quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

As tentações de Crato e da direita perante os resultados do PISA

Foram ontem divulgados os resultados do PISA 2015, que avalia as competências dos alunos que iniciaram o seu percurso escolar em 2004/05. Portugal regista, uma vez mais, melhorias significativas de desempenho nos três domínios avaliados pela OCDE: Ciências, Leitura e Matemática. Nas palavras do Comissário europeu da educação, Tibor Navracsics, «Portugal é o único país da UE que tem melhorado de forma continuada o seu desempenho em PISA desde 2000». São duas décadas de progressos consecutivos e consistentes, que validam toda uma trajetória de políticas, orientações e medidas levadas a cabo por diferentes governos.

Percebe-se pois que seja muito tentador o impulso de apropriação destes resultados por parte da direita derrotada nas últimas eleições. O ex-ministro da educação, Nuno Crato, não perdeu tempo a reivindicar os louros para si, apontando a introdução de «novas metas curriculares» e de «exames finais» no 4º e 6º ano como contributos relevantes da sua governação. E Passos Coelho decidiu reforçar a ideia, aconselhando o atual ministro da educação, Tiago Brandão Rodrigues, a refletir sobre os resultados «muitíssimo bons» e pedindo-lhe que «repense algumas das decisões que já tomou».

O problema é que há um problema: os alunos portugueses que integraram a amostra do PISA, ao frequentarem em 2014/15 entre o 7º e o 11º ano de escolaridade, não poderiam ter «beneficiado» dos «exames finais» do 4º e 6º ano nem das «novas metas curriculares» de Nuno Crato. De facto, o exame do 4º ano foi introduzido em 2012/13 (quando os alunos, na melhor das hipóteses, frequentaram este ano de escolaridade em 2007/08) e o exame do 6º ano foi introduzido em 2011/12 (quando os alunos abrangidos pela amostra, na melhor das hipóteses, frequentaram o 6º ano em 2009/10). Ou seja, os «muitíssimo bons» resultados do PISA podem refletir muita coisa, mas seguramente não refletem - nem poderiam refletir - o impacto pretensamente positivo dos exames precoces instituídos pelo anterior Governo.


Algo semelhante ocorre com as «novas metas curriculares». De acordo com a calendarização estabelecida no Despacho n.º 15971/2012, é apenas em 2013/14 e 2014/15 que entram em vigor as metas curriculares do ensino básico, prevendo-se que as do secundário fossem implementadas nos anos letivos de 2015/16 a 2017/18. Ou seja, o impacto desta medida nos «muitíssimo bons» resultados do PISA 2015 é, na melhor das hipóteses, francamente residual (não só pelo facto de esse efeito, pretensamente positivo, ser necessariamente tardio, mas também por implicar apenas alunos do 3º ciclo do básico, que representam somente cerca de 30% da amostra).

Por isso, em vez de ceder à tentação de usurpar com alarvidade resultados que se devem a governos anteriores, seria preferível que Nuno Crato e o anterior Governo de direita se dedicassem, pelo menos, a três coisas: congratular-se com a melhoria, contínua e consistente, do desempenho do sistema educativo ao longo das últimas duas décadas; retratar-se das críticas infundadas e populistas ao «facilitismo» e à «década perdida» na educação, que proferiram insistentemente; reconhecer o mérito das políticas e o empenho quotidiano das escolas, professores e funcionários e dos alunos e suas famílias, nos resultados que Portugal foi sabendo, apesar de tudo, construir e alcançar.

59 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom

Este é daqueles posta que devia ser profusamente espalhado.

Por exemplo tb no Público que ontem destacava no seu jornal on line as bojardas de Passos sobre o assunto.
Durante um ror de tempo

Anónimo disse...

E a redução do nº de professores? E as escolas que fecharam (com os alunos a serem transportados)? E os mega-agrupamentos? E o aumento do nº de alunos por sala? E os cortes nos salários dos professores? E o aumento de horas de trabalho na FP? E a austeridade? ...
Afinal, o ataque generalizado à escola pública não teve impacto negativo nos resultados?!
Venha de lá outro post para clarificar.

Anónimo disse...

O desespero da direita que à falta de galões deita mãos aos galões alheios

Unknown disse...

Quem realizou estas provas? Como foram escolhidos?

Macs disse...

Eu não percebo nada do PISA, mas ao ler o que diz aqui neste post:
"os alunos portugueses que integraram a amostra do PISA, ao frequentarem em 2014/15 entre o 7º e o 11º ano".

Se isto é assim, então um aluno que está no 7º ano em 2014/15, fez o exame de 6º ano em 2013/14!!! Ou não??
E o mesmo se passa para os que estão no 8º terem feito em 2012/13, e os que estão no 9º terem feito em 2011/12...

