A primeira foto é retirada da página online da TSF, a segunda é a newsletter do jornal Correio da Manhã. Ambos os grupos económicos em que estes órgãos de comunicação social estão inseridos, dão espaço, promovem, alardam os temas que a extrema-direita em Portugal defende. E fazem-no numa prática continuada de violação da Constituição e, por isso, de violação da lei de imprensa, já não falando individualmente de cada jornalista que está na Direcção de Informação desses órgãos.
O caso do Correio da Manhã é mais claro quando se distorce claramente a realidade para promover eleitoralmente uma determinada força política cuja linha política é inconstitucional e antidemocrática. Quem assistiu ao debate quinzenal de ontem percebeu o que o primeiro-ministro disse: não há um problema com a comunidade cigana; há um problema com quem não cumpre as regras, independentemente da sua cor, raça, etnia, opinião. Como foi que o Correio da Manhã viu a coisa? Deu voz ao inconstitucional.
Tudo isto tem um propósito que não é o de criar uma nova República. É, sim, o de colocar a direita no centro do poder, puxando a direita para a extrema-direita e a esquerda mais moderada para a direita, de modo a que qualquer opção seja de direita. E que o voto útil seja o da direita moderada contra a extrema-direita. Não é novidade. Está em toda a Europa.
A questão é saber como se impedem estas práticas inconstitucionais e ilegais que se albergam, precisamente, no direito de comunicar. A segunda, é como combater a direita, porque são as forças apoiantes da direita que estão por detrás desta deriva.
E isso apenas se pode fazer com um alargamento do entendimento político. Caso contrário, estaremos a votar em alguém de direita para evitar que um qualquer Bolsonaro apalhaçado chegue ao poder para ser substituído rapidamente, a mando de um status quo vigente. E nesse debate, o PS vai ter de fazer opções muito claras, como tem feito António Costa nos debates parlamentares.
Até lá, eis a minha contribuição (o coro cigano na ópera O Trovador, de Verdi):
12 comentários:
Depois de um modelo concentrado em duas forças políticas (psd e cds), a direita explode em 5 partidos com significado (psd, cds, aliança, chega e il).
Mas esta dança só faz sentido se o ps alinhar, já que o sistema está feito para beneficiar os grandes partidos.
Deduz-se que a direita apostou na pasokização do ps e na passagem de votos do ps para o be e livre (ignorando o pcp, que não se prevê que possa ir buscar votos ao ps).
Mas, será que o ps está mesmo em risco de pasokização?
Não me parece...
Alguém me explique porque é que o Estado (sim, o Estado) ainda não processou o CM por atentado ao Estado de Direito. Para além da lixarada pela qual cobra dinheiro, há aquela cega-rega do segredo de justiça, que já dura há anos. Quem cala... consente?
Se o PS for intransigente com politicas de esquerda não sofrerá nenhum abalo, o cuidado que têm de ter é apresentar propostas progressistas e transformadoras e claro está de esquerda, não se combatem mentiras com meias verdades.
Caro João Ramos de Almeida,
Normalmente não sou defensor de estratégias que envolvam "descer ao nível ao deles", mas como dizia Lenine (parafraseando de memória de um post de João Rodrigues de há umas semanas): se pode funcionar, nenhuma estratégia deve, a priori, ser posta de parte.
Nesse espírito, pergunto se não estaria na altura de começar a, à falta de melhores palavras, "extremizar a esquerda"? Talvez assim o PS ficasse assustado o suficiente para voltar a ser um partido verdadeiramente socialista.
Não estou tanto a defender esta ideia, mas antes a lançar a questão: poderia isto ser uma boa ideia?
Posso perguntar ao Óscar Pereira o que é isso de extremizar a Esquerda? Em tempos idos, os Partidos Comunistas defendiam uma via revolucionária armada, ou por outras palavras, anti-constitucional. Assim a modos como o que Lenine fez na Rússia, com as consequências que se conhecem.
É pena que nestas páginas haja ainda quem glorifique tais derivas e se esqueça que as maiores conquistas populares, o sufrágio universal, os sistemas de saúde e segurança social, a integração das minorias, etc, se fizeram sempre no contexto do estrito respeito pela Lei.
Gandhi e Luther King deram a mesma abada a Lenine e a Trotsky que Quaresma deu a Ventura...
Mas a via revolucionária foi o que uma certa Esquerda tentou em 1975 e teve então a resposta que mereceu. O PS não se deixou atemorizar por eles e não se deixará atemorizar agora, nem deixará que ninguém se venha reclamar da pureza do socialismo. Por isso, se pensa que essa estratégia irá resultar, tire daí o cavalinho da chuva.
Aliás, a única coisa que daí pode resultar é dar-se munição à Extrema-Direita para prosseguir a sua própria via anti-constitucional. Ora, não é possível travar uma luta em duas frentes. O centro cairá. Se é isso que o Óscar pretende talvez seja bem sucedido, mas em vez de Costa em São Bento, é capaz de lá acabar com Ventura.
Há uma certa Esquerda que pensa que com menos de 20% dos votos já se arranja uma maioria. A percentagem é 40 e tal por cento, ok? E adivinhe, nunca chega a tais valores sem os votos dos pequeno-burgueses, pois claro. Tenha juizinho, pois...
O Correio da Manhã é um caixote do lixo.
