sexta-feira, 22 de maio de 2020

A lista


Num comunicado enviado às redações, o Conselho de Administração do Novo Banco diz que «não aceita e lamenta profundamente que o bom nome da instituição continue a ser usado como arma de arremesso político e/ou manobras político-mediáticas» e que, caso subsistam «dúvidas sobre a criação e a forma como é gerido o Novo Banco, como transpareceu, uma vez mais, do debate parlamentar (...), os senhores deputados devem procurar, através de todas as iniciativas, (...) apurar tudo o que quiserem».

É curiosa, desde logo, a referência ao «bom nome» daquele que foi apresentado como sendo «o banco bom», o que é «novo», mas que acumula prejuízos e necessidades de injeção de capital sem fim à vista, pelo Fundo de Resolução, a ponto de fazer lembrar o «velho» banco, aquele que é «mau».

Uma das questões que tem sido suscitada relativamente à gestão do Novo Banco tem que ver com as operações de venda de imóveis, podendo estar em causa montantes substancialmente abaixo dos valores de mercado, preferência danosa por determinados compradores ou o mecanismo de venda (isto é, saber se estas «têm sido feitas por via normal ou por jurisdição offshore»).

Dúvidas que, fazendo fé na disponibilidade do Conselho de Administração para tudo esclarecer, ficariam dissipadas com a disponibilização da lista destas operações, permitindo o adequado escrutínio do processo. E, no caso de comprovada má gestão, romper o contrato com o Fundo de Resolução, como sugeriu entretanto - e bem - António Costa. Dito de outro modo, porque é que o banco não disponibiliza de imediato esta informação a todos os grupos parlamentares?

11 comentários:

Anónimo disse...

O NB e o fundo de resolução serão drenados até ao tutano e atirados para o lixo no final.
É esse o modus operandi dos "hedge funds", ou fundos abutre, como preferirem.
Havia apenas uma coisa a esclarecer no meio nisto tudo: o que ganham os Portugueses que defendem esta choldra (PORQUE SE ELA ASSIM FOI DESENHADA, É PORQUE HOUVERAM PORTUGUESES A DEFENDÊ-LA, SR RIO)?
Ora a resposta só pode ser: porque era moeda de troca.
Se nos lembrarmos que, passados 10 anos, ainda não sabemos quem são os caloteiros do banco público, facilmente se chega à conclusão de que o fundamental está OMITIDO.
Só somos informados do lixo.

Anónimo disse...

"Se nos lembrarmos que, passados 10 anos, ainda não sabemos quem são os caloteiros do banco público"?

Chamar banco público ao BES ou ao NB é um pouco forte. Demasiado até.

Apesar de apresentar enormes prejuízos, - 1059 milhoes de euros em 2019 - o Novo Banco continua a garantir aumentos de remunerações e prémios dos seus gestores. O Novo Banco contratou um novo administrador financeiro em 2019, o irlandês Mark Bourke, e “para o conseguir atrair, pagou 320 mil euros como bónus”. Este valor acresce aos cerca de 2,3 milhões de euros atribuídos ao conselho de administração do banco em 2019, segundo aponta o relatório e contas de 2019...

Anónimo disse...

"sugeriu entretanto - e bem - António Costa". Sugeriu é a palavra-chave. António Costa não tem poder.

Anónimo disse...

Oh camarada, o banco público é a CGD, não o BES, nem o NB.
Por acaso, o BES chegou a ser público entre a nacionalização em 1975 e a reprivatização, nos tempos do cavaquistão.

Anónimo disse...

Essa do camarada assim tão a despropósito como a bucha do banco público...

Aqui metidos a martelo quando há tanto para falar no NB

Não gostou que se denunciassem as manhas neoliberais, concretas e objectivas?

Quanto aos "caloteiros" da CGD ...a questão vai muito mais longe. A questão é também política e deriva das negociatas do bloco central de interesses.Com a benção do CDS e a cumplicidade de quem manda mais além

Anónimo disse...

E sabemos quem são os caloteiros

Há necessidade de apurar responsabilidades pessoais, mas também políticas. São exatamente alguns daqueles que passaram pela gestão da CGD e têm grandes responsabilidades pelo que aconteceu ou então estiveram no Governo e foram ministros das Finanças, etc…

Para um banco ser público não basta ser do Estado, é preciso que na gestão estejam pessoas identificadas com o serviço público, a cumprir uma missão atribuída pelo Governo e que deve ser colocar esse banco ao serviço do desenvolvimento económico, no apoio às famílias e financiamento da economia nacional.

O que aconteceu ao longo destes anos foi que a CGD se virou para os grandes negócios, para o apoio aos grandes grupos económicos, sem a salvaguarda de condições que garantissem o retorno desses empréstimos

O “afastamento do banco público da sua missão” é responsabilidade não só dos conselhos de administração do banco público, mas também dos sucessivos Governos.

As opções de gestão da CGD não estarão desligadas do facto de, em diversos casos, a escolha dos membros dos conselhos de administração se basear em critérios de natureza partidária, e não em critérios de competência, experiência profissional e idoneidade.