Ou este post está mal escrito (má nota a Português) ou as contas estão mal feitas (má nota a Matemática). Ainda bem que o autor do post não estava no lote avaliado pelo PISA.

Anónimo disse...

Este post torna claro que não há uma ligação directa entre as melhorias nos rankings e as políticas de Crato, como a direita tenta capitalizar.
Mas também parece mostrar que afinal as políticas de Crato não destruíram a Escola Pública, como a esquerda andou a dizer.

Conclusão. Felizmente a Escola Pública (professores, funcionários, pais e alunos) está acima das politiquices de esquerda e de direita. Ou seja, afinal talvez o Ministério da Educação não seja necessário. Dêem autonomia (e meios) às escolas, e os professores, funcionários, pais e alunos tratam do assunto. Chega de burocratas. Chega de pedagogos. Chega de políticos.

Anónimo disse...

Uma pergunta para Nuno Teles.

Como é possível que os terríveis anos de neo-liberalismo, de austeridade e de destruição da Escola Pública não tenham tido um efeito negativo nestes resultados (partindo do pressuposto que não tiveram um efeito positivo)?

Nuno Serra disse...

Caro Macs, um aluno com 15 anos, que entrou para a escola em 2004/05 e que frequenta em 2014/15 o 7º ano (e presumivelmente o 6º ano em 2013/14), terá reprovado ao longo do seu percurso escolar entre quatro a cinco vezes, sendo por isso muito impróvavel que tenha contribuído positivamente para a melhoria das médias no PISA (e ajudado, nesse sentido, a fundamentar o impacto dos exames nos resultado obtidos). Ao que acresce o facto de os alunos com 15 anos a frequentar o 7º ano em 2015 terem um peso residual na amostra (2,7%).

Macs disse...

Caro Nuno, para sermos sérios então: os alunos que fizeram o exame PISA em Maio de 2015, no ano lectivo de 2014/2015, e tendo de ter 15 anos, estariam ou no 9º ano ou no 10º ano (imaginando que não reprovaram nenhum ano). Ou seja, cerca de metade (os do 9º ano) fez o exame de 6º ano em 2011/12.

Não estou aqui a defender o exame, ou que acho que o exame foi fundamental para alguma coisa... estou apenas a rebater o seu argumento principal do post, que não é verdade! Muito menos o diagrama que face à sua mancha "verde" da amostra PISA, não passa a verdade, essa mancha tem de se deslocar para trás na totalidade.

Aliás, olhando para o seu diagrama esta a assumir que aos 15 anos um aluno está a frequentar o 11º ano, o que quer dizer que com 17, estará já no 1º ano da faculdade (em Maio de 2017!!!). Se calhar qd entrou este ano em Setembro tinha ainda 16!

Anónimo disse...

texto mais tonto
basta a simples introdução de exames para os alunos se sentirem pressionados a estudar mais, mesmo não estando no ano em que os exames são introduzidos
mas o principal fator terá sido a diminuição do absurdo nº de disciplinas e o aumento da carga horaria em matematica e portugues

Anónimo disse...

Texto amis tonto porquê?
Porque alguém o diz?
Feito tonto?
Ou sendo tonto?

Como Crato?
Como Passos?
Mas esses não são tontos. São coisas bem piores.Como o quotidiano o tem demonstrado

Asam disse...

Crato apesar de alguns erros tomou muitas outras medidas e nada disso é aqui falado. Trata-se de um post enviesado.
Este governo a 3 devia tentar perceber o que funcionou, coisa que nao fez quando chegou ao poder e agora tem de estar a escrever este tipo de posts simplistas e enviesados.

Anónimo disse...

Sr Alberto Sampaio:

Antes de ir à vaca fria sou obrigado a corrigir o seu comentário simplista e enviesado.

Este governo não é a 3. É de um partido que negociou o apoio parlamentar com mais três outros partidos

Quando chegou aqui devia ter percebido como funcionava o governo deste país. Coisa que não fez. Simplesmente lamentável

Carlos Pereira disse...

Ainda bem que começa por dizer que não percebe nada do PISA. A ver se ajudo.
1.O estudo PISA não avalia conteúdos, nem conhecimentos. Avalia, sim, a literacia em Ciência, Matemática e Leitura.
2.O estudo PISA não avalia níveis de ensino. Avalia a literacia de alunos com 15 anos (em Portugal frequentam, normalmente,o 10ºano), independentemente do nível de ensino que frequentem.
Se houve alunos do 7º, 8º e mesmo do 9º ano que realizaram a prova, é porque eram alunos que tinham ficado retidos. Observando os resultados obtidos pelos alunos portugueses, verifica-se que são estes alunos (cerca de 50% dos alunos que realizaram a prova) que obtêm um resultado inferior, na maioria, à media da OCDE.
Resumindo, apesar de os alunos de 7º ano terem eventualmente realizado os exames de Matemática de 6º ano, não foi isso, concerteza, que contribuiu para os bons resultados dos alunos portugueses, pelo que se conclui que o autor deste post até fez bem as contas.

