terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Snacks de Economia Política


A investigação em vários campos da Ciência Social tem mostrado que o ensino da Economia, sobretudo no que toca à forma como entende o ser humano, o seu comportamento e a sua racionalidade, torna os alunos mais propensos a um comportamento egoísta e até imoral.

Um académico e investigador do fenómeno da corrupção escreveu uma carta à Real Academia das Ciências da Suécia pondo em causa o seu apoio ao Banco da Suécia na atribuição do chamado prémio Nobel da Economia. Nessa carta afirma o seguinte:
Vários relatórios de investigação, independentes, mostram que aqueles que estudam Economia são mais propensos à corrupção, e outras formas de comportamento eticamente condenáveis, do que aqueles que estudaram outras matérias.
É disto que falo no primeiro vídeo de uma série que espero poder editar semanalmente. Um modesto contributo para a divulgação de um olhar crítico sobre o pensamento dominante na Economia, na perspectiva de uma Economia Política na tradição do Institucionalismo Original, o de Thorstein Veblen.

8 comentários:

Jaime Santos disse...

Existe uma longa tradição de crítica ao consumismo pela Esquerda. Marx falava, creio, no fetiche da mercadoria. Mas depois, vai-se a ver, e qual é a receita dessa Esquerda para a solução dos males do nosso tempo? Crescimento económico, num planeta que já não aguenta com a exploração de recursos levada a cabo pelos humanos.

Eu sei que o objetivo é o pleno emprego, e não o lucro, mas a diferença é assim tão grande, Jorge Bateira, se o resultado é parecido? Ninguém bateu o Socialismo Real no que diz respeito à depredação ambiental, por exemplo.

De boas intenções, está o Inferno cheio...

S.T. disse...

É interessante observar como um arauto da livre iniciativa e da prosperidade adopta os mitos do crescimento zero quando isso serve de arma de arremesso contra as aspirações a um mais equitativo uso dos recursos existentes.

Os últimos 20 anos demoliram o mito de que uma sociedade liberal e democrática é condição sine qua non para o crescimento económico. Mais recentemente começa a demolir-se outro mito: De que é necessária a existência de uma opinião pública forte para reclamar medidas de protecção ambiental. Ambos estes mitos foram e estão a ser desfeitos pela China e pelo seu todo poderoso Partido Comunista. Eu, que nem sou comunista gozo como um preto com estas ironias. E mais gozo ainda com o desnorte de alminhas com Jaime Santos, incapazes de porem em questão os dogmas que lhes venderam e que tão desfasados se mostram da realidade. È tão "passé" esse seu pensamento malthusiano! Benza-o um deus (menor) não o lamba o gato, Jaime Santos! LOL

S.T.

S.T. disse...

Já que por aqui passo, congratulo o Prof Bateira por mais esta iniciativa, que tem um formato muito digerível. Bom trabalho!

S.T.

Anónimo disse...

Muito interessante este snack. Um bom ''alimento'' para se pensar sociedades mais inclusivas e decentes.

José M. Sousa disse...

O comentário de Jaime Santos é de um despropósito total.

S.T. disse...

Eu até já tinha molhado a sopa no comentário retrógrado e limitado do Sr Jaime Santos, mas parece-me que perante tamanha hipocrisia não chega.

É que são alminhas como este Sr Jaime Santos que recusam os investimentos necessários à redução das emissões de carbono e a uma evolução para tecnologias mais limpas e ambientalmente sustentáveis. E depois ainda têm o despudor de advogar o uso de arriscadas técnicas de geoengenharia para poderem manter o actual modelo de produção energética centralizada e baseada nos combustíveis fósseis. Mas para eles o problema são os assalariados que "querem consumir demasiado". Já aqui dei o exemplo francês em que se tenta penalizar o diesel mas não se taxa o querosene de aviação. Não faltarão exemplos semelhantes.

Por muitos problemas que sociedades como a chinesa tenham, uma coisa é certa: Quando as estruturas políticas decidem que o ambiente é uma causa a defender surgem bateladas de carros eléctricos nas ruas das grandes metrópoles chinesas, convertem-se frotas inteiras de autocarros e transforma-se um logo na maior central fotovoltaica do mundo.

Isto é investe-se, não se procura asfixiar a procura e reduzir a qualidade de vida dos assalariados.

E depois há uma semelhança deliciosa entre o anti-consumismo de Jaime Santos e os racionamentos do consumo da era soviética.

S.T.

S.T. disse...

Reparo agora que o meu comentário anterior tem uma gralha . Eu queria dizer que na China se tranforma um lago na maior central fotovoltaica flutuante do mundo.

Link para artigo:

https://cleantechnica.com/2017/05/26/china-activates-worlds-largest-floating-solar-power-plant/

Também um artigo sobre o solar fotovoltaico na China, na Forbes:

https://www.forbes.com/sites/jillbaker/2018/06/18/solar-leader-china-is-slashing-its-subsidies-on-solar-power-what-you-need-to-know/#dce6fb22f9a2

O ponto essêncial é que os miserabilistas austeritários criam obstáculos e entravam estúpidamente a transição para formas de produção energética com muito menor impacto ambiental, enquanto uma sociedade aparentemente menos livre e que era suposto padecer da rigidez associada ao totalitarismo avança na direcção certa a todo o vapor.

Serei só eu a perceber a ironia?

S.T.

Anónimo disse...

Excelente vídeo e texto! No entanto tenho algumas preocupações em relação à Economia. A Economia digamos, ortodoxa, aceita os critérios Popperianos, de demarcação entre Ciência e Pseudociência, e tenta supera-los. Receio que uma Economia à Boaventura Sousa Santos do CES de Coimbra, antipositivista, anti-empírico esqueça para sempre este objectivo, que para mim deverá continuar a orientar o esforço e o programa de investigação na disciplina.