quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
Fim da linha?
Parece que a social-democracia na UE chegou ao fim da linha quando o “guião” para os trabalhos da sua conferência, realizada no passado fim-de-semana em Lisboa, resultou do trabalho de uma “comissão independente para a igualdade sustentável”. A força do hegemónico consenso de Bruxelas e da sua novilíngua revela-se nos nomes das coisas.
Parece que a social-democracia chegou ao fim da linha quando ainda decide participar na farsa da “eleição” do Presidente da Comissão Europeia e com Frans Timmermans como “candidato”, ou seja, com a versão em negócios estrangeiros de Dijsselbloem, ambos membros de um agora merecidamente pequeno partido holandês, indicando portanto aos outros o seu provável futuro.
Parece que a social-democracia chegou ao fim da linha, graças sobretudo à integração europeia irremediavelmente neoliberal, quando a grande esperança no regresso às suas raízes, Jeremy Corbyn, escreve um artigo para o ilegível The Guardian, onde toma o comércio internacional “sem fricções” como uma referência para o Brexit, o que está em flagrante contradição com certos aspectos do seu programa, incluindo as ajudas de Estado aí afloradas, parte de uma necessária política industrial. Espero que seja tudo táctica para trabalhista europeísta, uma contradição nos termos, ver. Veremos. Entretanto, Brexit só há um e é duro, como agora se diz de forma manipuladora, aliás como dura será sempre a luta democrática contra a lógica pós-democrática do mercado único.
Parece que a social-democracia chegou ao fim da linha quando Geórgios Papandreou, o da pasokização, lidera um apelo a Corbyn, publicado no The Guardian, para que cometa suicídio político, lutando pela manutenção do Reino Unido na UE, travando o Brexit. Só por cinismo se compreende que Assis subscreva tal apelo. Afinal de contas, a UE é o fim da social-democracia, o fim de Corbyn. E por falar em cinismo euro-liberal, que dizer do discurso pretensamente idealista do dirigente social-democrata Augusto Santos Silva, que pelos vistos desconhece o pretensamente realista Ministro dos Negócios Estrangeiros português Augusto Santos Silva?
Enfim, parece que a social-democracia chegou ao fim da linha quando o partido socialista deste país é uma referência para o resto. O governo deste país aprovou recentemente a transposição do pacote europeu de liberalização da ferrovia. O fim da linha passa de metáfora a realidade...
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10 comentários:
A social-democracia europeia chegou há muito tempo ao fim da linha, nomeadamente quando (e só a título de exemplo), no contexto de uma integração europeia de natureza pretensamente convergente (e chegado aqui estou de facto a soltar umas gargalhadas), participou com o inenarrável Zorrinho como um dos cabeças de cartaz (a quem nós temos estado entregues, valha-nos Deus...) na famosa estratégia de Lisboa e nas suas promessas de leite e mel, para, passados apenas quatro míseros anos, capitular em toda a linha perante o famoso Relatório Kok (capitulação e subserviência perante os ditames do capital, como é da sua natureza, evidentemente) e se predispor à flexisegurança, ao subemprego e a tudo o mais que a tralha neoliberal lhe impôs.
Foi assim edificado um modelo segundo o qual as questões sociais no âmbito do processo de integração europeia e em especial o denominado modelo social europeu, deveriam a partir de então revestir um carácter de "Workfare State Schumpeteriano", como lhe chamou acertadamente Bob Jessop (The Future of the Capitalist State). Por conseguinte, a promessa falaciosa que social-democracia europeia encerra é um furúnculo, cuja extirpação do nosso quotidiano é cada vez mais uma emergência.
O fim da linha da social-democracia é o fim do crédito para simular riqueza a distribuir.
No mínimo há que louvar-lhe o realismo de aceitar que criar riqueza não é tarefa que o Estado saiba fazer com competência.
Regular o capitalismo é a sua melhor hipótese de justificar a sua existência; e o Corbyn sabe bem que o Brexit significa mais liberalismo e que só ancorado na UE pode aspirar ao papel de regulador.
Fascina-me ver os amantes das teorias económicas e políticas erradicadas do cenário político e económico do planeta (subsistem uns parques temáticos tipo Cuba e Coreia do Norte) assanharem-se contra a social-democracia que é a força política com relevo na Europa que ainda cultiva a doutrina dos coitadinhos e o papel paternal do Estado.
Lá isso é verdade.
Um Ricardo Salgado ou um Oliveira e Costa ou um Mexia sabem criar riqueza para os bolsos deles.
É a que sai dos nossos bolsos.
Pedro, gosto pouco de dar troco a treteiros, mas sempre te vou dizendo que:
Se o artº 35º do Código das Sociedades Comerciais tivesse vigorado nos termos em que foi criado muitos anos atrás (por força de directiva europeia), provavelmente os dois primeiros personagens não teriam feito o que fizeram ou pelo menos tinham 3 anos de cadeia imediatos para princípio de conversa. Algum partido reclama desse facto? Não, tudo abrilesco!
Quanto ao Mexia não faliu coisa alguma e entra aqui por força das raivinhas esquerdalhas a tudo que não é medíocre.
Duvido que haja verdadeiros social democratas nessa conferência da treta.
Abrilescos mas do 25 de novembro, que os do companheiro Vasco tinham outros defeitos mas não vos davam carta branca para vocês nos andarem a roubar.
E sim, em neoliberalismo as leis raramente são aplicadas contra grandes empresários. É a desbunda empresarial.
Porque têm cumplices como tu em todos os níveis da sociedade, que defendem os salgados assim como estás aqui a defender o Mexia, que já está acusado de corrupção e toda a gente sabe que está avesmifrar o país e metido numa data de roubalheiras.
Mas tu defendes o mafioso assim como defendeste a entrega da economia a gajos como o Salgado, que toda a gente sabia não ser pessoa de bem mas que durante décadas foi protegido por criminosos como tu nos partidos e na "regulação".
Perante o facto da maioria dos casos de corrupção e má gestão envolverem privados. Aliás de nem existir nenhum corpo de gestores públicos permanente, sendo os mesmos gestores que andam a saltar entre o público e o privado, como podemos ver pelo actual gestor da caixa geral de depósitos,tu continuas a debtar a mesma cassete de atrasado mental da santidade de pacotilha dos privados.
E eu não sou de esquerda. Até costumo ser aqui insultado pelo estalinista de serviço.
Não gosto é de ser roubado pela máfia neoliberal da tua laia.
« os do companheiro Vasco tinham outros defeitos mas não vos davam carta branca para vocês nos andarem a roubar»
Roubavam eles mesmos!
«os do companheiro Vasco tinham outros defeitos mas não vos davam carta branca para vocês nos andarem a roubar»
O que por aí havia de spreads por baixo da mesa para obter financiamento bancário, promoveu muito proletário a capitalista.
É possível.
Mas não justifica a corrupção generalizada do setor privado.
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