António Pedro Pereira disse...

Senhor Alberto Sampaio:
O senhor nunca me desilude, seja no Quarta República, onde tem lugar cativo na claque de apoio acrítico aos posteiros do PSD que fundaram e alimentam o dito.
Seja agora aqui, onde veio de livre vontade (ou foi mandado por alguém para inspeccionar o pensamento do Revilhalho).
Certamente que Nuno Crato tomou muitas medidas, mas os seus resultados não foram medidos pelo PISA.
Por mais que alguns comentadores se esforcem por incluir a martelo os exames do Crato nestes resultados, eles não cabem: a Matemática dos calendários não deixa (ou só muito marginalmente o fará, conforme mostrou o Nuno Serra.
A medida principal que o Crato queria tomar, e que anunciou na apresentação do Programa do Governo, foi a implosão do Ministério da Educação.
Deixou aquilo bastante escaqueirado, mas em boa hora partiu sem ter partido aquilo tudo.
Mas encheu os bolsos dos amigos do ensino privado (os do Grupo GPS, dos colégios das Caldas da Rainha: 101 milhões de euros com escolas públicas de boa qualidade - os rankings o disseram - na cidade a ficarem às moscas sem alunos, que eram desviados para as deste grupo privado (de cromos do PSD e alguns do PS).
O mesmo fez em Coimbra, deixando as escolas públicas cair de podres sem obras, mas financiando as privadas, redundantes, pois havia oferta pública.
Enquanto fazia isto, expulsava da escola os mais pobres, necessitados e com maiores dificuldades, os que precisavam de maior apoio, orientando-os, logo aos 12 anos, para cursos profissionais.
Esta foi a obra do Crato.
Raios o partam, safado.


Anónimo disse...

10 e 38:

Não. Os terriveis anos austeritarios que empobreceram Portugal e os trabalhadores não tiveram nenhum efeito positivo.
Só nas bolsas dos mais ricos, nos que ganharan dinheiro com o aumento da exploração, dos que, sendo boys, cumpriram o seu destino de boys - agora é na Misericórdia?- e os agiotas e usurários,muitos deles banqueiros e parceria.

Pelo que o seu comentário vai ao lado.

Tanto como não saber sequer quem é o seu interlocutor. Uma pena.

Anónimo disse...

Carlos Pereira:

Obrigado pelo seu contributo para a discussão em causa. Torna ainda mais claras as coisas. E a vacuidade argumentativa ( quantas vezes também desonesta) de Passos, Crato e dos seus "bons" rapazes

Jose disse...

O «impacto residual» da introdução de uma cultura de exigência é uma trave-mestra do materialismo esquerdalho.
Mas podem condescender em atribuir valia à felicidade, à criatividade e a outras imaterialidades desde que se reflitam em substanciosos impactos orçamentais no mínimo traduzidos em custos com professores.
Nada de novo!

Jose disse...

A eminência parda (e não só), desse 'saber' esquerdalho, está bem representada pelo PM Costa, perito em ardis e gerimgonças.

Anónimo disse...

A haver estas melhorias todas (a gente sabe lá como estas estatísticas são feitas), foam APESAR de Mª Lurdes Rodrigues ou de Nuno Crato.

A haver estas melhorias, elas devem-se ao brio profissional de professores, alunos e escola, em geral.


Anónimo disse...

Principalmente a maior contribuição de Nuno Crato para estes resultados nem sequer surge aqui mencionada. Todos aqueles alunos que iniciaram o seu percurso escolar em 2004/2005 que nem sequer realizaram exames PISA pois se encontravam a frequentar cursos vocacionais, ou seja, todos aqueles que possuem mais dificuldades, com retenções, que foram empurrados para cursos sem nexo e que deixaram de pertencer a estatísticas, quer do PISA quer das médias de exames.

Miguel Cardoso disse...

De 2000 para 2012 demos um enorme trambolhão no ranking e que faz cair por terra esta teoria. Desde 2000 que melhoramos de facto os nossos resultados, como todos os países, mas desde 2000 que outros melhoraram sempre mais do que nós, daí termos caído sistematicamente no ranking, apesar de terem entrado novos países. Em 2003 estávamos em 24º, em 2009 em 29º, em 2012 em 31º, como é que explicas o sucesso dos governos anteriores? No TIMMS, que avalia os resultados a dos alunos do 4º ano a matemática e ciências e onde tivemos também uma enorme subida a matemática, embora piorando um pouco a ciências, será que também é mérito dos governos anteriores? Talvez o resultado das ciências seja culpa do governo anterior e da matemática seja mérito socialista?