Vamos encontrar atolados até ao pescoço a fina flor das elites neoliberais

Podemos falar nos caloteiros ( palavra tão fofinha) mas não estávamos a falar no NB?

Jose disse...

O que impede o governo de perguntar a quem fez o Banco Bom, o que o levou a ver ouro onde afinal só há merda?

JE disse...

Jose faz uma pergunta quase revolucionária

Embora se fique um pouco desiludido com a falta de atenção do mesmo Jose ao que foi entretanto dito e escrito. Também aqui no LdB

É o que acontece quando o Capital é quem mais ordena. Os terratenentes dos banqueiros reúnem-se com os terratenentes dos seus imediatos que por sua vez se reúnem com os seus representantes nos partidos. Também terratenentes, como é óbvio.

Claro que as coisas são mais complexas do que o que Jose diz desta forma quase ingénua pelo Jose

É que só uns é que viam ouro. Outros desde o início viram só merda nestas negociatas do Capital

JE disse...

Sabe-se que a medida de Resolução do Banco Espírito Santo e da criação do Novo Banco, como banco de transição, foi um processo com custos elevadíssimos para o País, conduzido pelo governo PSD e CDS que, durante quatro anos, esconderam o que se passava no GES e no BES.

A 31 de Março de 2017 assistiu-se à conclusão do processo de venda do banco à Lone Star, um Fundo estrangeiro conhecido pela sua natureza especulativa, de idoneidade duvidosa e envolvido em vários processos judiciais.

E o que nessa altura já se dizia?

"A Lone Star passa a deter o terceiro maior banco nacional, praticamente a custo zero, o investimento de mil milhões de Euros é feito no reforço de capital do seu próprio banco, regista algum risco na carteira de activos colocados no chamado “side bank” e aponta para a redução de mais umas centenas de trabalhadores e de encerrar mais umas dezenas de balcões.

A entrega do Novo Banco à Lone Star, decidida pelo Governo do PS, seguindo o caminho do anterior governo do PSD/CDS e secundada pelo Presidente da República, não é, como afirmou o actual Primeiro Ministro, nem a menos má das soluções nem a única solução possível.

De facto, esta entrega é uma má solução que pode trazer prejuízos directos para o Estado, superiores a três mil milhões de Euros. É que na gestão da chamada carteira de activos de difícil recuperação, o Estado pode vir a ser chamado a cobrir provisões de imparidades em mais alguns milhares de milhões de euros, para além dos custos económicos e sociais de colocar nas mãos de um grupo monopolista este importante instrumento para o apoio ao desenvolvimento económico e social do País, que é o Novo Banco, - o primeiro banco nacional na relação com o apoio às micro, pequenas e médias empresas.

É uma má solução porque, ao contrário do que é afirmado, serão os trabalhadores e o povo português a pagar este negócio por via das perdas do Estado associadas ao Fundo de Resolução.

A mistificação que uniu PSD, CDS e governador do BdP de que residiria nesse Fundo de Resolução (tutelado pelo Ministério das Finanças e o BdP) a solução encontrada – cujo montante ascendia a umas escassas centenas de milhões de euros – constituía um embuste dirigido a enganar os portugueses. Tratou-se de esconder e iludir a drenagem, de facto, de mais de 4,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos do chamado Fundo de Recapitalização.

Mas alguém acredita hoje que os bancos integrados no Fundo de Resolução vão pagar o empréstimo que receberam do Estado?

Como afirmou o Presidente do Banco de Investimento Global numa entrevista ao Público no dia 24 de Agosto de 2015, “Dizer que os contribuintes não vão pagar a Resolução do BES pura e simplesmente não é verdade. Os contribuintes vão pagar e bem, pois o Estado vai receber menos impostos da Banca”. Ele lá sabe do que fala e dos compromissos que existem.

A venda do Novo Banco não é mais do que o resultado da imposição da supervisão bancária e a resolução bancária únicas da União Europeia que alienam ainda mais a capacidade e o poder do País.

Sim havia uma outra solução, no interesses do País e do seu desenvolvimento soberano se a única opção admitida pelo governo não fosse a de amarrar a intervenção no sector financeiro a regras impostas por outros que debilitam ainda mais a capacidade de controlo do Estado português sobre o sistema bancário nacional, aumentam a dependência e a submissão às pressões do BCE e da União Europeia (DGComp).

Procurando justificar a decisão de venda, o Primeiro Ministro fez o exercício de comparar com os custos da nacionalização do Novo Banco, 7.000 milhões de Euros, fruto da imposição de rácios por parte do BCE por ser um banco nacionalizado. Mais uma vez o que determinou a decisão de não nacionalizar, não foi o interesse nacional, mas as imposições das instituições europeias que o Governo do PS assume como opção".

JE disse...

Uma excelente oportunidade para ver que a merda convoca a merda.

Com o alto patrocínio da fina flor do entulho banqueiro, da governança e da União Europeia

Paulo Marques disse...

Nada. Mas Bruxelas é os seus idiotas úteis nacionais garantem a liberdade de não terem que o dizer.