quarta-feira, 13 de maio de 2020

Os abutres do Novo Banco


Em complemento ao que o João Rodrigues escreveu no texto abaixo, lembrei-me do que Cristina Ferreira escreveu no Público:

 “O Novo Banco passou milhares de bens imobiliários avaliados em centenas de milhões de euros para a Hudson Adviser, uma sociedade que tem como accionista o fundo norte-americano Lone Star que também controla a instituição. A empresa acabou de se instalar no último andar de um prédio de Lisboa, que pertence ao Novo Banco (...) No pacote agora confiado à Hudson Advisers encontram-se activos considerados problemáticos, isto é, os que são difíceis de rentabilizar e de vender. E que já justificaram o registo de imparidades que resultaram em perdas para o banco e explicam grande parte dos elevados prejuízos compensados por verbas públicas. Mas outros activos estão classificados como tendo grande potencial. E neste grupo está, por exemplo, o edifício sede do Novo Banco, situado na esquina da Avenida da Liberdade em Lisboa com a Rua Barata Salgueiro, avaliado em cerca de 40 milhões.”

O Governo espera o quê destes abutres? Audite-se e nacionalize-se. Entretanto, o descaramento de Centeno não tem mesmo limites.

20 comentários:

Jose disse...

O problema do que tem elevado valor é não aparecer quem transforme o valor em valia.
Se bem me lembro o Estado mantém ou representa lá uma parte de capital que lhe permite conhecer e avaliar todos esses negócios e o acordo inicial algo regulará sobre a matéria; daí decorre que a cena da auditoria é o Estado a auditar-se a si próprio, tudo numa cena de faz de conta, que tem por valor, para os crentes, falarem de nacionalizações como se fizessem alguma coisa para as viabilizar ou acreditassem ser essa a solução outra que não a criação de uns lugares de mordomia para as hostes partidárias.

Anónimo disse...

O NB e os biliões que se injetaram (e vão injetar ainda) eram moeda de troca com a "kohl-girl" para não fazer a Portugal o que a UE/FMI fizeram à Grécia em 2012.
Tudo se resume aos ativos/passivos que foram parar ao BES-BOM e os que foram parar ao BES-MAU.
A "religião" neoliberal que obriga a chamar um fundo abutre privado (o único interessado) para intermediar os pagamentos ainda piorou a situação, pois eles também querem ganhar.
O mais engraçado disto tudo vai ser ouvir, a seguir, que não há dinheiro para o SNS, que até pode ser necessário cortar salários, incluíndo os trabalhadores da saúde, a quem foram exigidos todos os sacrifícios.
Não deixaremos de recordar o bilião de euros esbanjado em 2020, sem sequer ter sido feita uma auditoria.
Pode ser que no próximo surto, seja do covid ou outro qualquer, a coisa não corra tão bem.

Anónimo disse...

Custa um pouco ver que alguém que andou com os terratenentes dos banqueiros na boca,enquanto pegava com uma mão num missal com os textos completos da austeridade, produza agora este choradinho idiota sobre as auditorias...

As auditorias feitas pelos amigos terratenentes dos terratenentes? As cenas das auditorias são os banqueiros néscios e privados a auditarem-se a si próprio, tudo numa cena de faz de conta, em que a promiscuidade e a vampiragem corroem o nosso edifício democrático para bem dos fundos abutres...e mais além

Anónimo disse...

Percebe-se o verdadeiro pânico que percorre os basbaques que se prostram perante a banca, quando ouvem falar em nacionalizações

Quando a banca estava nacionalizada, nos idos tempos da Revolução, não víamos estas crapulices a que a banca privada nos habituou.

Jaime Santos disse...

A auditoria às contas de 2019 está aí. Existe um vínculo contratual que o Estado tem e que deve ser cumprido, ainda somos um Estado de Direito. Caso contrário, esperem pela litigância. Realmente, a Esquerda só puxa pela CRP quando dá jeito...

https://daliteratura.blogspot.com/2020/05/centeno-nb.html

Quando Carlos Costa colocou as obrigações da Blackrock no BES mau, esta fez o que qualquer credor faria, se não me pagam, 'I will see you in court' e também disse que daqui não levas mais dinheiro. Acho que Centeno não teve outro remédio senão negociar com eles...