Anónimo disse...

É bom saber que temos alunos no 11º ano com 15 anos.

Anónimo disse...

"A haver estas melhorias, elas devem-se ao brio profissional de professores, alunos e escola, em geral".

Na mouche

Anónimo disse...

Nada de novo.

A Kultura de exigência de Passos/Crato passava fundamentalmente pelo fim da escola pública. Pelo apoio a coisas como o cheque ensino, engordando os interesses privados.Secundariamente pelas rendas a colégios privados pagos pelo erário público.

Curiosamente tudo coisas defendidas até à histeria pelo mesmo tipo que fala em " da cultura e de exigência ,trave-mestra do materialismo. E mais, no condescender valia a felicidade, a criatividade e a outras imaterialidades, reflectidas em substanciosos impactos orçamentais no mínimo traduzidos".

Imbecilidades da treta.

O ódio a quem ensina vai de par com o ódio ao conhecimento. A koltura vai de par com o fundamentalismo duma pseudo-elite fanada a reivindicar ares de nobreza serôdia e impotente.

Mas sempre perversa

Miguel Madeira disse...

"É bom saber que temos alunos no 11º ano com 15 anos. "

Quando eu andava no primeiro ano a universidade (1991/1992) tinha uma colega (o que deveria significar para aí 4% da turma, já que deveriamos ser uns 25) que fez 18 anos em junho de 1992 - assim, imagino que ela tivesse 15 anos no 11º ano

Jose disse...

O brio!

Ora definam esse milagroso condimento e descrevam as políticas de esquerda que o promovem.
Na falta de políticas, já me satisfaria conhecer uma qualquer citação de um apelo ao brio por um qualquer esquerdalho tido por notável.

Macs disse...

Caro Carlos,

Diz que 50% dos alunos eram do 7º, 8º e 9º. Estes 3 anos fizeram exame de 6º ano em 13/14, 12/13 e 11/12 respectivamente.

O autor do post tenta provar que ninguém fez exames, e ainda diz que as contas estão bem feitas??

Realmente não há pachorra para argumentar com quem tem lata para fazer afirmações tão erradas e com tanto descaramento! É mesmo para captar a atenção de quem lê na diagonal!

Monteiro disse...

Alunos com 15 anos em 2015 terão entrado no 1º ano em 2006, logo será todo o percurso escolar desde 2006 a 2015 que terá contribuído para os bons resultados alcançados. Ligar a introdução dos exames, aos 4º e 6º anos, a estes resultados é mais uma descarada mentira dos responsáveis pelas politicas que conduziram ao empobrecimento do país.

Anónimo disse...

Herr Jose

As suas satisfações pessoais é um seu assunto pessoal incontornável.

Tal como o seu serviço cívico que lhe dá o gozo de que anda tao necessitadinho

Mas como compreende o debate não se processa a esses níveis um pouco boçais.

E conferir- lhe a si qualquer satisfação está completamente fora de questão.
A serpente que nasce do ovo tem por vezes esses requebros lânguidos suspeitos. Mas mal nos distraímos costuma oferecer a força bruta. Ou chamar a pide para os trabalhos necessários.

Lembra-se herr José?

Jose disse...

«E conferir- lhe a si qualquer satisfação está completamente fora de questão.»

Que falta de brio!!!!
Nem parece vindo de um brioso esquerdalho!

Carlos Rodrigues disse...

Este link tem a fonte original da OCDE: https://www.oecd.org/pisa/pisa-2015-results-in-focus.pdf. Poderá comprovar que a amostra é representativa de alunos de 15 anos, os mesmos alunos que fizeram o exame do 6º ano quando estes foram introduzidos. A associação entre estudar, fazer exames e bons resultados nos testes é verosímil, não apenas no bom senso, mas também, provavelmente, com estes dados, na correlação estatística.

Anónimo disse...

Herr jose falará concretamente de quê?

Antes exigia brio naquele jeito de. Agora fala já em brioso esquerdalho confessando impotente que essa história da coerência está de todo ausente.

E que vive deste gozo nescio já que anda tao necessitadozinho coitado.

Anónimo disse...

alunos com 15 anos no 11º ano? No 7º e 8º muitos...é o que dá opinarem nos gabinetes sem conhecerem a realidade...17, 18 e 19 anos no 11º ano, isso sim...muitos

Anónimo disse...

