão sanitário para os politólogos que falam do que ignoram!