terça-feira, 12 de maio de 2020

Quando perdemos o pé


Este estranho gráfico é a imagem da nossa fragilidade construída nos últimos 40 anos.

Grosso modo, esta foi a evolução do desemprego em Portugal nas últimas quatro décadas. Ao longo desses 40 anos, Portugal passou por fases de recessão e retoma e, no entanto, parece que nada disso influi. Parece que, apesar disso, continua a crescer o número de desempregados que, em cada vez maiores contingentes, se inscrevem nos centros de emprego.

Mas é mais do que isso. Como se pode ver na legenda, cada cor representa um mês e o seu valor representa o número de desempregados que se inscreveram nos centros de emprego nesse mês, em cada ano. É como se o desemprego - ainda que temporário - fosse uma fase necessária do emprego. E o emprego fosse de uma enorme volatilidade. Além disso, é cada vez mais elevada a amplitude entre os meses com mais baixos e mais altos valores, acrescentando mais um factor de instabilidade laboral.
 
Sobre as causas dessa volatilidade e da fragilidade que nos traz essa instabilidade, pode ler nais aqui. 

E agora concentre-se sobre a elipse final desta enorme serpente que nos envolve há 40 anos. Porque vai ouvir falar dela nos próximos meses. 

11 comentários:

A.R.A disse...

Bastante pertinente este post pois este estudo vem ao encontro do que tenho afirmado no que ao sector de serviços ligados ao turismo diz respeito.
A desregulamentação das normativas (hoje em dia qualquer um pode ser guia turístico por ex.) dos profissionais de Turismo assim como a precariedade das condições de trabalho num sector em estado selvagem são o mote para a tal instabilidade e volatilidade da oferta e manutenção do posto de trabalho.
Este é um sector radicalmente liberalizado, um wild west sem qualquer tipo de proteção laboral para uma grande fatia de trabalhadores independentes ou informais que viram no sector uma oportunidade para a qual não estão vocacionados e com preparação profissional deficiente que vendem a força do seu trabalho pelo valor do ordenado mínimo ou a base de estagiarios ou até com incentivos estatais para o primeiro emprego que muito benéfico foi para os patrões que se encheram com o milagre económico do Turismo e agora despedem com um choradinho que cria um certo engulho.
Urge uma regulamentação laboral e de condições sólida para o sector para que o produto turístico do qual vivem os serviços e o país, possam trazer uma estabilidade laboral para minimizar a exposição da precariedade no emprego ao mínimo sinal de crise.
Até ao momento de inicio da quarentena que o sector que mais contribuiu para as contas certas do país é o mais desprezado e largado a sua sorte num vale tudo que a médio/ longo prazo deixará marcas profundas bastante nefastas ao nível socio-económico nas regiões de maior saturação turística onde urge um turismo de vistas e de serviços com qualidade e não de quantidade.

Anónimo disse...

As curvas exibem maior exuberância ainda nos últimos 20 anos, fruto do euro, que provocou a desindustrialização.
Os serviços, com o turismo à cabeça, nunca foram a solução para ninguém e até há quem considere o turismo uma industria parasita da economia.
O estado abandona lentamemte o estado social dos cidadãos e está a transformar-se na "segurança social" dos oligarcas, todos eles dependentes da concessão, da privatização, da parceria, do subsídio, etc.
Era inevitável que isto tivesse acontecido.
Os próximos meses podem significar o colapso do sistema.

Duarte Campos disse...

Obrigado João
Abraço

Rão Arques disse...

Costa/Centeno gostam mais de exibir o pé de meia de encher.

João Pimentel Ferreira disse...

Nunca os assalariados portugueses ganharam tão bem em paridade poder de compra e tendo em consideração o índice IPC (preços ao consumidor), como agora. É preferível ter emprego flexível e inconstante e ter bom nível de vida, ou ter emprego seguro e com baixos salários?

Este gráfico apresenta o Salário Mínimo Nacional mensal a preços constantes (IPC), desde 1974 até 2016. De salientar que o índice que aqui se usa para calcular o Salário Mínimo a preços constantes, ou seja, descontando a inflação, tratando-se assim do poder de compra real desses assalariados, não se trata do índice que mede o PIB, mas o Índice de Preços no Consumidor (IPC) que considera os serviços, produtos e bens de consumo que a grande maioria dessas pessoas utiliza e consome. A seguir à revolução de Abril e com a introdução de um salário mínimo, considerado por muitos, demasiado elevado para a capacidade económica e industrial do país de então, denota-se que houve um acerto desse valor, levado a cabo pela desvalorização cambial, imposta pelo FMI das duas vezes que esteve em Portugal por essa altura. O que é mais interessante de observar, é que na terceira intervenção do FMI em 2011, não só o decréscimo do valor real do salário mínimo foi residual, como foi muito inferior ao das intervenções precedentes. O valor que o salário mínimo real tem em 2017 (€535, acerto IPC, base 2011), é 26 porcento superior ao valor real que tinha em 2002 (€424, acerto IPC, base 2011), data da entrada na moeda única; já o salário mínimo real em 2002 (€424), data da entrada na moeda única, é 21 porcento inferior ao valor real que tinha em 1975 (€535, IPC, base 2011). E qual a diferença entre estes dois períodos? A divisa!