Os resultados do PISA 2015 revelaram progressos assinaláveis na literacia em Portugal nos últimos 15 anos. Tanto bastou para que Passos Coelho reagisse com a ignorância habitual:
"A únia coisa que me preocupa é que uma parte das políticas que permitiram estes resultados estejam a ser desfeitas ou revertidas".
Que o egocentrismo de Passos Coelho não lhe permite ver o país para além do período em que foi pm, já todos sabemos. Que não sabe interpretar estudos já desconfiávamos e o PISA apenas confirma.
Eu diria que, apesar da política desastrosa de Nuno Crato, foi possível melhorar os resultados. Que apesar de ter acabado com programas como o "Novas Oportunidades", o nível de literacia continuou a melhorar durante o seu governo, na senda do que acontece desde 2000. E, para não me alongar mais, diria ainda que apesar de ter tentado destruir o ensino público, o PISA conclui que Portugal é dos países onde mais alunos pobres conseguem bons resultados.
Passos Coelho e os trambolhos seus seguidores não perceberam que isso só foi possível, graças à dedicação de muitos professores que trabalham na escola pública que ele quis destruir, encerrando escolas e despedindo ou "convidando" os professores a emigrar.
Como é próprio dos ignorantes e dos egocêntricos, Pedro Passos Coelho está genuinamente convencido de que os méritos da melhoria da literacia nos últimos 15 anos se deve ao seu governo e à aposta no ensino privado, em detrimento da escola pública. Mas se ontinua a acreditar nisso, depois de ler os resultados do PISA, então é porque é mesmo burro. Ora, quanto a isso, não há nada a fazer. A não ser, talvez, oferecer-lhe umas orelhas apropriadas e lembrar que já tínhamos um príncipe com orelhas de burro pelo que, em nome da igualdade, já era altura de termos um plebeu com igual distinção.
(Carlos Barbosa de Oliveira)

Anónimo disse...

"O mencionado programa não mede, nem seria de esperar que medisse, todas as aprendizagens escolares. Mede algumas aprendizagens que se se determina que os alunos adquiram em algumas áreas disciplinares (Matemática, Ciências e Língua materna)
Porém, devemos perguntar: está o nosso sistema educativo, à semelhança de muitos outros, a investir, de modo similar, noutras aprendizagens que são igualmente da sua responsabilidade?

De modo mais explícito: está a dar a mesma atenção (legislativa, curricular e de ensino) a aprendizagens que têm "valor em si" mas nas quais não se vislumbra valor instrumental?

Não me parece. As artes e as humanidades, os domínios clássicos, muito conotados com esse valor, mas que não se reduzem a ele, têm sido afastados, secundarizados, o mesmo acontecendo a dimensões do trio matemática-ciências-línguas às quais não se atribui utilidade imediata.

(Helena Damião)

Anónimo disse...

Os defensores de Nuno Crato, e o próprio, vieram tentar apropriar-se destes resultados. Ora, essa apropriação é abusiva. Quando o PSD vem, pela voz de alguns dos seus principais responsáveis, tentar passar a ideia de que estes resultados se devem ao governo anterior, estão a tentar uma desavergonhada mistificação.

Em primeiro lugar, estes resultados mostram que a demagogia que acusa o sistema português de facilitismo é apenas isso: demagogia.
O sistema educativo que Crato, Passos e Marco António chamam facilitista é o sistema que conseguiu, em competências de leitura, trazer Portugal, de 470 pontos no ano de 2000 para 498 pontos em 2015. É o sistema que conseguiu, em literacia científica, trazer Portugal, de 459 pontos no ano de 2000, para 501 pontos em 2015. E que, no mesmo período, conseguiu que os alunos portugueses, a Matemática, progredissem de 454 pontos no ano 2000 para 492 em 2015. Em literacia científica e matemática acima da média da OCDE.
O progresso contínuo dos alunos portugueses, ao longo de tantos anos, desmente a tese do facilitismo, uma tese ideológica montada por Nuno Crato para justificar as ruturas que operou em relação ao relativo consenso anterior em matéria educativa em Portugal.