Acha que isto é o comportamento de um abutre, Paulo Coimbra? Olhe que eles querem lá saber...

Os argumentos morais, quando não são acompanhados de uma estratégia de saída, só servem para o fogacho nas televisões...

O PCP e o BE, se estão tão escandalizados, que apresentem uma moção de censura ao Governo de António Costa...

João Pimentel Ferreira disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
João Pimentel Ferreira disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Francisco disse...

Um dos aspectos que se discute amiúde, nomeadamente no âmbito da Ciência Política, é o do papel do Estado nas sociedades capitalistas, aí se prescrutando da separação entre a super-estrutura institucional e as relações sócio-económicas (relações sociais de produção) que lhe são subjacentes. Chega nesse contexto a ser defendido, que apesar de existir no seio do sistema capitalistas, o Estado, dado o seu aprisionamento institucional-normativo (com todos os mecanismos de controle que se alega dimanarem da democracia liberal), acaba por ter um agir autónomo, que o coloca portanto no plano da defesa de um suposto interesse geral, acima, por conseguinte, dos interesses de classe ou de facções dessas mesmas classes. A história do Novo Banco e a figura que nele foi protagonizada por Mário Centeno, é no entanto absolutamente clarificadora da inconsistência dessas teses. Na verdade, vivendo como vivemos, numa sociedade estruturalmente marcada pela divisão em classes, aqueles que nela intervêm como actores políticos, pese embora haja passos intermédios na sua actuação, acabarão sempre por ser determinados, a final, por uma opção classista, sendo aí que farão as suas escolhas e posicionamentos definitivos e essenciais. Centeno (e Costa e os demais elementos do governo do PS, bem como do respectivo Grupo Parlamentar), terão protagonizado aos olhos de alguns um papel caricato, de meros mandaretes de interesses que os comandam e não lhes prestam contas. Mas ver o assunto só desse ponto de vista - que é um ponto de vista correcto, mas insuficiente - é reconduzir tudo isto a um mero jogo de personagens e personalidades, o que nos imopediria contudo, de chegar ao fundo da questão. Nada poderia, por isso, ser mais errado, do que permitir que a apreciação ficasse por aí. Centeno e Costa, sabem a quem servem e fazem-no porque a sua consciência de classe os impele numa determinada direcção: aquela em que o poder dos de cima é de tal modo inquestionável e determinante, que um primeiro-ministro e um ministro das finanças do mesmo governo, ficam de repente desnudados aos olhos de todos nós, como aquilo que são no contexto em que se movem: meros parafusos numa máquina que não comandam e da qual será removidos, para confortáveis caixas de reciclagem, quando, por necessidades do respectivo funcionamento, se tornarem obsoletos. É por tal razão, que não será nunca por um ministro das finanças se mudar com armas e bagagens para o Banco de Portugal que a nossa vida será melhor ou pior (a do próprio é que sofrerá eventuais oscilações e nada mais). Só quando nos tornarmos donos da máquina que as coisas mudarão efectivamente, fazendo descer de vez o pano sobre este verdadeiro espectáculo de ópera bufa, em que a nossa existªência colectiva se transformou.

João Pimentel Ferreira disse...

O Francisco diz-nos que "vivendo como vivemos, numa sociedade estruturalmente marcada pela divisão em classes". Pode-nos por favor listar as referidas classes e respetivos enquadramentos sociopolíticos? Quero saber a que casta pertenço de acordo com a sua taxonomia social?

Jose disse...

O tempo das nacionalizações foi o tempo dos spreads 'adicionais', dos créditos para manter emprego, da bagunça fraudulenta e sem remédio.

Francisco disse...

João Pimentel Ferreira, fico grato pelo seu interesse genuíno em querer ser mais informado. Em querer aprender, no fundo. Como os processo de aprendizagem têm todos uma gradação qualitativa e quantitativa, por força das normais exigências pedagógicas (ninguém aprende álgebra antas de saber a tabuada), também em relação ao meu estimado amigo vou usar essa mesma metodologia. Comecemos então por um aspecto muito simples, mas nem por isso de menor importância. É que apesar de ter citado correctamente uma afirmação da minha responsabilidade (vivemos numa sociedade estruturalmente marcada pela divisão em classes), converte na sua pergunta a expressão classes para casta, que toma por sinónimos. É um erro de palmatória, apenas desculpável quando ainda estamos no ba-bá. Talvez começar por aí, por perceber onde está o se vício de abordagem que o leva a confundir conceitos e depois logo avançamos para coisas mais complexas, já que enquanto não soubermos andar, todos os esforços para correr estão fadados ao insucesso. Caso pretenda uma abordagem mais densa, creio que em qualquer call-center, supermercado, empresa de transportes, em cima das motoretas da telepizza, ou nas filas das redes de assistência alimentar, encontra com facilidade uma série de doutores que, de forma exaustiva, o podem habilitar com um manancial de explicações sobre o tema.