Este vídeo demonstra que é o CM não passa de Prostituição, Devassa, Homicídios, Violações, Raptos e Assaltos
https://www.youtube.com/watch?v=SUVyV7sNvqE
Caro Jaime Santos,
«É pena que nestas páginas haja ainda quem glorifique tais derivas e se esqueça que as maiores conquistas populares, o sufrágio universal, os sistemas de saúde e segurança social, a integração das minorias, etc, se fizeram sempre no contexto do estrito respeito pela Lei.»
Em primeiro lugar essa afirmação é, quanto muito, uma verdade *extremamente* parcial. A segurança social, por exemplo, apesar de já existir antes da WWII, só foi aceite pelas elites depois da depressão dos anos 30 ter levado os nazis ao poder, e de isso ter levado à WWII. E depois, se acha mesmo que conquistas importantíssimas como o fim do absolutismo, ou o fim do colonialismo (!), se deram sempre «no contexto do estrito respeito pela Lei», pedia-lhe que me indicasse onde exactamente é que leu tamanho disparate. Isso tem tanta ligação com a realidade como imagino terão conteúdos leccionados numa aula de história, na Coreia do Norte...
A título de exemplo, veja-se o caso do sufrágio universal. Aqui está ilustrado um exemplo do "respeito pela lei" em que esteve envolto a luta pela direito de voto das mulheres (dica: muitas delas acabaram na cadeia):
https://www.theguardian.com/theguardian/2007/apr/27/greatspeeches
Comentários análogos se aplicam a Gandhi, que não era visto pelos britânicos como sendo exactamente um "law abiding citizen"... (E que advogava muito mais violência do que hoje se lhe atribui, mas isto é toda uma outra conversa.)
De qualquer modo, tem razão num ponto: o meu comentário anterior pode dar a entender que eu estava a advogar a violência. Não era o caso: a minha ideia era mais algo como ver o PCP e/ou BE a terem uma minoria grande dos votos, o suficiente para lhes dar confiança para insistir no discurso de que é preciso "desafiar Bruxelas", como chegou a escrever Mariana Mortágua. Porque talvez aí, o PS finalmente começasse a ter coragem para dizer a Bruxelas algo como: "para a austeridade não contam mais connosco, mas olhem que é melhor negociarem connosco do que com a a alternativa mais à esquerda...".
Mas como eu também disse no comentário anterior, isto é apenas uma ideia. Esclarecido?
Jaime Santos
O PS de socialista não tem nada, quanto muito, no presente, é um partido social-democrata mais a esquerda portanto guarde a viola no saco é esvazie o peito quando se prepara para cantar á Pureza... do socialismo (que era tão boa Sra)
O J.P compara o M.L.King a Lenine? Isto está bom de ver, as verdades absolutas do pragmatismo dos "moderados" dá sempre nisto ... são os xuxalistas do arco da governança no seu melhor do Portugal call centre aos Magalhães tudo junto numa qualquer offshore a darem uma abada ao premio de melhor cantor latino do Carlos do Carmo ... uma abada sim sr.!
Mas sabendo de antemão que o J.P é daqueles que mais rapidamente se abstinham violentamente do que ponderar uma geringonca com os tais míseros 20% da população votante nacional que por cada fantasia Histórica para explicar os seus porquês que eu lhe digo:
- Olhe que não! Olhe que não!
É se quiser contra-argumentar conta o resto na esquadra onde terá muitos xuxas á sua espera para o ouvir carpir.
Vitor correia, aliás joão pimentel ferreira, quer que o Estado.
Sim, o Estado.
Os neoliberais são isto. Só berram pelo o Estado quando este tem funções repressivas
O dado cómico da questão é que tudo isto é mera hipocrisia. O vitor correia pimentel ferreira adora o CM
Jaime Santos não será o irmão gémeo do Francisco Assis?
Mas o gémeo mais à direita?
Pimentel Ferreira queixa-se que o CM só notícia Prostituição, Devassa, Homicídios, Violações, Raptos e Assaltos
Nesse âmbito terá contactado o CM para publicitar a sua obra quase poética e aquela obra que se enquadra bem nesses objectivos do CM? Aquela que fala dos seios de alguém utilizado por Pimentel Ferreira?
O problema não é propriamente esse,como JRA explicita.A questão é que o CM
dá espaço, promove, alarda os temas que a extrema-direita em Portugal defende.
Não se sabe é se já tem um programa em holandês
Jaime Santos e a abada de Gandhi e de Martin Luther King.
Cada vez mais admirado não só com os argumentos de JS como também com o nível bem expressivo como os expõe
Nem vale a pena falar no seu estrito respeito pela lei em que se fundaram as "maiores conquistas populares"
JS acredita mesmo no que diz?
Confunde as causas com as consequências. Os avanços da Humanidade tiveram atrás de si regra geral lutas ditirâmbicas contra o poder instituído.
Claro que isso é algo que o poder instituído não gosta. Por ele podíamos ainda estar no esclavagismo,no absolutismo,no colonialismo,no fascismo.
De resto adivinha-se JS diante da tomada da Bastilha a pedir a identificação dos revoltosos
Ou a exigir a Salgueiro Maia a autorização escrita de Marcelo para fazer o 25 de Abril
(O seu "tenha juizinho" é apenas uma sua marca de água. De classe. Da sua classe. Por causa destas grosserias de capataz, já viu várias vezes o cartão vermelho apresentado por João Rodrigues. )
É desta massa que se faz a direita que abre o caminho à extrema
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