Mas, há que dizê-lo claramente, os que pretendem apropriar-se destes resultados a crédito do governo de Passos e Crato, têm, esses sim, um problema de iliteracia – não são capazes de ler os relatórios à luz da verdadeira história do que andaram a fazer.
Crato pretende que foram os exames nacionais de 4º e 6º anos, e as novas metas curriculares, que alavancaram estes resultados. Mas, se virmos quem são os alunos portugueses abrangidos pelo PISA 2015, percebemos imediatamente que aquelas pérolas da governação de Crato não têm nada a ver com estes resultados. Os alunos abrangidos por estes testes não foram atingidos por aquelas medidas de Crato. Veremos nos próximos anos se as medidas de Crato não tiveram mesmo o efeito contrário, atrasando o progresso que o país estava a trilhar. (Cf. As tentações de Crato e da direita perante os resultados do PISA.)
De qualquer modo, é sempre o trabalho concreto nas escolas, o esforço de professores e alunos, que permite avançar. As políticas públicas podem ajudar ou desajudar. Em duas décadas, os alunos portugueses têm progredido continuamente, melhorando os resultados nos testes internacionais. Nuno Crato, Passos Coelho e Marco António Costa não progrediram o suficiente para compreender quão desajeitada é a sua tentativa de apropriação de uma obra que nada se deve às entorses educativas que, por motivos ideológicos, tentaram introduzir na educação em Portugal.
(Porfirio Silva )

Anónimo disse...

Política , política..... só se fala em política. O ensino é só política ?Alguém que nunca deu uma aula, ou esteve numa escola modifica umas coisas e torna-se um "Deus" do ensino. E o trabalho dos alunos? E o trabalho dos professores ? E o trabalho dos auxiliares de educação ? E? E?
Porém, hoje tudo se resume a direita e esquerda.....

Anónimo disse...

O principal contributo ou influência, para melhor ou pior, nos alunos do quarto ano são aferidos pelo TIMMS, não pelo PISA. Este pode ser creditado a uma política continuada transversal a vários governos ao longo do tempo. Já o TIMMS tem de se encarado como resultado de medidas tomadas nos anos anteriores à avaliação. Se formos intelectualmente honestos. Outro dado que não é focado neste texto, tal como o TIMMS, é o da diminuição dos alunos que não completam ou são retidos em 2015. O que parece contrariar a ideia de retrocesso da escola durante esses anos. O texto também é omisso neste indicador. Não inocentemente. Pena que assim seja. O ensino não devia ser palco de lutas e manobras partidárias.

Carlos Pereira disse...

Caro MACS

Não ponho em causa que terão feito o exame. O que referi foi que estes alunos que terão feito o exame e supostamente beneficiado da aplicação dessa prova (como se, por fazer um exame isso fosse logo à partida uma evidência da melhoria das competências), são precisamente os alunos de 15 anos que, no PISA têm, genericamente, o pior desempennho. É só consultar o relatório elaborado pelo IAVE.

Asam disse...

Resumindo, fui amplamente criticado, mas nao houve qualquer argumento que refutasse o que disse. E o que eu disse foi que o artigo era simplista e enviesado. Já agora, ainda bem que fui acusado de muita coisa, pois isso tambem serve para mostrar a falta de argumentos.

Asam disse...

Sr Manuel Silva,
estranho que Crato tenha (quase) implodido o ministério e os alunos tenham realizado os exames. Se a sua casa implodisse seria muito difícil dormir sequer nela.
Uma nota, o que afirma sobre mim é falso! O que o incomoda é eu ser independente.

Anónimo disse...

Sr alberto Sampaio
O senhor não sabe o que escreveu ou simplesmente mente?
O que escreveu não foi somente que o "artigo era simplsta e enviesado"

O que escreveu: "Crato apesar de alguns erros tomou muitas outras medidas e nada disso é aqui falado".
Leia lá agora o que foi escrito sobre a política de Crato.

O que escreveu.: "Este governo a 3"
O governo não é a três. Quer persistir no erro ou quer comentar algo sobre esta aldrabice?

O que escreveu: "devia tentar perceber o que funcionou"
O que funcionou foi a defesa dos interesses privados. As rendas para meia dúzia de patrões privados é a prova. A mudança na época da legislação permitindo não respeitar a oferta pública é a contra-prova.

O que escreveu: "estranho que Crato tenha (quase) implodido o ministério e os alunos tenham realizado os exames
O que disse Manuel Silva : "A medida principal que o Crato queria tomar, e que anunciou na apresentação do Programa do Governo, foi a implosão do Ministério da Educação".

O senhor percebe as diferenças entre o que disse no início , o que disseram os outros e o que disse mais tarde?

Isto é o quê? Enviesamento ou mesmo o quê?

Quanto ao amplamente criticado...francamente sr Sampaio

Anónimo disse...

O que este texto contraria é a ideia de retrocesso da escola e a demagogia da dupla Crato/Passos que acusavam o sistema português de facilitismo para fazerem avançar a sua política a favor dos interesses privados

Isto está claro e aqui pode-se citar o PISA

Anónimo disse...

Quanto ao comentário de MACS...pelo vistos é preciso um esclarecimento adicional de Carlos Pereira.