Geringonço disse...

Absolutamente enternecedor a defesa das oligarquias, tanto nacionais como internacionais, pelos trolls do costume!

Por favor trolls, jamais parem vossa intifada em prol das oligarquias contra o resto da população!

E depois não se esqueçam de perguntar como é que se vai pagar por este ou aquele serviço social do Estado!

Ou então parem a vossa intifada, e comecem a vossa regeneração para se tornarem gente minimamente decente... não acredito que aconteça tão cedo...

Anónimo disse...

Jose´tem duas coisas atravessadas na maçã de Adão. O 25 de Abril e as nacionalizações

Sem falarmos na queda de Salazar da cadeira


Os anos da Revolução foram anos incríveis. Avançou-se mais do que nos 40 anos da ditadura.

E por um breve instante os chacais ficaram acantonados aos seus redutos

Anónimo disse...

Quanto à bagunça fraudulenta... bagunça fraudulenta foram os anos que se lhe seguiram.Como se verificou no saque perpetrado pelas organizações patronais e suas organizações satélites com os fundos sociais europeus.

Depois por aí adiante, até atingir metade do governo do prof Cavaco...
e a bandalheira continuou ao serviço de uma classe

Anónimo disse...

Chapeau Francisco

Anónimo disse...

Mais um texto a enganar os leitores. Sim! Tudo o que se escreve por estes dias sobre o BES e etc., para não enganar os leitores, devia começar por explicar que o governo não manda nada em áreas que se relacionam com a banca. Nem mesmo tem poder para dar instruções ao Banco de Portugal.
A Lone Star comprou o cão, dando como pagamento o pêlo do cão. Isto é, avançaram com algum dinheiro que lhes está a ser devolvido anualmente em tranches de 1000 milhões de cada vez. São empréstimos de dinheiro a tão longo prazo que soa a um fundo perdido. Quando, finalmente o NB falir, é mesmo perdido, o dinheiro.
Tudo o que tem acontecido nestes últimos dias soa a sound bites para oposição brilhar, fazendo de conta que está lá para defender os contribuintes.
Infelizmente a nossa política está numa situação de faz-de-conta há muito tempo…

Anónimo disse...

14 de maio de 2020 às 23:49:

Mais um blablabla escondido atrás do brilho da oposição.Em tranches de blablabla

Este pensa que nos engana. A desonestidade servida em faz-de-conta.

João Pimentel Ferreira disse...

Francisco, dispenso o tutorial em pedagogia. Se por classe se refere a diferentes profissões terem salários diferenciados, em primeiro lugar ninguém lhe garante que o estafeta de hoje não pode ser o engenheiro de amanhã; e em segundo lugar coloco-lhe a pergunta retórica: está disponível a pagar o mesmo à sua empregada doméstica do que paga ao seu médico?

Geringonço disse...

A empregada doméstica, a "senhora das limpezas" e o "homem dos lixo" desempenham funções bem mais importantes e úteis para a sociedade que os trolls de blogs.

Sim, estes trabalhadores essenciais deviam ser bem melhor pagos que os trolls, aliás, os trolls nem deviam ser pagos...
Até porque se estes trabalhadores essenciais forem bem melhor pagos a possibilidade de se tornarem em engenheiros aumenta, se lhes forem criadas condições precárias constantes esta possibilidade diminui consideravelmente.

De qualquer maneira, espero que qualquer trabalhador fique afastado da vida de troll, é uma vida inútil e imoral.

Anónimo disse...

Que vergonha. QUe impotência. Que fuga desordenada e patética.

A "casta" de JPF desmantelada num ápice e ele a dizer esta espécie de idiotices broncas.

Que vergonha. Que impotência. Que fuga desordenada e patética

Que JPF