Durante os períodos de escravatura havia "pleno emprego" entre os escravos.

Anónimo disse...

Nunca o joão pimentel ferreira consegue vir ca sozinho.

Sempre acompanhado de capangas. Desta vez é o rao arques, que como se sabe é um dos seus múltiplos nicks.O últimoaseridentificado,espante-se é o do"Unknown"

Esta malta neoliberal é profundamente desonesta.Nos métodos e nos princípios. Quase que apetece estabelecer um paralelo com a sua ideologia sinistra e criminosa

Por favor,tenham cuidado com o acesso ao link que ele esparrama.Não só lhe permite encher os cofres,como vamos ter a um site armadilhado

Anónimo disse...

Não riam por favor:

"É preferível ter emprego flexível e inconstante e ter bom nível de vida, ou ter emprego seguro e com baixos salários"

O bom nível de vida, assim com um emprego flexível e inconstante, faz lembrar o destino "laboral" dos proxenetas dos offshores. Ou dos boys e girls aptos para todo o serviço. Ou dos que se vendem por um prato de lentilhas, mesmo que para tal seja preciso parir assim uns centos de nicks para fazer o trabalho sujo

Pago?De forma inconstante? Com um bom nível de vida

Já te topámos ó pimentel

Anónimo disse...

( O último parágrafo de JPF vê a luz do dia tão periodicamente como um coelho sai da cartola de um charlatão

Aqui dois exemplos apenas, Num JPF aparece com pelo menos 7 nicks diferentes. Noutro repete este mesmo parágrafo mas assinando doutra forma. E em ambos os casos é completamente cilindrado

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/05/mentira-e-medo.html

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2019/02/o-euro-do-nosso-decontentamento.html

Não vale a pena perder tempo com idiotices manipuladoras e desonestas)

Anónimo disse...

Com o devido respeito só um aldrabão ou alguém muito desonesto ousa fazer uma afirmação tão idiota como esta:

"Durante os períodos de escravatura havia "pleno emprego" entre os escravos"

Mostra que não sabe o que é "emprego",nem sabe o que é a escravatura. No fundo desmancha-se assim e revela o que lhe vai na alma.Tem saudades da escravidão,em que o senhores não pagavam qualquer salário. E em que não havia qualquer emprego

A.R.A disse...

Anónimo

Essa da indústria parasita não percebi pois esta alberga profissionais tão dignos como qualquer outro portanto "esses" que afirmam tal aberração devem ter respeito para quem o fim de semana é á 3a e 4a feira ou que chega a casa quando já todos dormem para que a esses que dormem não lhes falte tecto nem comida mesmo que para tal passem o Natal e feriados afins sem um dos progenitores. Portanto esses que tais se ao invés de proferirem insandices ao estilo de quem cospe no prato que come afirmassem a sua preocupação pelo facto de o sector do Turismo ser o motor da economia do país aí, nesse caso, não poderia estar mais de acordo pois nenhum país poderá ter uma economia sustentável relegando os sectores primários e secundários para um.plano de cada vez maior irrelevância para a balança do PIB contudo reforço o meu reparo:
- Humildade não é aquela coisa que cresce nas paredes!

Quanto ao Pimentel, bom, vamos lá ver as coisas de modo simplista:
- É preferível ganhar bem em trabalho precário durante 2 anos e estar 1 ano nas filas do fundo de desemprego vs trabalho a termo incerto onde a remuneração é mais baixa mas certa?
Pois então pegue nos 2 casos acima e vá pedir um empréstimo ao banco e veja a quem é concedido crédito.
Tanta erudição e gráficos e estudos e ... consigo, a montanha acaba sempre por partir um rato.

Anónimo disse...

A.R.A tem razºao quando desmonta os comentários de um "anónimo" sobre parasitas

De resto se virmos bem, todo o discurso do referido anónimo de 13 de maio de 2020 às 07:26 é uma série cheia de lugares-comuns como que travestidos de qualquer coisa