Obrigado a este último. Colocar os pontos nos is é sempre necessário

Asam disse...

sr. anónimo das 13:40, o sr. é o mentiroso moderno, que distorce o que os outros escrevem. Leia outra vez o que eu escrevi. Mas para que nao restem duvidas substituo o "(quase) implodiu" por "escaqueirado" e veja se depois de escaqueirado os alunos conseguem realizar os exames.

Quanto ao governo ser a 3 mantenho o que disse. Nao é obviamente formalmente a 3, mas as medidas têm a responsabilidade dos 3.

Asam disse...

sr. anónimo das 13:40 quanto ao amplamente criticado acabou de me dar razao.

Asam disse...

Caro anónimo das 13:40
para terminar, se o sr. nao se tivesse sentido tao ofendido teria percebido que eu nao defendi o ministro anterior. Portanto a sua acusaçao é falsa. E o sr. Manuel Silva também deveria ter percebido isso.

Anónimo disse...

Mais uma vez sr Alberto Sampaio:

O que se há-de dizer para (até) o senhor perceber?

Vejamos. Comecemos pelo fim.
O que Manuel Silva disse foi o que Crato disse. Em 2010, quando ainda não era ministro da educação, Nuno Crato afirmava, numa entrevista à Ecclesia: “O Ministério da Educação deveria quase que ser implodido, devia desaparecer, devia-se criar uma coisa muito mais simples,..." etc. e tal

No dia 1 de Julho de 2011, nas páginas do PÚBLICO, noticiava-se que o ministro Nuno Crato mantinha a sua declaração feita no ano anterior. Lembra-se que o governo tomou posse a 21 de Junho de 2011

As decarações de Crato são da responsabilidade deste. Se o Sr não sabe o que este disse, se não consegue perceber o comentário de denúncia às asneiras dum ministro neoliberal, se não consegue perceber que uma coisa são as fanfarronadas de Crato e a sua arrogância, outra são os factos...tanto pior para si.

Vá-se queixar ao ministro de não ter cumprido a sua promessa. E lastime-se a ele pelo facto da não implosão ter continuado a permitir a realização dos exames pela qual tanto se queixa

Anónimo disse...

Quanto ao governo a 3.

Lastimo informá-lo mas pode manter a opinião que quiser. O que imteressa mesmo ( e que até, veja bem, um tal Alberto Sampaio não deixa de reconhecer) é que este não é mesmo um governo a três.

Percebeu? O senhor pode dizer que o céu é verde. Mas o que quer? Nem formalmente nem objectivamente o céu é verde.

Quanto às medidas serem da respsonsabilidade dos três...aí a ignorância pode ir de par com a manipulação. As medidas são tomadas caso a caso pelo governo. Por acaso ( ou não ) do PS. As leis são aprovadas nos locais competentes. Umas têm o apoio dos vários partidos, outras não. Por exemplo na questão da renegociação da dívida foi o que se viu

Esta forma de discutir ignorando os factos e fazendo-se de tonto é própria de gente menos rigorosa. Também menos honesta é certo. Escolha a opção

Anónimo disse...

Finalmente Sr Sampaio.

Não tome a nuvem por Juno. O "amplamente criticado" reside mesmo só na sua cabeça. Colocaram-se alguns pontos nos is. E a esmagadora maioria dos comentário ignoraram o que disse. E provavelmente ainda bem.

Crato foi mesmo tão mau, que a sua acusação de "comentário enviesado" e a sua pardacenta afirmação que este "tomou muitas outras medidas e nada disso é aqui falado" não pode passar.

Para deixar claro que não há mesmo defesa possível da política de Crato. Directa ou repticiamente, como se a coragem fosse faltando para declarações frontais.

Asam disse...

Caro anónimo,
realmente, é extraordinário como ainda não parou de distorcer o que eu escrevi e de andar às voltas sem conseguir rebater o que quer que fosse. Pára de falar no governo anterior como se eu o tivesse defendido. O meu comentário não foi sobre isso. Sobre o que eu disse não tem argumentos.
Quanto à medidas da governação serem da responsabilidade dos 3 partidos obviamente que o mantenho. E mais uma vez não tem argumentos. Se os partidos fossem coerentes com o que sempre defenderam o governo não se mantinha. Sabe, possivelmente melhor do que eu, como tudo se processa.
Pode dizer o que quiser que não retiro uma palavra.

Anónimo disse...

Olhe que sim, olhe que sim sr Alberto Sampaio.

Mas não se amofine nem entre em carpidos inúteis a bater com a mão no peito como uma criança a fazer birra. "Pode dizer o que quiser que não retiro uma palavra" é algo que se pode escutar nos miúdos birrentos ou nos adultos que. As palavras são suas e apenas o responsabilizam a si. Pelo que pode e deve ficar com elas já que ninguém as quer roubar

Quem julga ou não os argumentos não são os que os esgrimem como o faz quem o faz em público. Consegue perceber isso?

Podemos agora avançar?

Anónimo disse...

O seu comentário foi ideologicament enviesado, lastimando-se que não se tenha falado em tudo o que o Crato fez. Foi, quer queira quer não, um comentário sobre a governação anterior.

Mas para quem tenha dúvidas sobre o caso é o próprio Sampaio que se apressa a confirmar tal, repetindo o estribilho da direita neoliberal, segundo o qual se devi ter tentado "perceber o que funcionou"

Que funcionou aonde?

No governo anterior.

Ora alguém que ache que "funcionou" algo no governo anterior que justifiquem comentários pretensamente elogiosos sobre o tema, é alguém que objectivamente defende tal governo. Ou pelo menos que lhe confere qualquer espaço de acção proveitosa.

Aqui também está confirmado de que tudo o que dizemos está atravessado pelas nossas concepções ideológicas. Isto é dito de caras e de frente por quem escreve estas linhas. Sem enviesamentos cobardes. E que afirma sem pruridos que a posição de Sampaio é ao lado da governança neoliberal de tao má memória. Sampaio que insiste na sua "teimosia" sobre a governação a três.

Começa logo por aldrabar, porque aquando da viabilizaçao do governo do PS estiveram presentes quatro partidos. Repete mais uma vez a cartilha dos desgraçados do Passos e do Crato.
Mas adiante. Aduzir como argumento que os partidos que nem sequer estão coligados no governo são responsaveis pelas medidas de governação é confundir a estrada da Beira com a beira da estrada. Os acordos foram feitos e estão escritos. A sua autonomia mantém-se respeitando o que está acordado.Se o Sampaio quer mostrar a sua ignorância em assuntos constitucionais,ou o seu desconhecimento do que é isso de acordos ou, pior ainda, as suas dificuldades na interpretação da língua portuquesa ele que esteja à vontade porque isso é um problema só dele.E a este nível, os seus problemas devem ficar mesmo só com ele

E mais uma vez Sampaio é o primeiro a confessar ao que anda e por que o anda, apresentando aqui o "rabo de fora": "Se os partidos fossem coerentes com o que sempre defenderam o governo não se mantinha".
O que é que isto confirma a sua afirmação que as medidas da governação são da responsabilidade dos 3 partidos?

Cosegue perceber que é o próprio Sampaio que vai ajudando a desmentir o próprio Sampaio?

(Já agora...."o governo não se mantinha"...Isso queria o sujeito. Que os acordos não se cumprissem e que o governo caísse para se retomarem os crimes "que funcionaram")

Anónimo disse...

Mas há apesar de tudo algo visível, algo de proveitoso, algo de util nesta conversa toda.

Apesar da fanfarronada oca do "não retiro uma palavra" Sampaio calou-se com a patetice da "implosão do ministério" e as suas variações ainda mais patetas sobre o tema.

Pelo menos ficou a saber mais sobre o tema, o que é sempre bom porque assim evita figuras tristes, no futuro, correlacionadas com o tema

Asam disse...

caro anónimo,
continua na sua pescadinha de rabo na boca. Distorce continuadamente e nada. Escusa de ficar aborrecido por nao ter argumentos. Mas numa coisa tem razao, aprendi, ou melhor confirmei, om o seu exemplo que há pessoas que se sao dao mal com opinioes diferentes da sua.

E não me desmenti, apesar da sua tentativa de distorcer.

Anónimo disse...

Ahahah
Olhe que sim. Alberto. Olhe que sim .

Tanto que implodiu. Não o sujeito Alberto, coitado.

Mas o governo a três. E a patetice da implosão do ministério

Asam disse...

Caro anónimo, ainda bem que conseguiu encontrar alguma graça no que eu nao escrevi. Nao levo a mal: Ahahah
Pelo que vejo também nao tem nada para fazer.

Anónimo disse...

Pois é Sr Alberto.

Mais uma vez os pontos nos is, que me obrigam a corrigi-lo.

Parece que o senhor não tem nada para fazer. Mas por favor não generalize com esse seu "também". Uma coisa é vossemecê, outra os demais.

Conseguiu perceber?

Quanto à gargalhada, desculpe mas não foi por achar graça ao que escreveu. Foi pelo pacote todo. Incluindo o birrrento e tão deliciosamente revelador" não me desmenti"

E não tenha medo homem. Ninguém quer que mude de camisa ou de opiniões. O que não pode é querer fazer estas cenas de opereta e não se sujeitar ao contraditório. Por isso não amue please